Empresários e o setor financeiro estão preocupados com os efeitos que um rombo maior nas contas públicas vão ter na economia. O governo federal está com dificuldades para cumprir sua meta orçamentária porque as despesas sobem como sempre e as receitas foram menores do que o esperado. Por isso está difícil fechar as contas.
O problema começou depois de 2013, último ano em que o resultado das contas do governo ficou no azul. Em 2014, ano eleitoral, entramos no vermelho e o déficit foi crescendo. Em 2016, o estouro foi de R$ 160 bilhões. Em 2017, o compromisso é não ultrapassar R$ 139 bilhões, sem contar os gastos com pagamentos de juros.
Mas é possível que o governo ultrapasse esse teto. O rombo no primeiro semestre, que já chegou a R$ 56 bilhões, é bem maior do que o do mesmo período de 2016. Para não descumprir a lei orçamentária, o governo teria de pedir ao Congresso um aumento do teto.
“Isso cria um desafio para a equipe e é importante que, neste momento, ela mostre a rota de saída. Ou seja, o que ainda poderá ser feito em 2017 e em 2018 para reduzir as incertezas em relação ao futuro”, disse José Augusto Fernandes, diretor de Política Estratégia da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Elevar o teto seria reconhecer de que as expectativas se frustraram.
“Essa frustração está concentrada em duas grandes causas: em primeiro lugar, a rigidez cada vez mais forte das despesas do governo, mais de 90% delas sendo obrigatórias; do outro lado, o dinamismo muito fraco das receitas em função da atividade econômica e da crescente dependência que o governo tem de receitas extraordinárias que, às vezes, acabam frustrando as previsões, ou, às vezes, acabam atrasando ao longo do tempo”, explicou o economista Carlos Kawall, do Banco Safra.
Mas será que no lugar de se render aos fatos, o governo não poderia enfrentar o problema de maneira diferente? O que pode ser feito, por exemplo, na coluna das despesas. Cortar despesas pode parecer difícil no curto prazo, mas a médio e longo prazo é perfeitamente possível. Quando a gente vê o quadro geral das despesas do governo, dá para saber exatamente quais são os grandes gastos.
A Previdência consome 56,8% dos recursos. Salários de funcionários públicos, 12,5%. Só depois vêm os gastos com saúde, seguro-desemprego, educação, assistência social e outros.
Para o economista Simão Silber, é preciso enfrentar as aposentadorias elevadas do setor público.
“Esse é um grande desafio. Esta é uma sociedade muito desigual e, historicamente, a gente vê que quem se aboletou no setor público arrumou um privilégio e o resto da sociedade está pagando a conta”, afirmou Silber, economista da USP e professor da Fundação Instituto de Administração.
fonte: http://g1.globo.com
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