Começo hoje minha crônica com duas pequenas estórias. Cidadão socialmente bem posicionado, morador no Morumbi, bairro de moradores da classe alta em São Paulo, cunhado do governador daquele estado, praticamente vizinho do palácio do governo, teve a casa assaltada, e isto apesar da residência possuir um forte e dispendioso aparato de segurança. Os assaltantes, eram seis, pouco ligaram para todos esses detalhes. Imobilizaram os guardas e empregados da residência. Agrediram violentamente a vítima e fugiram levando tudo que podiam, joias, relógios e dinheiro. Mudo o palco e os acontecimentos. Em Belo Horizonte, praticamente no mesmo dia, em horário diferente, uma jovem é também assaltada, junto com seu namorado, por dois bandidos que lhes roubam os tênis. Não satisfeito um dos meliantes atira, covardemente, contra a vítima indefesa por mera maldade. Ainda que socorrida, a pobre jovem não resistiu aos ferimentos. Outro furto, desta feita com uma morte. Um latrocínio portanto.
Se abrirmos quaisquer outros jornais de todo o país, tomaremos conhecimento de ocorrências como essas de norte ao sul do Brasil. É um número de mortes violentas superior ao que ocorre na guerra da Síria. Voltemos aos dias de hoje. Sei bem das limitações deste cronista, ainda que dispondo de um espaço privilegiado na revista Viver. Por isso, gostaria muito que essas preocupações pudessem repercutir entre meus leitores, cujos respectivos prestígios, sei bem, atingem os níveis mais elevados junto a nossos governos, estadual e federal. Nosso Brasil está correndo sério risco. Não podemos mais aceitar passivamente tamanho descontrole da criminalidade. Não se trata de vergonha, é receio mesmo. Mata-se hoje, em nosso país, por dez tostões. Morrem homens e mulheres. Morrem crianças. Morrem policiais. Ultrapassamos todos os limites suportáveis.
Nenhum brasileiro, hoje, sai às ruas de sua cidade com a tranquilidade que o fazia no passado. Não importa se capital ou interior. E não estou falando de um tempo tão longínquo. Dez anos apenas. Nunca as casas em que moramos foram tão protegidas contra assaltos. Cercas elétricas, dispositivos de alarme. Segurança eletrônica. Portas de aço. Guarda armada. E um medo permanente. Não vemos policiais nas ruas e nos sentimos rigorosamente desamparados. Os crimes de estupro seguem crescentes a cada ano. São mulheres ainda jovens que carregarão o impacto dessa violência para o resto de suas vidas. Ou mulheres maduras que sofrem da mesma forma. O perigo ronda nossas escolas e igualmente os campus de nossas universidades. As saídas dos estudantes de quaisquer delas são precedidas de todo o cuidado e recomendações. E apesar de tantas preocupações os assaltos e mortes continuam a acontecer.
A segurança vai ganhando prioridade entre os brasileiros. Mais que a saúde, que é outro caos. A imprensa nacional, e estou falando dos principais jornais, é um retrato diário da criminalidade que a todos atinge. Editoriais os mais diversos e contudentes clamam por providências. E nada acontece. Temos de nos movimentar junto a todas as autoridades que nossas relações o permitirem, para fazer repercutir nossas preocupações a respeito. Mais que isso. Alertar, com veemência, para a gravidade da situação e lembrar aos políticos que as eleições de 2018 estão próximas. Os eleitores, estou certo, não perdoarão o desinteresse de seus representantes em Brasília ou no Estado. O Brasil lidera hoje o ranking mundial de homicídios. Somente esta indesejável liderança já seria suficiente, entendo eu, para que nossos governantes adotassem medidas bem planejadas, mais objetivas e eficazes para reduzir a criminalidade. Entretanto nada acontece. Precisamos de ações muito urgentes.
O Brasil pede e merece socorro.
Hermógenes Ladeira, empresário
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