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TRAGÉDIA: CEM ANOS DO TITANIC


No momento em que o Titanic terminou de naufragar, às 2h20 do dia 15 de abril de 1912, teve início uma onda de fascínio que se espalharia pelo mundo e continuaria com impressionante força mesmo cem anos após a colisão com o iceberg. Houve desastres marítimos maiores, mais mortais, mais antigos e mais recentes, mas nenhum ocupou o mesmo lugar no imaginário popular como símbolo da incapacidade humana de controlar o universo, ainda que em posse da mais avançada tecnologia.
Livros, filmes, peças e exposições ajudaram a manter o público interessado pela tragédia, uma história real que parece ficção. Quando partiu em sua viagem inaugural – de Southampton, na Inglaterra, em direção a Nova York, nos Estados Unidos -, o Titanic era o maior navio do mundo e considerado “praticamente inafundável”. A bordo viajavam os donos de algumas das maiores fortunas da época, que ao lado de centenas de imigrantes pobres seriam personagens de um naufrágio em tempo de paz que deixou mais de 1,5 mil mortos e apenas 705 sobreviventes.
“É a maior história que nunca foi escrita: ninguém poderia inventar uma narrativa capaz de envolver tantas facetas da natureza humana”, definiu, ao iG, Una Reilly, presidente e cofundadora da Belfast Titanic Society, uma organização com sede na cidade irlandesa na qual o navio foi construído. “Mesmo cem anos depois do naufrágio, ainda estamos descobrindo novas informações e novos ângulos que interessam pessoas de todas as idades.”
Antes de 1912, outras tragédias tinham provocado comoção - como o incêndio que destruiu a cidade americana de Chicago, em 1871, ou o grandeterremoto de 1906 em São Francisco -, mas nenhuma se tornou e se manteve uma obsessão mundial como aconteceu com o Titanic.
Tragédias marítimas mais graves que vieram depois caíram no esquecimento. Poucos conhecem o petroleiro Vector, que em dezembro de 1987 colidiu com uma balsa nas Filipinas, deixando mais de 4,3 mil mortos – o maior desastre marítimo da história em tempos de paz. Ainda menos conhecida é a tragédia com o barco superlotado Neptune, que afundou em fevereiro de 1993 no Haiti, causando cerca de 1,7 mil mortes.
Por que, então, não esquecemos o Titanic? Para o pesquisador inglês Tim Maltin, que integra a equipe da National Geographic, o acidente de 1912 foi marcante principalmente porque lembrou o homem sobre seu lugar no mundo. “O Titanic é a perfeita tragédia: o homem tentou controlar o universo, mas viu que sua grandeza não é total”, afirmou. “Até a mais avançada tecnologia pode ser dobrada por um vasto universo que nunca entenderemos completamente.”
Ao longo dos anos, e especialmente no último século, o público se tornou cada vez mais fascinado por desastres, especialmente os que envolveram uma tecnologia considerada avançada demais para falhar. De tempos em tempos, um acidente põe em dúvida as medidas de segurança de uma atividade antes tidas como segura - e os exemplos vão desde a explosão do ônibus espacial Challenger, da Nasa, em 1986, ao vazamento de óleo no Golfo do México em 2010.
Foto: AP
Titanic deixa Southampton, na Inglaterra, dando início à viagem inaugural que seria a única do navio (10/04/1912)
Pelo menos cinco inquéritos foram abertos para averiguar as causas do acidente do Titanic, provocado pela entrada de água através de rupturas no casco formadas durante a colisão com o iceberg. Mas nenhuma investigação apontou culpados e, cem anos depois do naufrágio, não há consenso sobre qual fator foi crucial.
Causas do acidente
Em geral, acredita-se que o acidente aconteceu em meio a uma série de circunstâncias que se combinaram de forma trágica. Há, por exemplo, detalhes previstos no projeto de construção do Titanic que se mostraram equivocados. É o caso das 15 anteparas à prova d’água que dividiam o casco em 16 compartimentos, mas não eram altas suficientes para impedir totalmente a passagem de água de um para o outro. Além disso, um sistema de rotação lento pode ter impedido que o navio desviasse do iceberg, avistado tardiamente em uma noite muito fria e sem lua.
O pesquisador Tim Maltin defende a teoria de que o principal “culpado” foi o tempo. Segundo ele, na noite do acidente ocorreu um fenômeno conhecido como "reflexo anormal", no qual o ar frio altera a trajetória da luz, causando uma miragem. Este fenômento fez com que a linha do horizonte parecesse estar acima do que realmente estava, e deu à tripulação do Titanic a falsa impressão de que era possível ver muito longe. “Vários fatores climáticos criaram uma situação de visibilidade impossível que dava a sensação de claridade total”, afirmou Maltin, autor de “A Very Deceiving Night” (“Uma Noite Muito Enganadora”, em tradução livre). “Se os tripulantes soubessem que estavam diante de uma miragem, teriam diminuído a velocidade do navio.”
Para o historiador marítimo John Maxtone-Graham, o principal culpado é o capitão Edward Smith, que não reduziu a velocidade diante das condições climáticas e dos vários avisos sobre icebergs enviados por outros navios durante todo o dia. “É muito perigoso navegar perto de um iceberg por causa da extensão do gelo abaixo da água”, explicou. “Não acho que a intenção do capitão Smith tenha sido quebrar um recorde de velocidade, mas era importante chegar a Nova York no tempo previsto, principalmente considerando que J. Bruce Ismay (presidente da White Star, empresa dona do Titanic) estava a bordo.”
Outro problema crucial foi a pouca quantidade de botes salva-vidas, suficientes para abrigar apenas metade dos passageiros e tripulantes a bordo do navio – um número que, apesar de pequeno, era superior ao exigido pela legislação da época. O desorganizado processo de retirada de passageiros também contribuiu para o alto número de vítimas: quase todos os botes foram lançados ao mar sem lotação máxima.
Há, ainda, quem atribua parte da culpa à tripulação de outro navio, o Californian, que teria estado a 30 km do Titanic no momento do naufrágio e não prestou socorro. Uma série de mistérios envolve a embarcação: não se sabe, por exemplo, se houve falha humana ou um problema no sistema de comunicação. Mas o inquérito britânico sobre o acidente afirmou que centenas de vidas teriam sido salvas se o Californian tivesse ajudado no resgate.
O naufrágio representou uma série de mudanças para a navegação. Depois do Titanic, foi determinado por lei que as embarcações devem ter botes salva-vidas capazes de abrigar todos os passageiros e tripulantes a bordo, bem como um sistema de rádio que funcione 24 horas (na época, os operadores de rádio trabalhavam 16 horas e não tinham substitutos). Além disso, foi criada a International Ice Patrol, uma organização que monitora a posição de icebergs para garantir a segurança das embarcações.
Apesar de todo o avanço, tragédias marítimas continuam acontecendo, seja por falhas tecnológicas ou humanas. As investigações iniciais sobre o acidente com o cruzeiro italiano Costa Concordia, que naufragou em janeiro deixando 32 mortos, apontam para comportamento inadequado do piloto. Semanas depois, um navio da mesma empresa ficou três dias à deriva no Oceano Índico por causa de um incêndio. “A grande lição do Titanic é que acidentes sempre vão acontecer, não importa o quão cuidadosos nós formos ou o quão rígidas forem as leis”, afirmou o pesquisador da National Geographic.

Legado cultural
Uma robusta e constante produção cultural sobre o naufrágio ajudou a contar as histórias do Titanic a diferentes gerações. De acordo com o historiador John Graham-Maxtone, três eventos foram fundamentais para alimentar o fascínio pelo naufrágio: o lançamento em 1955 do romance “A Night to Remember”, de Walter Lord, uma reconstrução da tragédia baseada em depoimentos de sobreviventes; a descoberta dos destroços do navio pelo oceanógrafo Robert Ballard, em 1985, tema de uma série de documentários; e o sucesso do filme "Titanic", de James Cameron, que bateu recordes de bilheteria em 1997 e é relançado nesta semana em versão 3D. “Cada um destes eventos provocou um novo pico de interesse pelo assunto”, explicou Maxtone-Graham, que no mês passado lançou o livro “Titanic Tragedy: A New Look at the Lost Liner” (“A Tragédia do Titanic: Um Novo Olhar sobre o Navio Perdido”, em tradução livre).
Além de ler livros e assistir a filmes e documentários, fãs do Titanic também podem visitar túmulos de vítimas em Nova York, exposições itinerantes que percorrem os Estados Unidos, museus recém-inaugurados em Belfast e Southampton, e até mergulhar para ver os destroços de perto, desde que estejam dispostos a pagar cerca de US$ 60 mil (mais de R$ 100 mil).
Em Branson, Missouri, e em Pigeon Forge, Tennessee, funcionam dois dos mais populares museus sobre o Titanic nos EUA, que receberam cerca de sete milhões de visitantes desde 2006 e exibem por volta de 400 artefatos do navio cada um. Os museus também mantêm extensa pesquisa sobre os passageiros e tripulantes, sendo possível descobrir, por exemplo, duas pessoas a bordo do transatlântico que tinham “ligação” com o Brasil.
Um deles era José de Brito, português que vivia em Londres e viajava na segunda classe do navio. Seu destino final era São Paulo, mas ele morreu no naufrágio, aos 32 anos. O outro era Anton Kink, austríaco que viajava na terceira classe com a mulher, a filha e dois irmãos em direção a Milwaukee, nos Estados Unidos. Ele pulou em um bote salva-vidas no último minuto e conseguiu sobreviver, migrando para o Brasil em 1924. Em 1939 se mudou para a Áustria, onde morreu em 8 de abril de 1959.
Obter informações sobre os personagens da tragédia é o principal interesse dos visitantes, de acordo com a criadora do museu, Mary Joslyn. “As pessoas conhecem um pouco sobre a história, principalmente porque assistiram ao filme de James Cameron”, afirmou. “Mas o que as leva aos museus é a vontade de conhecer quem estava a bordo, saber o que era ser um passageiro e entender porque uma história de 100 anos ainda assombra tanta gente.”
Com informações da AP

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ELAS

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