Dos 1.598 excedentes, 600 serão demitidos dentro de dois
meses; restante garante emprego no Classic até dezembro. Montadora vai
investir R$ 500 milhões na Powertrain, que produz motores e câmbios
Chico PereiraSão José dos Campos
Depois de mais de seis meses de negociação e muita angústia dos funcionários, a General Motors e o Sindicato dos Metalúrgicos chegaram ontem a um acordo que garantiu novos investimentos em São José, mas não o emprego da totalidade dos 1.598 funcionários considerados excedentes. Pelo menos 600 serão demitidos dentro de dois meses.
A decisão, tomada após mais de nove horas de reunião, ainda precisa ser aprovada em assembleia pelos 7.200 empregados da empresa na cidade, o que deve acontecer amanhã.
O acordo prevê que, dos 759 funcionários que hoje estão em lay-off (contrato suspenso, 150 retornem à empresa dentro de dois meses porque têm estabilidade e o restante seja demitido com o pagamento de uma multa adicional de mais três meses de salários.
O restante do grupo considerado excedente, mas que não foi colocado em lay-off, cerca de 950, tem seu emprego garantido pelo menos até dezembro, prazo em que a GM garantiu a produção do Classic, único modelo que sobrou no MVA.
O grupo, no entanto, ficará em férias coletivas até 14 de fevereiro, tempo que a GM precisa para reorganizar a produção do Classic.
O acordo também prevê que a GM invista R$ 500 milhões no período de 2013 a 2017 na Powertrain, fábrica que integra o complexo de São José e produz motores e câmbios.
Além disso, o pacote ainda permite jornada flexível de compensação em caso de oscilações na produção e nova grade salarial para novos operários, caso a GM venha a contratar na cidade.
“O acordo que foi fechado não é o nosso sonho, mas certamente é o que foi possível de ser reconstruído neste momento”, disse Antonio Ferreira de Barros, o ‘Macapá’, presidente do sindicato.
Luiz Moan, diretor de Relações Institucionais da GM e responsável pelas negociações, ressaltou a manutenção do emprego de 950 dos 1.598 considerados excedentes.
“Nós garantimos o nível de emprego no período de produção do Classic. O
investimento não é baixo. E mais importante é colocar São José na rota dos investimentos”, disse Moan.
Moan ressaltou que a produção de novos modelos será oferecida à planta de São José em breve, o que poderá trazer de volta o nível de produção na cidade.
Do lado de fora da sede do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), onde aconteceu a reunião, cerca de 100 sindicalistas e funcionários da GM acompanharam o resultado da reunião. O grupo passou o dia em uma espécie de vigília no local.
O impasse entre GM e sindicato se estende desde meados do ano passado, mas a ameaça aos empregos começou bem antes, em 2008 (leia texto nesta página).
Repercussão. Para o prefeito Carlinhos Almeida (PT), que acompanhou a reunião, o acordo representa uma nova fase na relação entre GM e sindicato, conturbada e marcada por polêmicas. “É importante ressaltar que isso (acordo) abre a perspectiva de um novo patamar de relações entre as partes, possibilita não só a manutenção da planta, como a perspectiva de novos investimentos para São José.”
http://www.ovale.com.br/nossa-regi-o/acordo-entre-gm-e-sindicato-garante-so-parte-dos-empregos-1.374753
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