Lena Dunham, criadora, roteirista e atriz principal da série americana Girls, foi o destaque da premiação televisiva do Globo de Ouro, no último dia 13, em Beverly Hills. Ganhou o troféu de Melhor Atriz de Comédia, e sua série foi eleita a melhor do ano, na categoria Comédia ou Musical. Assim, desbancou sucessos como Modern family e The big bang theory. A aclamação da crítica já era total, e Lena, com apenas 26 anos, chegou a ser chamada de “versão jovem e feminina de Woody Allen” pela revista Vanity Fair, em referência ao cineasta americano de 77 anos e quase 50 filmes. Ainda é cedo para tanto, mas não para apontá-la como a nova estrela entre as mulheres que estão inovando as séries de televisão americanas – sobretudo a forma de construir papéis femininos.
Qual é o perfil das mulheres que encantam a audiência nos seriados atuais? Ao contrário das personagens de Sex and the city, última grande série a cair nas graças do público feminino, as novas divas querem ser amadas e conquistar sucesso no trabalho e na vida afetiva sem abrir mão de ser como são, sem muito empenho no guarda-roupa, na maquiagem e na malhação.
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Girls, do canal HBO, cuja segunda temporada começou a ser exibida neste domingo, dia 20, narra a história da aspirante a escritora Hannah Horvath (Lena Dunham) e suas amigas, todas enfrentando juntas os desafios de ser jovens em Nova York. Na primeira temporada, Hannah tinha acabado de perder a mesada dos pais e precisava de dinheiro para dividir o aluguel. Agora ela mora com um ex-namorado que se descobriu gay, enquanto decide se vai seguir com o namorado que a trata mal. Hannah continua gordinha, mas não tem o menor interesse em ser diferente. Assim como Lena Dunham, Mindy Kaling, roteirista e atriz coadjuvante da versão americana da série inglesa The office, criou, escreveu e é a estrela da série The mindy project, no canal Fox. A protagonista é uma ginecologista e obstetra descendente de indianos. Enquanto não encontra o amor de sua vida, toca sua vida sexual com homens que não a afetam emocionalmente.
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Segundo a jornalista Alessandra Stanley, principal crítica de TV do jornal The New York Times,
o controle criativo das mulheres sobre o roteiro e a direção das séries
ajuda a aproximar a ficção da realidade. “Algumas artistas têm
desafiado o padrão de exibir apenas figuras curvilíneas”, diz
Alessandra. “Isso é mais evidente no trabalho de comediantes como Lena
Dunham e Mindy Keling, que têm poder para quebrar regras.” Alessandra
diz que, ao escrever seus textos e criar shows inspirados na vida
pessoal, elas conseguem estabelecer seus próprios padrões de beleza:
“Elas desafiam a ditadura dos estilistas e diretores de elenco”.- Assista aos trailers e conheças as principais séries femininas: Girls, The Mindy Project, New Girl, Veep, The Carrie Diaries e Pretty Little Liars.
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Esse caminho da liberdade criativa foi aberto pela comediante Tina Fey, sucesso no programa humorístico Saturday night live. Desde 2007, ela vem criando, produzindo e estrelando a série 30 rock, considerada pelo jornal The New York Times como “a melhor comédia da TV na última década”. O último episódio da série será exibido nos Estados Unidos no dia 31 de janeiro. Despede-se com uma invejável coleção de prêmios, entre eles 14 Emmys e seis Globos de Ouro. “O público feminino quer ver suas experiências reais refletidas na televisão”, disse Lena Dunham a ÉPOCA. “Algumas mulheres são como eu, outras como Mindy, outras como (a atriz e cantora) Zooey Deschanel na série New girl... Todas querem se ver nos personagens.” Para Lena, não se trata de moda passageira. “Graças a Deus, as redes estão colocando as mulheres reais no ar”, afirma.
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O cardápio de personagens televisivos femininos nos Estados Unidos é diverso (leia o quadro abaixo). A cantora, compositora e atriz Zooey Deschanel vive Jess na série New girl (Fox), uma menina ingênua que mora com três homens e os influencia com sua leveza quase infantil. Um contraponto a isso é Veep, série estrelada por Julia Louis-Dreyfus. Ela faz Selina Meyer, uma fictícia vice-presidente dos Estados Unidos, atrapalhada com a vida política. O texto é ácido. Pela primeira vez, a atriz recebeu elogios da crítica desde que interpretou com maestria a personagem Elaine em Seinfeld. Existe opção até para as “viúvas” de Sex and the city. Uma nova série, The Carrie diaries, acompanha a adolescência da personagem principal, Carrie Bradshaw. Em abril do ano passado, Lee Aronsohn, criador e produtor executivo da série Two and a half men, provocou polêmica com um comentário grosseiro feito numa conferência de roteiristas no Canadá: “Estamos nos aproximando do pico de vaginas na televisão”, disse. “Chega, meninas, eu já entendi.” Ao que parece, quase um ano depois, o pico ainda está distante.
http://revistaepoca.globo.com/cultura/noticia/2013/01/uma-nova-geracao-de-talentos-femininos-inova-series-de-tv.html
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