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Protestos em SP: Veja que é alguns participantes durante os protestos

Estudante, grávida, torcedor de futebol, executivo, militante político, pós-doutorada em psicologia: as várias 'caras' do protesto em SP  (Foto: Arquivo pessoal e Reprodução/G1)                   
A multidão que protesta contra o aumento da tarifa do transporte público em São Paulo é formada por uma diversidade de pessoas. Há gente de várias idades, bairros, profissões, ideologias e opiniões sobre o tema.
Nesta quinta-feira (13), o G1 percorreu as ruas da capital e ouviu histórias de quem decidiu protestar contra o preço da passagem a R$ 3,20. Embora o ato seja convocado por grupos e partidos políticos defensores da causa, a maioria dos participantes não tem vínculo com essas entidades e decidiu integrar o grupo por conta própria.
Leia abaixo as histórias de quem participou do ato desta quinta, o quarto de uma série de protestos iniciada no dia 6 e que tem parado as principais vias de São Paulo e afetado milhões de pessoas para pedir a revogação do reajuste do preço da passagem: 'Isso, sim, é torcida organizada'
Formada em letras e atualmente funcionária do Conselho Britânico, Adriana de Alencar Sorrenti, de 30 anos, diz que mudou de bairro para ficar mais perto do trabalho e não ter que depender tanto do transporte coletivo. Ela participou do ato pela primeira vez, com a colega Luiza Guerra, de 21 anos, e um cartaz que dizia "Torcedor brasileiro: isso, sim, é torcida organizada".
Adriana afirmou que decidiu aderir porque é a primeira vez em muito tempo que ela presencia tamanha união de pessoas. "Se o brasileiro usasse todo o potencial que usa no futebol para lutar pelos seus direitos, o Brasil hoje seria um país de primeiro mundo."

matemático Wesley (Foto: Tahiane Stochero/G1)O matemático Wesley (Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Para não voltar ferido, trouxe espuma'
O bacharel em matemática Wesley G., de 20 anos, disse compor o grupo que fica “no final” da manifestação.

“Somos o que a TV chama de vândalos. Ficamos no final para montar barricadas, colocar fogo, causar com a polícia. A ideia era ser algo pacífico, mas quem vandalizou foram eles, os policiais, que estão querendo briga”, disse. No terceiro protesto dos estudantes, na terça-feira (11), foi o momento em que Wesley tentou entregar uma flor para os policiais -- o que, segundo ele, iniciou a confusão.
“Eu era um dos que estavam em frente à Tropa de Choque tentando entregar uma flor para o PM. Ele não aceitou e daí me ajoelhei e ofereci novamente. Um policial atrás dele atirou para cima e daí começou tudo. Eles que estão querendo briga”, explicou o matemático.

“Levei bala de borracha nos braços, estou cheio de marcas. Nesta quinta-feira, para não voltar ferido, trouxe espuma de colchão. Pedi em uma alfaiataria perto de casa. Coloquei no peito e nas costas, embaixo do moletom, para proteger. Estou distribuindo aqui para os colegas também. É uma boa ideia, amortece a bala”, disse. 'Nunca vi uma repressão tão brutal'
Ramón, de 24 anos, não quis dar seu sobrenome para não preocupar os parentes da sua cidade natal, em Goiás. Estudante de ciências sociais e trabalhador em São Paulo, ele estava revoltado às 23h na Avenida Paulista. Depois de fugir do confronto com a PM na Rua da Consolação, ele seguiu até o vão do Masp com um amigo e, quando estava em um grupo de cerca de 50 pessoas em silêncio, ele conta que foi surpreendido com uma abordagem de dezenas de policiais, decididos a debandar o grupo.

“Acima de tudo isso aqui é uma manifestação legítima e eu nunca vi (...) uma repressão tão brutal e sem sentido igual eu vi hoje [quinta-feira] na Avenida Paulista em São Paulo. Não faço parte da organização desse movimento, vim apenas compor, e fui recebido pela polícia com isso”, disse ele, apontando para um arranhão com mais de dez centímetros em seu braço esquerdo, que o deixou em carne viva.

Tem que baixar, na Argentina não é caro assim"
Ayellen Fernández, 20,
vendedora de loja no Centro
'Na Argentina não é caro assim'
Ayellen Fernández nasceu na Argentina, tem 20 anos e há cinco imigrou para o Brasil. Vendedora de uma loja perto do Theatro Municipal e moradora do Brás, a jovem, grávida de cinco meses, decidiu participar do ato por discordar do valor atual da tarifa. “Tem que baixar, na Argentina não é caro assim”, afirmou.
Vestindo uma camiseta cor de rosa que evidenciava sua barriga em gestação, ela prometeu caminhar com a passeata apenas no início. Ayellen admitiu o medo da repressão policial e o risco de exposição ao gás lacrimogêneo. Acompanhada de uma amiga, ela seguiu pelo menos até o Edifício Copan, com uma máscara na mão.

integrantes de torcidas organizadas (Foto: Tahiane Stochero/G1)Jovens de rostos cobertos se disseram integrantes
das torcidas organizadas Mancha Verde e Gaviões,
respectivamente (Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Somos inimigos só no campo'
Em frente ao Theatro Municipal, bem escondido, ao fundo dos manifestantes e encostado junto à parede de um banco, um grupo de sete homens observava a manifestação contra o aumento da tarifa. Todos eles usavam preto e alguns estavam com os rostos cobertos.

Em certo momento, retiraram fogos de artifício de uma sacola e esconderam debaixo das camisetas. “Vamos disparar durante a manifestação. Somos da Torcida Independente, do São Paulo”, explicou um deles.

Mais adiante, no acesso à Rua da Consolação, dois  jovens também com os rostos cobertos conversavam junto a uma parede. Um se disse integrante da Gaviões da Fiel, a torcida organizada do Corinthians. O outro afirmou pertencer à Mancha Verde, torcida organizada do Palmeiras. Eles disseram ser acadêmicos de ciências sociais da Universidade de São Paulo (USP).

Questionados sobre o porquê de dois jovens de torcidas rivais estarem juntos no protesto, responderam: “Somos inimigos só nos campos, aqui estamos juntos. Somos amigos, colegas de classe, estudamos e estamos sempre juntos. A causa aqui é única, não tem racha, não”, respondeu um deles, afirmando que moram no ABC paulista.

Michel Perin, consultor de 23 anos, usa a CPTM e o Metrô para ir de Franco da Rocha ao trabalho, no Centro e na Zona Sul. Para ele, a tarifa do transporte está "um absurdo" (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Michel vai de Franco da Rocha ao Centro e à Zona
Sul todos os dias (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
'Essa briga tem que ser de todo mundo'
Com camisa, paletó e uma pasta executiva, Michel Perin, de 23 anos, observava a concentração de milhares de pessoas em frente ao Theatro Municipal, às 17h30 da quinta. “Não costumo participar, porque gosto de analisar antes”, disse. Mesmo sem ter certeza se caminharia com a passeata ou não, ele condenou o aumento da tarifa.

“Acho que está um absurdo, muito cara”, explicou o consultor que mora em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, e usa a CPTM e o Metrô para trabalhar no Centro e na Zona Sul. “Essa briga tem que ser de todo mundo.”

Enquanto mulher, me sinto mal porque sou assediada sexualmente dentro do ônibus lotado"
Professora de 45 anos
'Sou assediada dentro do ônibus lotado'
Militante do PSTU há nove anos, uma professora da rede pública de 45 anos participava do ato na quinta com uma camiseta de um grupo feminista da Conlutas e uma bandeira de seu partido. A moradora do Itaim Paulista, na Zona Leste de São Paulo, afirma que precisa pegar duas conduções todos os dias para ir e voltar do trabalho.

“Acho um absurdo pagar R$ 3,20, o transporte público só serve para dar lucro aos empresários. Enquanto mulher, me sinto mal porque sou assediada sexualmente dentro do ônibus lotado”, reclamou a professora, que não quis se identificar, durante a concentração do ato.

casal protesto (Foto: Tahiane Stochero/G1)Casal vai a protesto para acompanhar os filhos e
reivindicar queda do preço da passagem
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Mudança do preço afeta família inteira'
Pais presentes, a poeta Carol Ubir, de 45 anos, e o marido Guto Carvalho Passos, de 51, foram à manifestação acompanhar dois dos três filhos, que integram o protesto contra o aumento da passagem. O terceiro filho não pôde ir, explicou Carol, porque estava trabalhando.

“Meus filhos falam sobre isso em casa e a mudança no preço afeta a família inteira. Não temos carro, só usamos transporte público”, diz Passos, que trabalha com pássaros e animais silvestres.

“As flores brancas são porque a ideia aqui é paz. Vimos as outras manifestações anteriores em que houve confusão. Mas temos o direito democrático de nos expressar, espero que tudo saia pacífico desta vez”, diz Carol.

A juventude unida vai parar São Paulo"
Jovem de 24 anos,
moradora da Zona Leste
'Nosso salário vai muito na passagem'
Um casal que disse ser de "anarco-punks" chegou atrasado para a manifestação e pegou a dispersão dos protestantes entre a rua Augusta e a Avenida Consolação, por volta das 20h. Ambos com 24 anos e moradores do Jardim Helena, na Zona Leste, os jovens disseram que tiveram que deixar uma filha pequena em casa com uma amiga para comparecer à passeata.

“Eu sempre participo de atos assim. Moramos longe e dependemos de transporte público. A juventude unida vai parar São Paulo e mostrar para o Haddad (o prefeito, Fernando Haddad) como se faz um trabalho direito”, afirmou a garota. “Tivemos que sair da casa dos pais quando tivemos nosso filho. Nosso salário vai muito na passagem”, acrescentou ela. 'É a minha primeira manifestação'
Na concentração do ato, em frente ao Theatro Municipal, a grande maioria dos manifestantes era formada por jovens. Mas algumas pessoas com mais idade se misturavam entre estudantes. Um deles era Giuliano Monteiro que, aos 36 anos, participava de seu primeiro protesto contra o aumento da tarifa. Ele contou que decidiu participar para tentar pressionar por mudanças.

“É a minha primeira manifestação, espero que mude alguma coisa”, disse ele, que considera a gestão pública “muito fraca” e classificou o aumento da tarifa como “absurdo”. Para Monteiro, tanto as depredações quanto as ações excessivas da PM são condenáveis. “Sou contra vandalismo. Agora, o que dá pra manifestar, do jeito que der, sou a favor. Sou contra a repressão da polícia. A polícia é despreparada e agride pessoas que não têm nada a ver.”

A estrutura dos atos não muda muito, são inclusive os mesmos pontos, concentração no Theatro Municipal, a passagem por terminais. O que muda tem menos a ver com o passe livre e mais a ver com o fato de que a revolta da população neste ano é muito maior"
Mariana Toledo, 27 anos,
integrante do Movimento Passe Livre
'Revolta neste ano é muito maior'
A estudante de pós-graduação da USP Mariana Toledo, de 27 anos, não dorme há vários dias. Nesta semana, ela varou pelo menos duas noites em delegacias tentando acompanhar e auxiliar as pessoas que foram presas nos atos. “Cheguei às 7h30 em casa, ninguém está dormindo”, contou ela ao G1 na tarde da quinta-feira. Mesmo assim, ela afirmou que compareceria novamente ao ato.
Integrante do movimento que pede que a tarifa do transporte seja zero desde a sua oficialização, em 2005, ela diz que está relativamente afastada do dia a dia do movimento, mas que ajuda durante o ano como pode, como com revisão e produção dos textos dos panfletos e artigos. “O movimento não existe só durante o aumento, existe o ano inteiro. A gente passa o ano inteiro indo em comunidades, falando da pauta. A estrutura dos atos não muda muito, são inclusive os mesmos pontos, concentração no Theatro Municipal, a passagem por terminais. O que muda tem menos a ver com o movimento e mais a ver com o fato de que a revolta da população neste ano é muito maior”, diz Mariana.

moradores de heliópolis (Foto: Tahiane Stochero/G1)Jovens integrantes de ONG de Heliópolis marcaram
presença no ato (Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Houve muita mobilização'
Integrantes de ONGs comunitárias de Heliópolis, na Zona Sul, Nínive Ferreira e Rafael Cavalle participaram da manifestação. Segundo eles, os jovens com os quais trabalham nos projetos “Lata na Favela” e “Forma Juventude” falaram da questão durante a semana.

“Temos reuniões para discutir os assuntos da sociedade e houve muita mobilização em torno do aumento da tarifa do ônibus. Moramos e trabalhamos em Heliópolis, uma área distante onde precisamos de ônibus para ir a qualquer lugar. É necessário fazer parte desta luta”, diz Nínive.

Somos contra o aumento das passagens porque a gente acredita que precisamos discutir uma nova proposta de transporte na cidade de São Paulo e no estado"
Erik Bouzan,
secretário municipal da Juventude do PT
'Tem que haver inversão de prioridades'
No ato da quinta, um grupo de pessoas chamava a atenção ao portar bandeiras do Partido dos Trabalhadores, o mesmo do prefeito Fernando Haddad. O secretário municipal da Juventude do PT de São Paulo, Erik Bouzan, explicou ao G1 que os jovens filiados ao partido participaram dos atos contra o aumento da passagem em 2011 “com identificação maior”, mas que eles também apoiam a revogação do reajuste mais recente, autorizado pelo prefeito.

“Somos contra o aumento das passagens porque a gente acredita que precisamos discutir uma nova proposta de transporte na cidade de São Paulo e no estado. Tem que haver uma inversão de prioridades, colocando o público sobre o privado”, afirmou ele. Bouzan afirmou que o grupo não está contra o governo, mas contra uma ação específica. “A discordância faz parte do processo democrático.”

Estudante Aline (Foto: Tahiane Stochero/G1)Estudante Aline (Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Só queremos direito de nos expressar'
Três amigas –uma estudante, outra jornalista e uma atendente de telemarketing– marcaram o encontro na frente do Theatro Municipal para apoiar o protesto. Aline Castro Rocha, de 18 anos, era a mais ativa delas: “Isso é um abuso o que foi feito. Se os jovens se mobilizarem, podemos mudar tudo isso”, afirma ela, que mora no Tatuapé, na Zona Leste da capital.
"Estamos aqui para apoiar a causa porque é uma necessidade de todos, não só dos jovens, mas dos trabalhadores. Eu vim nas três manifestações anteriores e fico até a parte que o protesto está pacífico. Depois, vou embora. Só queremos nosso direito de nos expressar". Acompanhava Aline a amiga Amanda, de 19 anos, que mora no Grajaú, na Zona Sul. “Eu gasto R$ 10 por dia de transporte. Isso faz diferença no fim do mês”, diz.

É a minoria que faz isso [depredar], a maioria não veio para quebrar. Quem critica tem que vir para saber o que está acontecendo"
Mariana Martins, 18,
aluna de cursinho da Zona Sul
'A maioria não veio para quebrar'
Jennifer Oliveira, Juliana Bertolino, Mariana Martins e Giovanna Freitas de Oliveira têm 18 anos e fazem cursinho no Etapa, na Zona Sul. Elas pretendem fazer faculdade de biologia, medicina, engenharia e psicologia, respectivamente. Com outros dois colegas, elas decidiram participar pela primeira vez do ato para dar força ao movimento.
O objetivo das adolescentes era mostrar que, apesar de as imagens de confrontos e danos ao patrimônio serem as que mais ganham destaque, a maioria dos manifestantes quer apenas o direito de defender seus direitos em paz. “É a minoria que faz isso [depredar], a maioria não veio para quebrar. Quem critica tem que vir para saber o que está acontecendo”, afirmou Mariana.

Não é questão de ser caro, mas é que você está pagando caro por um serviço ruim"
Francisco, 18 anos,
aluna de cursinho do Centro
'Pagando caro por um serviço ruim'
Francisco (nome fictício) mora no Jardim Anhanguera, no extremo Noroeste de São Paulo. Todos os dias, ele pega um ônibus que leva duas horas e meia para chegar até o Centro, onde ele estuda em um cursinho pré-vestibular popular mantido por estudantes da Faculdade de Direito da USP. Filho de servidores da Prefeitura, o jovem que pretende estudar artes cênicas e complementa a renda com bicos de atuação explica que teria uma opção mais rápida: combinando ônibus, trens e metrô, ele chegaria ao seu destino em uma hora e meia. “Mas é mais caro”, contou.

O jovem de 18 anos decidiu participar do ato com um grupo de amigos do cursinho. Nenhum quis se identificar à reportagem. O estudante, porém, afirmou que estava ali por melhoria na qualidade do transporte. “Não é questão de ser caro, mas é que você está pagando caro por um serviço ruim”, disse ele. Logo no início da caminhada, ele afirmou não temer a repressão policial. “Eu não estou fazendo nada de errado”, disse.

O objetivo não é só baixar o preço da passagem para o que era, é para ouvir o que o cidadão tem a dizer. O Estado está representando os empresários"
Thomaz, 23 anos,
estudante de artes visuais
'Você não tem arma para enfrentar PM'
Daiane, de 21 anos, e Thomaz, de 23, preferem preservar sua imagem e sobrenome, mas contaram ao G1 o que os levou a participar do ato contra a tarifa. É o primeiro de Thomaz, que estuda artes visuais em uma universidade estadual, mas a amiga Daiana, que faz geografia em uma instituição federal, tem participado de todos.

“Além da questão do transporte, eu sempre participo de todas as manifestações contra o que não é justo”, explicou Daiane. “O objetivo não é só baixar o preço da passagem para o que era, é para ouvir o que o cidadão tem a dizer. O Estado está representando os empresários”, defendeu Thomaz. Os dois amigos consideram “terrível” a resposta da PM aos atos. “Você não tem arma nenhuma para enfrentar a polícia”, disse a garota. 'Repressão tem efeito contrário'
O advogado José Carlos Callegari, de 27 anos, já foi diretor do Centro Acadêmico da Faculdade de Direito, mas hoje está afastado da militância. Mesmo assim, conseguiu conciliar seu horário no escritório de advocacia para prestigiar o ato. Segundo ele, o número de participantes aumenta a cada protesto justamente como reação à violência.

“Isso acontece muito por conta da repressão policial, ela está tendo o efeito contrário ao que esperavam”, afirmou ele. Para Callegari, muitos manifestantes também podem ter se inspirado nos protestos numerosos e resistentes dos países árabes desde 2010, além da conjuntura de insatisfação. “Esse é um momento muito específico que estamos vivendo.”

Rodrigo Lucas, presidente da Umes, disse que a união de estudantes secundaristas aderiu ao ato pela importância da causa (Foto: Ana Carolina Moreno/G1)Rodrigo Lucas, presidente da Umes
(Foto: Ana Carolina Moreno/G1)
‘Transporte não deve ser lucrativo’
Rodrigo Lucas tem 20 anos e é presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas (Umes) em São Paulo. Presente no ato com bandeiras e panfletos, ele afirmou que os membros de seu grupo decidiram apoiar os atos a partir desta semana. O da quinta era o segundo do qual eles participaram, de acordo com ele, “por causa da importância do fato”.

O líder estudantil defende que “o transporte público de qualidade não deve ter caráter lucrativo”. Lucas disse que a Umes não defende o passe livre, com tarifa zero. “A gente acha que ainda não tem conjuntura para ter passe livre. Mas se em Teresina e em Goiânia conseguiram baixar [o valor da tarifa], em São Paulo, que tem o terceiro maior orçamento do país, é possível.”

cara-pintada protesto (Foto: Arquivo Pessoal)Samantha (de blusa branca, à direita) segura a
bandeira do Brasil nos protestos contra a
corrupção em 1994, que culminou no
impeachment do presidente Fernando Collor
(Foto: Arquivo Pessoal)
'Protesto chegou a todas as classes'
Militante desde os tempos dos “caras-pintadas”, que tomaram as ruas das cidades do país em protesto contra escândalos de corrupção que levaram ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello, em 1994, a comunicadora Samantha Rillo, de 36 anos, marcou presença no protesto contra o aumento da passagem.

“A situação chegou em um limite geral. As pessoas vão para a rua porque estão conscientes, decepcionadas com a situação atual, e julgam que temos poder para mudar isso. Saí às ruas na década de 90 com a cara pintada e volto agora para apoiar esta causa”, diz ela, que participou também do terceiro protesto, na terça-feira (11).

“Participo sempre de grupos ativos em discussões de movimentos políticos e sociais. Esta manifestação conseguiu atingir esta dimensão porque chegou a todas as classes, organizações, projetos. É uma busca de todos”, defende.

psicólogos Lia Vainer, de 34 anos, e João Vitor Reis, de 29 (Foto: Tahiane Stochero/G1)A psicóloga Lia diz que a causa vai além de idade
ou faixa salarial: 'é uma manifestação de todos'
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Há mobilização intensa pela internet'
Os amigos psicólogos Lia Vainer, de 34 anos, e João Vitor Reis, de 29, encontraram-se "por acaso" na estação República do Metrô quando seguiam, ambos separadamente, para o protesto contra o aumento da passagem de ônibus em frente ao Theatro Municipal, por volta das 17h de quinta.

“É uma manifestação de todos, não é só da juventude, nem só de classes populares. Eu sou pós-doutorada em psicologia social e estou aqui. A causa é de todos os moradores da capital, ninguém aceita este aumento”, disse ela.

Também acompanhava o grupo a cineasta Caru Souza, de 33 anos. “Encontrei a Lia no metrô Sumaré e combinamos de vir. Há uma mobilização intensa pela internet, não há quem não saiba, quem não tem uma opinião sobre isso”, afirmou Caru.

O lance da mobilidade tem que ser trabalhado como um direito"
Fernando Castilhero, 32 anos,
consultor educacional
'Tenho 32 anos e continuo protestando'
Fernando Castilhero é formado em sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e hoje trabalha como consultor educacional. Ele se considera um ativista veterano, desde a juventude e até hoje. “Tenho 32 anos e um filho de cinco anos, mas continuo protestando.”

Ao lado do amigo Rubens Costa, de 33 anos, professor do ensino médio, Fernando explicou que usa todos os tipos de transporte, inclusive o público. “O lance da mobilidade tem que ser trabalhado como um direito”, defendeu. 'Esse protesto me representa'
Depois de participar do ato de terça-feira (11), o estudante Estevão Pessotta, de 25 anos, garantiu seus equipamentos de segurança na edição de quinta. Com uma máscara reforçada e óculos de proteção de plástico, o aluno de design da USP caminhava pelo Centro com alguns colegas.

O clima tenso da manifestação de terça não o fez desistir de protestar. “Estou aqui porque esse protesto está me representando, e é muito bonito quando uma coisa assim te representa”, contou ele, por volta das 18h30, enquanto a passeata caminhava pacificamente rumo à Rua da Consolação.

Auxiliar de enfermagem Alessandra Lohana (Foto: Tahiane Stochero/G1)Auxiliar de enfermagem Alessandra Lohana 
(a 1ª da esquerda para direita) com os amigos
(Foto: Tahiane Stochero/G1)
'Vida do trabalhador não é fácil'
A auxiliar de enfermagem Alessandra Lohana, de 21 anos, mora em Taboão da Serra e trabalha e estuda na capital paulista.

Ela resolveu reunir os amigos, o engenheiro civil Guilherme Pereira, de 21 anos, e o técnico em nanotecnologia Alexandre, também de 21, para participar do protesto.

“A vida do trabalhador não é fácil. Acordar cedo, ir trabalhar, depois ir para a universidade, voltar tarde para casa, é tudo corrido e cada vez mais se gasta mais com transporte. Viemos aqui para nos unir a todos estes jovens. É uma causa de todos, que vai além do transporte”, disse Alessandra.
Por volta das 22h, ela e os amigos ainda estavam animados, na Rua da Consolação, procurando os últimos locais onde os manifestantes permaneciam.
 

cartaz escrito na rua em protesto (Foto: Tahiane Stochero/G1)Estudantes do Objetivo escrevem cartaz em
protesto (Foto: Tahiane Stochero/G1)
'R$ 3,20 de transporte é vandalismo'
A rua serviu de classe para que a estudante do cursinho pré-vestibular Objetivo, Ariana Montin, de 24 anos, escrevesse seu protesto em uma cartolina branca.

A frase escolhida pela jovem para se juntar à manifestação foi: “R$ 3,20 de transporte público, isso é vandalismo”.

“Estamos fazendo a nossa parte, estamos aqui apoiando a manifestação. Muita gente no cursinho falou, há uma 
mobilização para isso. Somos jovens e temos nossa  responsabilidade com a sociedade”, afirmou.

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ELAS

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  Os  carros elétricos e híbridos  da  BYD  devem dar um salto em termos de autonomia em breve. A FinDreams, subsidiária responsável pelas baterias da montadora chinesa, vai lançar a segunda geração das baterias  Blade  ainda neste ano e promete peças menores, mais leves e mais seguras, além do maior alcance. Isso porque as novas baterias devem ser mais densas,  chegando até aos 190 Wh/kg . A Blade atual  chega até aos 150 Wh/kg . O  presidente da BYD, Wang Chuanfu , revelou o desenvolvimento da nova bateria durante uma recente reunião de comunicação de relatórios financeiros, segundo o site CarNewsChina. O site ainda especula que, com as novas baterias, os carros elétricos da BYD poderão  passar dos 1.000 km de autonomia com apenas uma carga , que também deve ser mais rápida nos novos sistemas. Caso isso aconteça, será a bateria de fosfato de ferro-lítio (LFP) de maior densidade e autonomia. Esse tipo de material, normalmente, é de 20% a 30% menos denso do que as baterias de níquel, c

Mais uma derrota do Governo: Câmara aprova urgência para projeto que autoriza “força policial” contra MST

  A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (16) o projeto de lei PL 895/23, que estabelece sanções administrativas e restrições a ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas. Uma das medidas previstas no projeto é a permissão do uso da força policial para expulsar invasores de propriedades sem a necessidade de uma ordem judicial. A urgência na tramitação do projeto ocorre em meio a recentes invasões de terras cometidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como parte das ações do Abril Vermelho. Pelo menos 24 propriedades foram invadidas pelo MST em 11 estados até a segunda-feira (15). O projeto estava pendente de votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No entanto, deputados da oposição e do Centrão conseguiram aprovar um requerimento de urgência para que o projeto fosse votado em sessão plenária. A decisão de votar a urgência foi criticada por parlamentares governistas, que consideraram uma “quebra de acordo” alegando que o projeto não