Um dia após um dos mais complicados resgates na Antártica, o quebra-gelo chinês que transportou o helicóptero utilizado na operação pode estar agora também encalhado. Na quinta-feira (2), a aeronave levada pelo navio Xue Long (Dragão da Neve, em chinês) retirou os 52 passageiros, entre turistas, cientistas e jornalistas, da embarcação russa Akademik Shokalskiy, presa no gelo desde a noite de Natal. Os resgatados foram levados para o quebra-gelo australiano Aurora Australis, no qual devem ir até a Tasmânia.
A viagem à ilha australiana, que começaria nesta sexta-feira, foi, entretanto, atrasada. Os 52 passageiros resgatados agora devem esperar para ver se os chineses conseguirão livrar-se do gelo na manhã de sábado (4), quando as condições do tempo devem melhorar para o deslocamento. Se o dragão não conseguir se mexer, o navio australiano terá de ajudá-lo.
Enquanto isso, no navio russo Akademik Shokalskiy, os 22 tripulantes que permaneceram a bordo esperam que mudanças no tempo permitam que o gelo que prende a embarcação derreta.
A operação de resgate na Antártica foi considerada uma das mais difíceis na região por conta do movimento do gelo e pelas mudanças súbitas nas condições meteorológicas. Os 52 passageiros foram retirados do Akademik Shokalskiy em vários voos de helicóptero até um iceberg e depois transferidos em um barco para o Aurora Australis.
O resgate aconteceu depois que várias tentativas, por via marítima e aérea, fracassaram devido às más condições meteorológicas na baía de Commonwealth, situada a quase 2,8 mil quilômetros ao sul da cidade australiana de Hobart, na Tasmânia.
"A dificuldade de ter uma janela de bom tempo e condições apropriadas do gelo realmente complicaram nossa tarefa e, neste caso, outro agravante foi realizar a transferência de 52 pessoas que não estavam capacitadas para este ambiente", disse o chefe da divisão de emergências da Autoridade Australiana de Segurança Marítima, John Young, à agência australiana "AAP".
Os passageiros, entre cientistas e turistas, estão em mar aberto a bordo do Aurora Australis e seguem rumo à estação antártica de Casey, onde o navio quebra-gelo australiano deverá reabastecer.
Em seguida, o quebra-gelo levará os resgatados até Hobart, onde devem chegar em meados deste mês.
Os custos do resgate
Os australianos, que participam do resgate por meio do Aurora Australis, calculam os custos com a operação. Segundo o ministro do Meio Ambiente do país, Greg Junt, os contribuintes acabarão arcando com os 400 mil dólares australianos (cerca de R$ 850 mil) gastos. De acordo com Hunt, também há prejuízos para o programa científico, já que o quebra-gelo interrompeu sua atividade de pesquisa para resgatar os passageiros do navio russo. "A Austrália tem responsabilidades marítimas internacionais sobre buscas e salvamentos, que nós abraçamos e cumprimos com energia", afirmou.
Cada país deve arcar com os gatos de seus navios participantes do resgate. Os custos que, inicialmente, vão ser bancados pelos cofres públicos podem acabar sendo reivindicados de seguradoras. A batalha pode terminar nos tribunais em ações de ressarcimento.
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