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A beleza da China rural desconhecida para os ocidentais

Com tradição rural forte e cultura gastronômica milenar baseada nos produtos do campo, a China é uma viagem de cores e sabores (Foto: Giselle Paulino)
Sabemos que a China cresce e se moderniza de forma assustadora. Em 2012, com 51% das pessoas morando nas cidades, o país mais populoso do mundo se tornou, finalmente, urbano. Cidades como Chengdu, no sul do país, dobraram de tamanho nos últimos dez anos, colocando pressão no meio ambiente. Além das conhecidas Beijing e Shanghai, outras capitais do país parecem uma São Paulo, com trânsito caótico, poluição e prédios que não param de crescer.
No entanto, a China tem encantos escondidos. Suas regiões mais remotas são habitadas por minorias étnicas que celebram suas colheitas com longas festas. Essas populações acreditam que o grão possui alma e que o agrotóxico é ovilão das safras perdidas. Essas comunidades levam às cidades produtos locais, como raiz de flor de lótus, girassol, broto de bambu, cogumelos selvagens de diversos tamanhos para vender.  É um verdadeiro festival decores e de aromas.
 
Restaurantes da pequena Dali, em Yunnan, exibem diversidade de vegetais como cogumelos, flor de banana e broto de bambu que podem ser escolhidos na hora para compor um prato (Foto: Giselle Paulino)
Em 2013, os dois meses que planejei passar na China logo se transformaram em seis. Para quem se interessa por gastronomia e nas relações do homem com seu alimento, o “país do meio” é fascinante. Durante esse tempo,procurei sair fora do circuito turístico convencional e fui em busca de uma China rural, bela e colorida,  da qual pouco se fala.
Os chineses adoram comer. Para eles, o momento das refeições é sagrado. Por mais simples que seja a família, diversos potinhos são trazidos à mesa com ingredientes variados, alguns difíceis de decifrar. Na parte oeste do país, por exemplo, provaros produtos de leite de iaque, bovino de pelos longos que vive no planalto tibetano, é uma experiência inesquecível.  O sabor e o cheiro são fortes e marcantes.
As feiras de rua são passagem obrigatórias para os visitantes.Ao contrário do que dizem, é absolutamente possível ser vegetariano no país.  Aliás, descobri que o hábito de comer qualquer tipo de animal– algo bizarro para o ocidental – faz parte apenas da culinária cantonesa, típica da região de Hong Kong. 
 
A berinjela é o ingrediente principal utilizado emum prato vegetariano que imita o sabor do peixe (Foto: Giselle Paulino)
A feira de rua emLijiang, na província de Yunnan, é uma antiga tradição que se mantém por décadas, talvez séculos (Foto: Giselle Paulino)
Em uma manhãmeio chuvosa, saí com a equipe da CURA, ONG chinesa local que trabalha na despoluição dosrios da cidade de Chengdu. A meta era pedalar seis horas até chegar ao vilarejo Anlong, comunidade formada por 40 famílias de agricultores que, com apoio da CURA, passaram a adotar um modelo de produção natural e orgânico.
Apesar de haver ciclovias em toda a cidade, se locomover de bike  em um lugar como Chengdu é uma ideia insana. Ônibus, caminhões, carros e motocicletas surgem de todas partes. É preciso redobrar o cuidado. A confusão da rua desviava minha atenção do grupo que precisava seguir e quese mesclava, sem dificuldades, entre outros chineses em duas rodas. Uma vez por mês, a CURA faz esse trajeto com moradores de Chengdu com a intenção de levar pessoas para conhecer  e valorizar a produção orgânica.
A cidade mal termina e já estamos em Anlong, um claro sinal do avanço das cidades sobre as populações rurais. O cenário é bucólico e remete a uma China do passado, com casinhas antigas e homens e mulheres que trabalham na terra. Nos últimos anos, estudos demonstraram que não apenas o lixo das indústrias contaminavam as águas dos rios, mas também o agrotóxico das lavouras.  Essa constatação fez a CURA ampliar o foco de seu trabalho e envolver os agricultores do entorno da cidade nos processos de limpeza da água.
 
No vilarejoAnlong, produtores orgânicos continuam vivendo da terra e resistem ao avanço da urbanização (Foto: Giselle Paulino)
Em Anlong, foram introduzidos digestores anaeróbios que convertem o resíduo dos porcos e aves em gás metano para cozinhar e produzem fertilizante natural para as hortas. Também foram criados banheiros secos e sistemas naturaisque usam plantas, pedras e areia para limpar e reutilizar a água.
Certamente, Anlongé um pequeno oásis no meio de uma economia moderna rodeada por shoppings.  Para fazer alguma diferença marcante para os rios de Chengdu, o modelo precisa se multiplicar até criar escala. Isso ainda não aconteceu. No entanto, Anlong se tornou  um modelo de agricultura sustentável e passou a ser visitada por pessoas de todo o país e por outros agricultores da província curiosos pelo sucesso das plantações orgânicas.
Ninguém sai de lá sem um potinho de deliciosas iguarias artesanais produzidas pelos moradores, como o mel orgânico eo“lajiaoyou”, famoso tempero apimentado, base da gastronomia chinesa.
Com essa riqueza e diversidade, é fácil constatar que a China possui uma das mais saborosas gastronomias do mundo. Até mesmo para uma vegetariana, como eu.
 
LianJian, da fazenda orgânica HaoBao, em Yunnan, mostra uma flor de girassol gigante com sementes orgânicas prontas para consumo (Foto: Giselle Paulino)

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