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Rios Tietê e Pinheiros em SP, US$ 3,6 bilhões e o rio continua sujo


Vistos de longe, os rios Tietê e Pinheiros, que cortam a cidade de São Paulo de norte a sul, lembram alguns cursos d’água de metrópoles como Nova York, Londres, Paris e Seul. Nelas, as margens dos rios são usadas para a prática de lazer. Na capital francesa, os passeios de bateaux mouches e os pic-nics na beira do Sena atraem milhões de turistas do mundo todo. Muitos moradores dessas cidades também se arriscam a mergulhar e a pescar nos grandes rios. Nenhuma dessas cenas, no entanto, seria possível na chamada Terra da Garoa. Os rios que correm pela maior cidade do Brasil estão praticamente mortos, em um sinal evidente da ineficiência dos programas de despoluição, lançados em 1992 e iniciados, na prática, em 1995. 
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Cartão-postal: até 1972, o rio Tietê era palco de disputadas regatas. Hoje, o lixo
e o mau cheiro dominam a paisagem que receberá os turistas da Copa
O cenário é ainda mais desolador quando lembramos que, desde então, já foram gastos impressionantes US$ 3,6 bilhões nesse processo. Não precisa ser graduado em biologia ou meio ambiente para perceber a extensão do problema. O odor que exala desses cursos d`água é eloquente o bastante. São verdadeiros esgotos a céu aberto, ladeados por alguns belos jardins e ciclovias vistosas, mas também por vias marginais quase sempre engarrafadas. Pobres capivaras e ciclistas que ainda insistem em passar por ali. Azar dos turistas que virão para a Copa e serão recebidos pela feiúra da foto ao lado, ao chegarem na cidade do Itaquerão. 
Apesar da tragédia ambiental que o Tietê e o Pinheiros representam, o discurso oficial minimiza a situação. “Não é verdade que não tenha havido avanços no combate à poluição dos rios”, afirma Carlos Eduardo Carrela, superintendente de gestão de projetos especiais da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), estatal paulista responsável pelo projeto de despoluição dos rios. Será mesmo? Carrela lança mão de uma série de dados e estatísticas para justificar como a verba tem sido gasta. No esforço para recuperar os rios vêm sendo usados recursos de inúmeras fontes: BNDES, Caixa e o governo local, além do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). 
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Mierzwa, professor da USP
O grande foco da terceira etapa do processo, iniciada em 2009 e prevista para ser concluída ainda neste ano, é a coleta e o tratamento de esgoto das 365 cidades atendidas pela estatal, especialmente aquelas que integram a Região Metropolitana de São Paulo e margeiam o rio Tietê. “Com isso, o índice de coleta de esgoto subirá de 84% para 87%, enquanto o tratamento vai avançar de 70% para 84%”, disse Carrela. A expectativa é de que essas intervenções, orçadas em US$ 2 bilhões, beneficiem cerca de três milhões de pessoas. Os números, no entanto, parecem não impressionar os especialistas. Para o professor do departamento de engenharia hidráulica e ambiental da Universidade de São Paulo (Poli-USP), José Carlos Mierzwa, o problema está relacionado à deficiência na gestão do processo. 
É que, apesar de São Paulo ter sido um dos Estados pioneiros na criação de uma política de gestão de recursos hídricos, em 1991, atrás apenas do Ceará, o governo falhou em dar sequência ao trabalho iniciado há duas décadas. “Faltou fazer a lição de casa”, afirmou. Segundo ele, o descompasso da relação entre a oferta e a demanda está na raiz dos problemas atuais. “A ampliação do abastecimento de água colabora para a produção de uma quantidade cada vez maior de esgoto”, disse. “Como a capacidade de tratamento de esgoto ainda é extremamente menor do que a sua produção, o rio seguirá cada vez mais poluído.” Isso ajuda a explicar porque, após os bilhões investidos no âmbito do programa de despoluição do Pinheiros e do Tietê, eles continuam com suas águas impróprias para banho e consumo. 
O esgoto de milhões de residências continua sendo jogado no rio, todos os dias. “Passamos a atuar como os romanos, que poluíram totalmente os cursos de água no entorno de sua capital e, por conta disso, tiveram de construir aquedutos para captar água de fontes cada vez mais distantes”. É fato. O líquido que hoje falta no conjunto de represas que forma o Sistema Cantareira, que, consequentemente, coloca a cidade sob o risco concreto de um megarracionamento, poderia estar sendo retirado do Pinheiros e do Tietê. Para matar a sede dos paulistanos, um dos projetos da Sabesp prevê a captação de água no rio Juquiá, distante 100 quilômetros da capital, ao custo de R$ 2,2 bilhões. Prometida para 2015, a obra só deverá ser concluída em 2018. 
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Espaços de lazer: o Tâmisa (abaixo), que corta Londres, e o Cheonggyecheon,
que banha Seul, são exemplos globais de projetos de revitalização
Questionado sobre seu papel no programa de despoluição, no qual funciona como um dos principais financiadores, a direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) não quis se manifestar. Limitou-se a enviar, por meio de sua assessoria de imprensa, um comunicado à DINHEIRO onde diz que o trabalho corre de acordo com o planejado. “A execução do programa de despoluição do rio Tietê tem seguido seu curso dentro dos parâmetros acordados entre o BID e o Estado de São Paulo.” A morte dos rios que cortam São Paulo é encarada com tristeza pelos paulistanos. Afinal, até 1972 o rio Tietê era cenário de disputas acirradas de provas de canoagem entre atletas de clubes da região. 
Hoje, devido à quantidade de detritos boiando no rio e ao mau cheiro, isso seria praticamente impossível. Carrela, superintendente da Sabesp, reconhece que o problema relacionado aos detritos ainda é grande, mesmo após o esforço de dragagem do rio. No período 2011-2013, foram retirados 17 mil pneus de dentro do Tietê. “Essa quantidade é suficiente para equipar 4.250 veículos”, diz ele. Para evitar que todo o lixo descartado irregularmente pela cidade vá parar no rio, o governo do Estado vem atuando em duas frentes. Uma delas foi a instalação de 11 ecobarreiras na foz de seus afluentes, o que permite recolher dez metros cúbicos de lixo por dia. O superintendente da Sabesp se mostra otimista em relação ao futuro. 
123.jpgDe acordo com o plano traçado pela estatal, a questão da coleta e do tratamento do esgoto, deverá estar totalmente equacionada até 2020. Período inferior em até 30 anos ao previsto em nível nacional, de acordo com dados da ONG Trata Brasil, desde que os investimentos em saneamento básico, previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sejam mantidos no ritmo atual. Mas, de acordo com Carrela, o desafio de despoluir os rios paulistanos só será vencido, efetivamente, se houver a participação mais vigorosa da população. Isso porque uma parte importante da poluição que vai parar no Tietê e no Pinheiros, diz ele, se deve à poluição difusa, resultante do lixo jogado nas ruas pelas pessoas e pelas empresas, além do serviço malfeito de varrição. 






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ELAS

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