A atriz Cameron Diaz nunca foi gorda. Sempre pôde comer qualquer quantidade, de qualquer tipo de alimento, sem alteração no peso. Por isso, não se preocupava com o que comer. Enquanto boa parte das colegas da fase em que era modelo chupava gelo para disfarçar a fome, ela engolia o que tinha vontade. Agora, essa moça, que nunca enfrentou um único problema com excesso de peso, quer ensinar você e eu a ter “o melhor corpo que sua constituição física permitir”. O instrumento dessa promessa é O livro do corpo (editora Paralela). “Com que autoridade resolveu fazer isso?”, pergunto a ela, por telefone. “Com a de alguém que viu todos os aspectos de sua vida mudar para melhor quando passou a cuidar do próprio corpo”, ela responde, seriamente. Cameron fala das maravilhas de entender como funciona e de saber como tratar o corpo com a segurança e o entusiasmo de alguém que tem uma missão. Ela é uma evangelizadora.
Aos 42 anos, ela cruzou a ponte que separa sedentários e consumidores de junk food de esportistas e seguidores de alimentação saudável há 15 anos, quando precisou se preparar para viver a agente Natalie Cook, no filme As Panteras. Foram três meses de treino intensivo de artes marciais. Cameron diz que esse período mudou sua vida. “Tinha 26 anos, um corpo fraco e magrelo, e minha disposição sofria altos e baixos, físicos e mentais”, diz ela. “Com os treinos, ganhei força, aumentei minha autoestima, e até minhas relações pessoais melhoraram.” A partir daí, diz que nunca mais parou de tentar entender melhor como seu próprio corpo funciona. Nos últimos três anos, pesquisou e estudou de forma sistemática, para produzir o livro. O resultado foi bom. Ele vendeu 200 mil cópias nos Estados Unidos desde o seu lançamento, em dezembro passado.
O livro está organizado em três partes: nutrição, movimento e mente, num total de 300 páginas. Elaborado sob a supervisão de médicos, nutricionistas e psicólogos, o conteúdo esmiúça o impacto de alimentação e exercícios sobre o corpo e a forma como a mente interfere e é afetada pelas condições físicas. As páginas finais fornecem informações sobre as pesquisas citadas.
Cameron recrutou uma jornalista, a americana Sandra Bark, para ajudá-la a organizar e escrever. “Nunca tinha escrito um livro antes, precisava de ajuda de todos os lados.” O texto é ágil e bem-humorado, mesmo nos trechos em que reações químicas e biológicas são explicadas de forma detalhada. Cameron alterna informações que aprendeu com os especialistas com depoimentos sobre o efeitos que as mudanças de hábitos tiveram sobre ela mesma, sobre seu corpo, sua cabeça, até sua capacidade de sentir afeto. “Sabe como é a sensação de relaxamento, energia, contentamento e autoconfiança? Devo tudo à relação que cultivei com o meu corpo.” O efeito pode não ser igual para todos, mas Cameron nos dá vontade de tentar.
Comentários