Como lidar quando um filho diz que odeia os pais? A jornalista Isabel Clemente tentará ajudar a responder a essa e outras perguntas no livro A Pior Mãe do Mundo: Uma Biografia Não Autorizada de Todos Nós (editora Grupo 5W), já nas livrarias. Mãe de Letícia, de 8 anos, e Carolina, de 5, ela reuniu os episódios cotidianos e hilariantes das pequenas como memória afetiva, mas sobrou pano para a manga. "É uma coletânea bem-humorada sobre o dia a dia de uma família com filhos pequenos. As mães - e pais - já foram chamadas de bobas, chatas e feias. Vou falar diretamente com pessoas que passaram por essas situações", diz Isabel, que começou a esboçar os textos há nove anos, desde o nascimento da primeira filha. "São textos que refletem a minha reação do que as crianças trazem para nossa vida: inocência, cansaço, demanda, o desafio da decisão, como educar...", afirma ela, que através de sua coluna no site de Época, recebe e-mails de vários leitores. "Tenho um retorno muito bacana de pessoas que se identificam. Esse livro não é o meu diário, a minha vida, mas histórias que poderiam ter várias protagonistas", diz.
Isabel, que se equilibra nas 11 para dar conta da vida atribulada, comenta o segredo da mulher moderna. "Essa entrega exige dedicação. O legal de compartilhar é que eu desejo que as pessoas se sintam motivadas a escrever e a guardar as histórias sobre seus filhos e prestar atenção no que eles têm a dizer e estabelecer uma relação mais profunda com as crianças. Falta em muitos lares a conexão com os pequenos. Muita gente deixa nas mãos de outras pessoas o que é de mais básico para elas, um colo, um abraço. O recado final é aproveitar, curtir cada momento da maternidade, mesmo os de estresse. Depois de tanto tempo entrevistando gente, como mãe eu aprendi a ouvir, a olhar e observar as reações", afirma ela, que nunca ouviu um 'te odeio', mas chegou perto. "Graças a Deus nunca ouvi isso, mas que eu era a pior mãe do mundo. Na hora tudo bem, mas depois me veio à cabeça: 'Nossa, sou tão legal'. Fiquei magoada. Mas não tenho respostas para isso e vivo aprendendo. É chato quando a gente delega para o casal o bonzinho e o mau. Geralmente combino com meu marido de alternar nas broncas, até porque criança pequena não pode se sentir desamparada", diz Clemente. "Quero que as pessoas terminem de ler com vontade de abraçar e estarem perto dos filhos. A gente não pode deixar esse tempo passar tão rápido".
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