A tradutora Sílvia Barbosa foi a uma cafeteria de Buenos Aires para assistir à partida entre Brasil e Camarões ainda na primeira fase da Copa do Mundo. Capixaba de Nova Venécia e há sete anos residente na Argentina, ela não se conteve e soltou um grito após o gol de Neymar que desempatou o jogo. “Todo mundo me olhou feio”, diz ela, que não usava camiseta da Seleção, nem qualquer adereço verde-amarelo. “Depois do terceiro gol, simplesmente mudaram de canal.” Naquela altura da Copa, cena semelhante já não era incomum para um portenho que acompanhava os jogos no Brasil. As relações entre torcedores brasileiros e argentinos, que no começo do Mundial variavam entre desconfiadas e bem-educadas, foram se deteriorando velozmente. As animosidades cresceram a tal ponto que no dia da final, 13 de julho, descambaram para a pura violência, dentro e fora do Maracanã e nos arredores da Fan Fest, em Copacabana. Com seu jeito debochado e passional, carregando uma bagagem histórica de cânticos prov