Pular para o conteúdo principal

Eles disseram não para Dilma, ser ministro do PT não é mais tão atrativo quanto antes

Abre_Brasil.jpg
O loteamento de cargos de ministros carrega a imagem de uma disputada guerra entre partidos e autoridades interessadas nos mais altos cargos da República. Essa impressão decorre do prestígio proporcionado por esses postos, das benesses inerentes às funções e da possibilidade de se dar um salto na carreira política com o uso da máquina pública. Observando-se a distância, parece impossível resistir aos encantos do poder proporcionados aos ministros de Estado. Entretanto, as dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff na montagem de um Ministério ao seu gosto e as negativas recebidas nas sondagens e nos convites mostram que as coisas não são bem assim. As vantagens de tornar-se ministro hoje são minimizadas pelos riscos de desgaste pessoal e profissional dos escolhidos e pela má fama do estilo de gestão centralizadora da presidente, que vem tornando esses cargos cada vez menos autônomos e atraentes.
NAO-01-IE-2355.jpg
NÃO DEU
O estilo centralizador da presidente Dilma Rousseff 
afugentou os candidatos aos cargos de primeiro escalão
Não por acaso, o Ministério montado por ela para o segundo mandato é uma colcha de retalhos que enfrenta desgaste já na largada do novo governo. No Planalto, não é segredo que nem mesmo Dilma Rousseff está satisfeita com a equipe formada. O desenho da distribuição dos cargos ficou bem diferente do que ela imaginara inicialmente para seu segundo mandato. A presidente insistiu na fórmula de ceder ministérios a aliados seguindo o velho critério do fisiologismo e da distribuição de poder em nome da governabilidade. Ao mesmo tempo, precisou digerir o fato de que alguns dos nomes que realmente pretendia atrair para sua equipe declinaram dos convites sem-cerimônias. O mais recente caso de negativa recebida pela presidente foi do seu piloto oficial, brigadeiro Joseli Camelo, que acumula 12 anos de serviços aos presidentes da República. Ele recebeu pessoalmente o convite de Dilma para se tornar ministro-chefe do gabinete de segurança institucional. Substituiria José Elito Siqueira, cujas relações com a presidente são protocolares e marcadas por muitas reclamações sobre sua atuação. Na função, Joseli seria o responsável pela segurança presidencial, ganharia um gabinete ao lado de Dilma e teria o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o serviço secreto do Brasil. A conversa aconteceu no dia 8 de janeiro, durante o voo de retorno a Brasília, depois de um breve recesso da presidente com sua família na Base Naval de Aratu, na Bahia. O brigadeiro declinou do convite e lembrou a presidente que seu maior projeto profissional era tornar-se ministro do Superior Tribunal Militar. Sobre a negativa, Camelo pouco comentou. “Estou sendo indicado para o STM e serei sabatinado pelo Senado. Se os senadores aprovarem meu nome, serei um juiz”, afirmou. Nos bastidores, entretanto, sua resistência a integrar o primeiro escalão do governo foi creditada aos problemas enfrentados por José Elito e às pressões que o ministro do GSI recebe diariamente, seja por falhas na segurança, seja por falta de recursos destinados a projetos e treinamentos dos funcionários do gabinete. Joseli Camelo é conhecido por sua discrição e pela preferência em manter-se distante de problemas e polêmicas, comuns entre quem vive muito próximo ao poder.
NAO_02.jpg
RECUSAS
O brigadeiro Joseli Camelo recebeu o convite 
de Dilma parase tornar ministro-chefe do GSI. Mas os
problemas enfrentados por José Elito o desencorajaram. 
O que afugenta o empresariado e os grandes executivos dos cargos governistas são as desvantagens inclusas no pacote do prestígio ministerial. Para assumir um ministério é preciso afastar-se oficialmente do comando de empresas, mesmo que sejam os donos. Nesses casos, os empresários não poderiam participar de conselhos ou associações do setor privado. Ao assumir o cargo, as empresas que pertencem a eles ficam impedidas de fazer negócios com o governo. Uma perda nem sempre vantajosa para quem, além dos salários na área privada, acumula milhões em lucros e pode transitar facilmente nos órgãos públicos. Isso sem contar com as pressões políticas e com o fatiamento dos ministérios por partidos, que tentam nomear apadrinhados até nas pastas que não lhes cabe no fatiamento da máquina estatal.
Foi esse conjunto de restrições que atrapalhou a realização de outro desejo de Dilma na composição do ministério. Ela contava com um empresário de sucesso à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Pretendia dar à pasta um caráter empresarial, numa tentativa de resgatar as relações com os setores produtivos. Para isso, mandou seus ministros sondarem a disposição de Josué Gomes da Silva, filho caçula do falecido ex-vice-presidente José Alencar, de integrar sua equipe. O presidente da Coteminas informou que não tinha interesse em afastar-se do seu grupo empresarial e recusou o convite para assumir a pasta ainda no ano passado.
NAO-03-IE-2355.jpg
RECUSAS
Aloizio Mercadante sondou Blairo Maggi para
os Transportes, mas ele também declinou
Enquanto tentava desenhar o esboço de sua equipe para o segundo mandato, Dilma convidou o empresário Abílio Diniz, ex-dono do Grupo Pão de Açúcar e presidente do conselho de administração da BRF, para o órgão. Foi a segunda tentativa de atraí-lo, uma vez que em 2010 Dilma já havia mandado intermediários para sondá-lo. Diniz negou o convite alegando que contribuiria mais sendo um empresário aliado. Mas, nos últimos meses, as críticas feitas por ele ao governo foram interpretadas no Planalto como um sinal de que ele deixara de ser um entusiasta do governo Dilma. Mesmo assim, a presidente chegou novamente a cogitar seu nome em uma reunião em novembro do ano passado com os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e da Justiça, José Eduardo Cardozo. Seria a saída para neutralizar opositores do setor privado e abrir um canal de diálogo do governo com o alto empresariado. Segundo assessores próximos a Dilma, ela teria ficado irritada com as declarações dadas por ele em dezembro, criticando a medida provisória 627, que alterou a forma de tributação das companhias com produção no exterior. Diniz disse a empresários que o governo estava atrapalhando o setor. Dilma desistiu de tentar atraí-lo para o governo. Terminou entregando a pasta do Desenvolvimento ao senador Armando Monteiro (PTB-PE), que não deve conseguir a aproximação e o consenso tão sonhados com o setor empresarial.
A presidente também pretendia colocar o senador Blairo Maggi (PR-MT) à frente da pasta de Transportes. No primeiro mandato, ele já havia sido cogitado e no fim do ano passado, o ministro Aloizio Mercadante recebeu a missão de sondá-lo mais uma vez. Maggi repetiu que pretendia manter-se à frente do seu império econômico no agronegócio. Outro sonho de consumo de Dilma é a dona da gigante rede varejista Magazine Luiza, Luiza Trajano. No inicio de dezembro, ela se reuniu com a empresária e pediu que ela ajudasse na aproximação entre o governo e o empresariado. No dia 11 de dezembro, Luiza coordenou um encontro presidencial com cerca de 100 empresárias que formam o grupo Mulheres do Brasil.
No jantar, em clima descontraído, a presidente repetiu por duas vezes às empresárias que Luiza em breve seria integrante do seu governo e que, por escolha pessoal da empresária, ainda não estava na equipe. Referia-se ao convite, feito ainda em 2011, para que ela comandasse a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, que ainda seria criada. A vaga terminou ficando com Guilherme Afif, que este ano rejeitou a proposta de ser transferido para o Ministério do Desenvolvimento para abrir espaço para Luiza Trajano. Dilma então decidiu mantê-lo no cargo para evitar que deixasse o governo.
A carreira no setor privado e a possibilidade de sofrer um desgaste para tentar tirar as contas públicas do atoleiro também fizeram Dilma receber uma negativa de Luiz Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco. Em conversa com a presidente Dilma Rousseff no Palácio da Alvorada em 19 de dezembro, Dilma afirmou que o queria no comando da economia para “organizar as contas” e acreditava que ele saberia como fazer sem causar danos à imagem do governo. Depois de ouvir elogios e tomar um copo de suco, Trabuco disse que estava focado no seu futuro dentro do Bradesco, mas que teria prazer em conversar e trocar ideias com a equipe econômica que ela escolhesse. Foi nesse cenário de restrições e alguns nãos, que Dilma Rousseff seguiu montando até aqui um ministério alvo de muitas críticas. Um dos conselheiros da presidente neste segundo mandato resume o cenário: “Esse foi o Ministério possível”.
grafico.jpg
Fotos: André Dusek/Estadão Conteúdo; Agência Força Aérea; Marcelo Casal Jr./abr 

Comentários

ᘉOTÍᑕIᗩS ᗰᗩIS ᐯISTᗩS

ELAS

  Swanepoel, sempre ela! A modelo Candice Swanepoel sempre é motivo de post por aqui. Primeiro, porque é uma das mulheres mais lindas do mundo. Depois, porque faz os melhores ensaios da Victoria’s Secret. Depois de agradar a todos no desfile da nova coleção, ela mostrou toda sua perícia fotográfica posando de lingerie e biquíni. Tags:  biquini ,  Candice Swanepoel ,  ensaio sensual ,  lingerie ,  victoria's secret Sem comentários » 29/11/2011   às 20h02   |  gatas Lady Gaga é muito gostosa, sim, senhor. A prova: novas fotos nuas em revista americana A estrela pop Lady Gaga é conhecida pela extravagância na hora de se vestir e pelos incontáveis sucessos nas paradas do mundo todo. Agora, a cantora ítalo-americana também será lembrada por suas curvas. A revista Vanity Fair fez um ensaio para lá de ousado em que Mother Monster (como Gaga é carinhosamente chamada pelos fãs) mostra suas curvas em ângulos privilegiados. A primeira foto é

Agricultura familiar conectada

  #Agrishow2022euaqui - A revolução tecnológica demorou a chegar, mas finalmente começou a transformar a vida do pequeno agricultor familiar brasileiro. Com o surgimento das foodtechs, aliado ao aumento da confiança na compra on-line de alimentos e na maior busca por comidas saudáveis por parte do consumidor, o produtor de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos começa a operar em um novo modelo de negócio: deixa de depender dos intermediários — do mercadinho do bairro aos hipermercados ­— e passa a se conectar diretamente ao consumidor final via e-commerce. Os benefícios são muitos, entre eles uma remuneração mais justa, fruto do acesso direto a um mercado que, segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), movimentou R$ 5,8 bilhões em 2021, 30% a mais do que o ano anterior, e que não para de crescer. DIRETO DA LAVOURA A LivUp é uma das foodtechs que está tornando essa aproximação possível. Fundada em 2016, a startup iniciou a trajetória comercializa

Invasões do MST chegam a 24 áreas em 10 Estados e no DF

24 propriedades já foram invadidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 11 estados do país durante o chamado Abril Vermelho, segundo dados divulgados na manhã desta terça (16) pelo grupo. As ocupações começaram ainda no fim de semana e, de acordo com o movimento, devem se estender até sexta (19) na Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. Além das invasões, o grupo promoveu outras seis ações diversas como montagem de acampamentos em alguns estados, assembleias e manifestações. As ações ocorrem mesmo após o  anúncio de um programa do governo federal para a reforma agrária que vai destinar R$ 520 milhões  para a compra de propriedades ainda neste ano para assentar cerca de 70 mil famílias do movimento. Entre os estados que tiveram invasões a propriedades estão Pernambuco – com a terceira ocupação de uma área da Embrapa –, Sergipe, Paraná, São Paulo, Goiás, Rio de Janeiro, Bahia, entre outros. “Até o momento, a Jornada contabiliza a realização de 30 aç

GM está saindo de suas torres de sede em Detroit

  A General Motors  planeja transferir sua sede global para o novo complexo  Hudson  ’s em Detroit em 2025, abandonando sua icônica localização no Renaissance Center.  A GM  continuará a ser proprietária do RenCen, como é chamado, e se juntará a uma parceria com a imobiliária Bedrock, a cidade de Detroit e o condado de Wayne para reconstruir o conjunto de torres que dominam o horizonte de Detroit. A GM será a inquilina âncora do projeto Bedrock's Hudson's Detroit, que foi construído no local da antiga loja de departamentos JL Hudson. Esta será a quarta sede da GM em Detroit. A localização fica na Woodward Avenue, onde a GM estabeleceu sua primeira sede em 1911. A GM assinará um  contrato de arrendamento  de 15 anos para os andares superiores de escritórios do complexo Hudson, juntamente com espaços no nível da rua para exibir seus veículos e para atividades públicas.  Hudson's Detroit  é um empreendimento de 1,5 milhão de pés quadrados que, de outra forma, contará com lojas

Mais uma derrota do Governo: Câmara aprova urgência para projeto que autoriza “força policial” contra MST

  A Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (16) o projeto de lei PL 895/23, que estabelece sanções administrativas e restrições a ocupantes e invasores de propriedades rurais e urbanas. Uma das medidas previstas no projeto é a permissão do uso da força policial para expulsar invasores de propriedades sem a necessidade de uma ordem judicial. A urgência na tramitação do projeto ocorre em meio a recentes invasões de terras cometidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como parte das ações do Abril Vermelho. Pelo menos 24 propriedades foram invadidas pelo MST em 11 estados até a segunda-feira (15). O projeto estava pendente de votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No entanto, deputados da oposição e do Centrão conseguiram aprovar um requerimento de urgência para que o projeto fosse votado em sessão plenária. A decisão de votar a urgência foi criticada por parlamentares governistas, que consideraram uma “quebra de acordo” alegando que o projeto não

Brasil registra um acidente de trabaho a cada 51 segundos

  Um acidente de trabalho é registrado a cada 51 segundos no Brasil, de acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esse número coloca o Brasil no topo da lista de países mais perigosos para os trabalhadores, ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia. Só em 2022, o país registrou 612,9 mil acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22% em relação a 2021. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (SINAIT), Bob Machado, o aumento no número de acidentes laborais é um reflexo da atual situação da inspeção do trabalho no País. “O Brasil conta, hoje, com o menor contingente de auditores-fiscais do trabalho (AFTs) dos últimos 30 anos, operando com uma quantidade de profissionais bem abaixo da ideal. Isso dificulta muito o trabalho de fiscalização nas empresas e abre brechas para que mais acidentes aconteçam”, disse. Dados da OIT e do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostram que as principais causas de acidentes

Placa Mercosul deve mudar mais uma vez para exibir cidade e estado

  A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou, nesta terça-feira (16), o  Projeto de Lei  3.214/2023, que  defende que placas de veículos voltem a exibir o estado e o município de registro no Brasil . Agora, a proposta seguirá para votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O autor do PL é o senador Esperidião Amin (PP-SC). De acordo com o relator,  informações como estado e município podem facilitar a identificação de um veículo em situações irregulares por parte das autoridades de trânsito . "As polícias rodoviárias, agentes de tráfego e outros órgãos de fiscalização dependem dessa informação para realizar seu trabalho de forma eficiente e precisa", afirma Amin. O autor do PL é o senador Esperidião Amin (PP-SC). De acordo com o relator,  informações como estado e município podem facilitar a identificação de um veículo em situações irregulares por parte das autoridades de trânsito . "As polícias rodoviárias, agentes de tráfego e outros órgãos de fiscalizaç

DORIA NÃO MENTE