A cor do olho de Ian Crozier mudou de azul para verde após infecção causada pelo vírus ebola. Segundo os médicos, o organismo foi encontrado no olho do paciente meses após ele ter sido curado da doença
Dois meses após ter sido curado da infecção pelo vírus ebola, o médico americano Ian Crozier foi ao Hospital Universitário Emory, em Atlanta, relatando problemas na visão. O resultado dos exames foi surpreendente e mostrou que o olho do médico estava tomado pelo vírus. A descoberta, publicada quinta-feira no periódico científico The New England Journal of Medicine, é desdobramento inédito da doença, ainda pouco conhecida.
Apesar da contaminação, testes adicionais mostraram que as lágrimas e a superfície do olho de Crozier estavam livres do vírus. Como a transmissão do ebola ocorre por fluídos corporais, isso significava que não havia risco de que ele pudesse ter contamado outras pessoas.Mudança na cor do olho - O ebola presente no olho esquerdo de Crozier causou uma infecção conhecida como uveíte. A afecção aumenta a pressão intraocular. O doente tem o olho inchado e dificuldade para enxergar. Crozier foi submetido a uma terapia para tratar da uveite, mas os medicamentos não fizeram efeito -- a infecção piorou. Até que um dia, segundo reportagem do The New York Times, Crozier notou ao acordar que sua íris havia mudado de cor -- de azul para verde.
Os médicos do Hospital Universitário Emory decidiram então tratar o problema com um medicamento antiviral experimental -- o nome do remédio ainda não foi divulgado. Antes de usá-lo, os especialistas pediram autorização para da Food and Drug Administration, agência reguladora americana. O tratamento fez efeito. A infecção sumiu e íris de Crozier voltou a ser azul.
A epidemia de ebola - Segundo a Organização Mundial da Saúde, a epidemia de ebola na África Ocidental já provocou mais de 11 mil mortes. Entre as maiores dificuldades da medicina é descobrir os efeitos da doença nos sobreviventes em longo prazo. Os principais sintomas relatados pelos pacientes curados até agora são: dor nas articulações, fadiga, dor de cabeça, perda auditiva e problemas na vista. Atualmente, também já se sabe que, mesmo após a cura, o vírus permanece no sêmen dos pacientes - por onde pode ser transmitido. E agora, surge mais um sintoma -- a mudança na cor da iris.
(Da redação)
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