Pular para o conteúdo principal

Imigrantes estrangeiros em depósito humano em uma sala do aeroporto de Guarulhos (SP)

Nas últimas semanas, entidades ligadas a direitos humanos têm denunciado as condições desumanas em que dezenas de estrangeiros ficam confinados numa 
sala conhecida como Conector, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Distante da populosa área de embarque e do glamour dos free shops, este ambiente está escondido no Terminal 3 do maior aeroporto do País. Em resposta, a Polícia Federal, responsável pelo local, divulgou imagens do espaço que enfraqueceriam as denúncias. Nelas, é mostrado um ambiente quase confortável, com sofás e cadeiras, onde pessoas conversam descontraidamente. Não foi isso que ISTOÉ encontrou na semana passada, quando visitou o Conector. Para quem entra lá, é possível sentir o cheiro forte desde o primeiro momento. Cobertores, vestes e pertences pessoais se amontoam nos cantos da sala. O desalento e a agonia marcam a expressão dos estrangeiros que habitam o espaço. O fluxo de pessoas é intenso. Durante o período em que a reportagem esteve no local, cerca de uma hora, a Polícia Federal informou que três imigrantes conseguiram o refúgio e dois novos chegaram. O espaço já chegou a abrigar 40 estrangeiros que foram impedidos de seguir viagem por terem sido avaliados como perfis migratórios suspeitos ou por apresentarem problemas na documentação. No Conector, a comunicação e o acesso à informação são difíceis. A maior parte das pessoas vem de países africanos e fala francês – alguns arriscam palavras em inglês.
abre.jpg
VIDA REAL
Acima, foto feita pela reportagem na sala Conector mostra estrangeiros
deitados sobre cobertores, em péssimas condições
O jovem Bah Thierno Madjou, de 24 anos, chegou da Guiné no dia 19 de junho e ainda não havia sido ouvido pelos agentes da Polícia Federal até a terça-feira 23. Em francês, disse que se formou em Sociologia e veio visitar o irmão, Abdul Bah, que vive há um ano em Cascavel, no Paraná. Madjou não pode entrar no País por problemas na documentação. “Terminei a faculdade na capital Conacri e fazia estágio em um banco, mas depois do Ebola o país ficou detonado, todo mundo desconfiava das pessoas e evitavam o contato”, diz. Madjou tentou entrar no Brasil com visto de turista e não conseguiu. Ele não sabe onde está sua bagagem e passa os dias com uma mochila e um livro recostado próximo às janelas. Do lado de fora do Conector, na área da Delegacia da Polícia Federal, o irmão tenta contato por telefone, agoniado. Ele explica que Madjou possuía o visto, dinheiro, e uma reserva de hotel. “Os imigrantes são abandonados no Conector sem assistência jurídica, por tempo indeterminado até que consigam verbalizar um pedido de refúgio”, afirma Daniel Chiaretti, defensor público federal. “Eles ficam apenas com a roupa do corpo, sem contato com a família e em condições de extrema vulnerabilidade.”
01.jpg
Podem ficar detidos na sala imigrantes que tem o Brasil como destino final e aqueles que fazem apenas conexão no País, mas são barrados pelas companhias aéreas no segundo voo. “As empresas afirmam que alguns não possuem perfil migratório e decidem não embarcá-los”, diz Chiaretti. “Ao deixar essas pessoas somente nas mãos na Polícia Federal, podemos colocar em risco o direito de proteção aos potenciais solicitantes de refúgio”, afirma Camila Asano, coordenadora de Política Externa da Conectas. “Seria necessário o acesso a outros órgãos do Estado, como a Defensoria Pública da União.” Segundo entidades de direitos humanos, muitos estrangeiros que ficam no espaço temem ser enviados de volta ao país de origem e desconhecem as leis de refúgio brasileiras. “Eles sentem dificuldade para receber as informações do aeroporto e da Polícia”, diz Eliza Donda, advogada da Missão Paz. De acordo com ela, há relatos de imigrantes que tentaram solicitar o protocolo de refúgio para a polícia, mas não foram atendidos. “Eles se sentem rebaixados, sem saber por que estão detidos”, afirma.
02.jpg
Para o delegado titular da Delegacia de Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos, Wagner Castilho, organizações de tráfico humano usam o Brasil como rota entre a África e os Estados Unidos. “Muitas dessas pessoas são vítimas de coiotes e usam a lei brasileira de refúgio como um plano B para ficar no País”, diz. Segundo o delegado, a Polícia Federal não pode induzir o pedido de refúgio, mas uma equipe formada por três agentes monitora o Conector para identificar os solicitantes. No Brasil, vigoram duas leis, que incidem sobre essa população, consideradas contraditórias por especialistas. A Lei do Refúgio, de 1997, prevê proteção a qualquer imigrante que chega ao País, sem necessidade de documentos específicos. Por outro lado, o Estatuto do Estrangeiro, de 1979, remete o imigrante ao controle Polícia Federal. “É um resquício da ditadura na qual a migração é vista como ameaça à soberania e o Conector é um das consequências da falta de uma política nacional de imigração”, diz Cleyton Borges, coordenador do Centro de Referencia e Acolhida para Imigrantes (CRAE). Em janeiro deste ano, um termo de cooperação técnica foi assinado pelo Ministério Público Federal, pela Secretaria Nacional de Justiça e Defensoria Pública da União para melhorar o atendimento aos estrangeiros que chegam ao aeroporto.
Fotos: Airam Abel; Polícia Federal/Divulgação

Comentários

ᘉOTÍᑕIᗩS ᗰᗩIS ᐯISTᗩS

ELAS

  Swanepoel, sempre ela! A modelo Candice Swanepoel sempre é motivo de post por aqui. Primeiro, porque é uma das mulheres mais lindas do mundo. Depois, porque faz os melhores ensaios da Victoria’s Secret. Depois de agradar a todos no desfile da nova coleção, ela mostrou toda sua perícia fotográfica posando de lingerie e biquíni. Tags:  biquini ,  Candice Swanepoel ,  ensaio sensual ,  lingerie ,  victoria's secret Sem comentários » 29/11/2011   às 20h02   |  gatas Lady Gaga é muito gostosa, sim, senhor. A prova: novas fotos nuas em revista americana A estrela pop Lady Gaga é conhecida pela extravagância na hora de se vestir e pelos incontáveis sucessos nas paradas do mundo todo. Agora, a cantora ítalo-americana também será lembrada por suas curvas. A revista Vanity Fair fez um ensaio para lá de ousado em que Mother Monster (como Gaga é carinhosamente chamada pelos fãs) mostra suas curvas em ângulos privilegiados. A primeira foto é

Agricultura familiar conectada

  #Agrishow2022euaqui - A revolução tecnológica demorou a chegar, mas finalmente começou a transformar a vida do pequeno agricultor familiar brasileiro. Com o surgimento das foodtechs, aliado ao aumento da confiança na compra on-line de alimentos e na maior busca por comidas saudáveis por parte do consumidor, o produtor de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos começa a operar em um novo modelo de negócio: deixa de depender dos intermediários — do mercadinho do bairro aos hipermercados ­— e passa a se conectar diretamente ao consumidor final via e-commerce. Os benefícios são muitos, entre eles uma remuneração mais justa, fruto do acesso direto a um mercado que, segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), movimentou R$ 5,8 bilhões em 2021, 30% a mais do que o ano anterior, e que não para de crescer. DIRETO DA LAVOURA A LivUp é uma das foodtechs que está tornando essa aproximação possível. Fundada em 2016, a startup iniciou a trajetória comercializa

DORIA NÃO MENTE

Brasil registra um acidente de trabaho a cada 51 segundos

  Um acidente de trabalho é registrado a cada 51 segundos no Brasil, de acordo com dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esse número coloca o Brasil no topo da lista de países mais perigosos para os trabalhadores, ficando atrás apenas de China, Índia e Indonésia. Só em 2022, o país registrou 612,9 mil acidentes, que causaram 2.538 mortes, um aumento de 22% em relação a 2021. De acordo com o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (SINAIT), Bob Machado, o aumento no número de acidentes laborais é um reflexo da atual situação da inspeção do trabalho no País. “O Brasil conta, hoje, com o menor contingente de auditores-fiscais do trabalho (AFTs) dos últimos 30 anos, operando com uma quantidade de profissionais bem abaixo da ideal. Isso dificulta muito o trabalho de fiscalização nas empresas e abre brechas para que mais acidentes aconteçam”, disse. Dados da OIT e do Ministério Público do Trabalho (MPT) mostram que as principais causas de acidentes

Confira quais são os principais lançamentos do Salão de Pequim 2024

  Com as montadoras chinesas crescendo fortemente no Brasil e no mundo, a edição 2024 do Salão do Automóvel de Pequim irá apresentar novidades que vão impactar não apenas o mercado chinês, como também revelar modelos que devem ganhar os principais mercados globais nos próximos anos Este ano nós do  Motor1.com Brasil  também está lá, mostrando os principais lançamentos que serão realizados na China. Além de novidades que ainda podem chegar ao Brasil, o que vemos aqui também chegará à Europa em breve. Isso sem contar as novidades da  BYD  para o nosso mercado. Audi Q6 e-tron O novo SUV elétrico da Audi se tornará Q6L e-tron. A variante com distância entre eixos longa do já revelado Q6 e-tron fará sua estreia no Salão do Automóvel de Pequim. O novo modelo, projetado especificamente para o mercado doméstico de acordo com os gostos dos motoristas chineses, será produzido na fábrica da Audi FAW NEV em Changchun, juntamente com o Q6 e-tron e o A6 e-tron. Reestilização do BMW i4 BMW i4 restyli

Rancho D´Ajuda

Feliz Natal! Canadauence.com

O estapafúrdio contrato “ultraconfidencial” entre o Butantan e a Sinovac, que não especifica valor entre as partes

  O contrato que o Instituto Butantan, dirigido por Dimas Tadeu Covas, que diz não ter relação de parentesco com Bruno Covas, prefeito de São Paulo, e o gigante laboratório chinês Sinovac, acreditem, não determina quantidade e valor unitário da vacina. A grosso modo, o contrato beneficia apenas um lado no acordo: o chinês. As cláusulas do contrato, anunciadas, em junho, como “históricas” pelo governador de São Paulo, João Dória, revelam outras prioridades que, obviamente, não tem nada a ver com a saúde da população do Brasil, como o tucano chegou a afirmar para o presidente Jair Bolsonaro, quando fazia pressão para o chefe do executivo liberar a vacina no país. A descoberta ocorre na semana em que os testes com a vacina foram suspensos devido ao falecimento de uma voluntária, cujo motivo da morte – sequer – foi informado pelo Butantan à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é o órgão de proteção à saúde da população por intermédio de controle sanitário da produção e co