Nos últimos dois anos, os filmes que abriram o Festival de Cinema de Veneza fizeram barulho no Oscar, meses mais tarde. Em 2014,Gravidade, de Alfonso Cuarón, levou sete estatuetas douradas. Cinco delas por indicações técnicas: Fotografia, Montagem, Efeitos Visuais, Edição de Som e Mixagem de Som. No começo deste ano, Birdman, de Alejandro González Iñárritu, abocanhou quatro prêmios, três de criatividade: Melhor Filme, Direção e Roteiro Original. Na semana passada, foi a vez de Evereste, do islandês Baltasar Kormákur, abrir a mostra italiana. O filme, que estreia no Brasil no próximo dia 24, acompanha um grupo de alpinistas, representados por um elenco repleto de astros (entre eles Jake Gyllenhaal, Jason Clarke e Josh Brolin), pego pela pior nevasca já registrada na montanha mais alta do mundo, em 1996. Com enredo de provocar lágrimas e efeitos especiais de dar vertigem ao espectador, Evereste pode confirmar a escrita – e se cobrir de estatuetas.Apesar de não creditar suas fontes de inspiração, o filme é baseado em dois livros sobre a tragédia que matou oito pessoas. Um, já transformado em filme para a televisão em 1997, é No ar rarefeito, do jornalista John Krakauer, que sobreviveu à nevasca. O outro é Deixado para morrer, do alpinista Beck Weathers. Ele foi dado inicialmente como morto, mas conseguiu descer a montanha sozinho. No novo filme, os dois pontos de vista se misturam.
Morre-se de várias maneiras diferentes na escalada de uma montanha alta, num cardápio
macabro e variado – os alpinistas podem ficar cegos, cair de penhascos, ser congelados lentamente ou sepultados de vez por deslizamentos. O espectador compartilha desse terror em 3D e, em algumas cidades, também em salas IMAX, com tela côncava gigante e trilha sonora gravada separadamente.
O diretor aproveitou ao máximo o recurso do 3D. A expressão “noção de profundidade” ganha um novo significado. As cenas de montanha foram gravadas na Itália e em estúdio, mas quem se dispuser a imergir no filme esquecerá isso num instante e será transportado às alturas do Nepal. Tal feito se assemelha ao de Gravidade, que fez muita gente prender a respiração imaginando como seria estar à deriva no espaço.
Evereste também tem o apelo emocional de tragédia, como Titanic, que ganhou o prêmio de Melhor Filme em 1998. A história real não abre espaço para a criação de cenas de resgates heroicos de última hora. Além disso, com duas horas para mostrar as longas subida e descida, não há espaço para que todos os personagens ganhem profundidade. Evereste não tem a audácia técnica de Gravidade, nem a ambição narrativa de Birdman. Mas sobra tensão, e a tensão criada pela tempestade deixa claro: alguém morrerá. O espectador não sabe quem nem como. O filme tem os ingredientes necessários para marcar a memória dos olheiros do Oscar. Ninguém paga os preços abusivos dos ingressos das sessões 3D só para se afeiçoar a personagens marcantes. O espectador quer ser arrebatado e acreditar no que está vendo. E o diretor aposta na dose bruta de realidade para criar empatia no público.
O diretor aproveitou ao máximo o recurso do 3D. A expressão “noção de profundidade” ganha um novo significado. As cenas de montanha foram gravadas na Itália e em estúdio, mas quem se dispuser a imergir no filme esquecerá isso num instante e será transportado às alturas do Nepal. Tal feito se assemelha ao de Gravidade, que fez muita gente prender a respiração imaginando como seria estar à deriva no espaço.
Evereste também tem o apelo emocional de tragédia, como Titanic, que ganhou o prêmio de Melhor Filme em 1998. A história real não abre espaço para a criação de cenas de resgates heroicos de última hora. Além disso, com duas horas para mostrar as longas subida e descida, não há espaço para que todos os personagens ganhem profundidade. Evereste não tem a audácia técnica de Gravidade, nem a ambição narrativa de Birdman. Mas sobra tensão, e a tensão criada pela tempestade deixa claro: alguém morrerá. O espectador não sabe quem nem como. O filme tem os ingredientes necessários para marcar a memória dos olheiros do Oscar. Ninguém paga os preços abusivos dos ingressos das sessões 3D só para se afeiçoar a personagens marcantes. O espectador quer ser arrebatado e acreditar no que está vendo. E o diretor aposta na dose bruta de realidade para criar empatia no público.
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