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A caridade paga a conta, a crise econômica atinge em cheio as instituições filantrópicas

Fazer trabalho social no Brasil não é tarefa simples. E, em tempos de crise, a situação piora. Entidades assistenciais e filantrópicas têm a difícil missão de reorganizar o orçamento, fechar novas parcerias e criar alternativas para aumentar a captação de recursos e tentar reverter os efeitos negativos do período de recessão atual. Instituições de diversos setores já sentiram os impactos da estagnação. “Existe uma retração forte, houve corte de verbas de quem recebia repasses do governo e do setor privado”, diz Vera Mazagão, diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Governamentais (Abong). De acordo com ela, as doações diminuíram em média 30%. “A área social é sempre a mais atingida, faltam incentivos para pessoas físicas doarem mais e muitas empresas preferem ter seus próprios projetos de renúncia fiscal.” A doação a instituições de caridade é um dos primeiros itens cortados do orçamento familiar em tempos de crise. E, para o próximo ano, as expectativas são ainda mais sombrias. Em novembro, segundo a associação, as empresas já estariam planejando o volume de recursos a ser doado. Entretanto, o que se vê são cortes iminentes.
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LIMITE
Com uma redução de 30% no volume de doações, a AACD
racionalizou recursos e tenta angariar verba para não
comprometer ainda mais o atendimento
A associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), com sede em São Paulo, tem um orçamento anual que gira em torno de R$ 240 milhões para manter as 17 unidades em todo o País. Com 1,4 milhão de atendimentos, a entidade que dá amparo a crianças com deficiência sente os efeitos da crise: os donativos diminuíram 30% em relação ao ano passado e duas unidades, em Santana e Campo Grande, fecharam em setembro. “Essa queda nas doações nunca foi sentida antes”, diz Ângelo Franzão, superintendente de marketing e captação de recursos da AACD. Nos anos anteriores, as contribuições vinham crescendo entre 15% e 20%. O orçamento da instituição é composto também por recursos vindos do Sistema Único de Saúde (SUS) e de convênios particulares. Para suprir o aumento nas contas de energia e no preço das máquinas importadas, a AACD criou mais campanhas de captação de recursos. “Racionalizamos os investimentos, otimizamos recursos e estamos tentando captar mais”, afirma Franzão.
Em um cenário de dificuldades, a diretora da Abong explica que é necessário diversificar as fontes de recursos. A Associação Prato Cheio, que arrecada e distribui alimentos desperdiçados para outras instituições, tem parceria com empresas, patrocinadores e ainda realiza oficinas culinárias em organizações. Mesmo assim, a crise impactou no orçamento da organização. “Estamos arrecadando menos alimentos, estou buscando novos parceiros e fazendo mais eventos para angariar produtos perecíveis”, diz Patrícia Barbieri, gerente geral da ONG. Desde o segundo semestre do ano passado, a entidade sofreu uma queda de 40% nas arrecadações. As doações de empresas caíram 25% e de pessoas, 5%. “Tivemos que reduzir a frota de veículos, estamos trabalhando com voluntários. Com isso, às vezes, não consigo atender à demanda”, diz. A gerente diz que, antes, empresas parceiras disponibilizavam o transporte para entrega dos alimentos. Com a crise, o serviço foi cortado. O caminho que a entidade encontrou para driblar os efeitos da estagnação econômica foi oferecer oficinas de culinária pagas para complementar o orçamento. A meta era arrecadar 200 toneladas de alimentos até o fim do ano, mas a perspectiva é de 150.
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SOLIDARIEDADE
A Prato Cheio arrecada e distribui alimentos desperdiçados para
outras instituições. Mas já sente os efeitos da recessão
Um dos maiores problemas para o setor é a falta de incentivo para doações. Apesar de não ter sofrido uma queda percentual nas contribuições, a organização sem fins lucrativos ACTC – Casa do Coração, que oferece assistência à criança e ao adolescente portadores de problemas cardíacos graves, teve de realizar o dobro de ações para não comprometer a receita e o atendimento. A entidade, com sede em São Paulo, recebe e acolhe crianças de todo o País e as encaminha para centros de atendimento médico. Somente este ano foram atendidas 528 crianças, que permanecem na instituição com seus acompanhantes por até 40 dias. “Tivemos um aumento de 20% nas contas de água, energia e alimentação”, diz Regina Amuri Varga. “A captação de recursos está mais difícil. Hoje reduzimos em 20% o aluguel de quartos de pensões vizinhas para acomodar as crianças.” O resultado disso será, segundo Vera, da Abong, uma brusca redução em projetos sociais e uma limitação dos serviços prestados. “Antes as entidades sociais recebiam cerca de 80% dos recursos de cooperações internacionais. Hoje, elas estruturaram suas receitas e apenas 20% do dinheiro vem de fora”, afirma a diretora. Se depender do cenário econômico do País, e da má vontade dos doadores, esse trabalho pode começar a ruir.
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Fotos: João Castellano/Ag. Istoé; Divulgação

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ELAS

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