Entre as muitas reuniões que manteve na semana passada, o vice-presidente da República, Michel Temer , teve tempo de confidenciar a um amigo seu desconforto. Os dois políticos tratavam, óbvio, do que todos falavam em Brasília – as possibilidades postas na mesa de, diante da crise, a presidente Dilma Rousseff não terminar seu mandato. Sempre discreto e com meias palavras, inclusive com os mais próximos, Temer se permitiu dizer que “não se sentiria confortável” se tivesse de assumir o comando do país numa conjuntura como a atual. Temer não desperdiça palavras. Formal até nesses contatos, ficou claro que usou o argumento para transmitir um recado incisivo: vai rechaçar qualquer especulação sobre um possível afastamento de Dilma antes da transmissão do cargo, em 2019. Mas só o fato de essa possibilidade ser tema de uma conversa a sério, com Temer, demonstra o grau de incerteza a que chegou o Brasil – e o risco a que está submetido o mandato de Dilma . Para evitar essa