Na decisão em que autorizou a prisão temporária do empresário Ronan Maria Pinto, o juiz federal Sergio Moro argumentou que "é possível" que o esquema de corrupção da Petrobras, investigado na Operação Lava Jato, tenha comprado o silêncio do empresário, como alegou o operador Marcos Valério Fernandes de Souza em tentativa de delação premiada. Ronan foi o beneficiário final de um empréstimo de R$ 12 milhões do banco Schahin. Valério disse que R$ 6 milhões foram repassados porque ele ameaçava envolver figurões do PT nas investigações do assassinato do então prefeito de Santo André, Celso Daniel, em 2002. É possível que este esquema criminoso tenha alguma relação com o homicídio, em janeiro de 2002, do então prefeito de Santo André, Celso Daniel. O irmão deste, Bruno José Daniel, foi ouvido em depoimento. Relatou em síntese que, após o homicídio, lhe foi relatada a existência desse esquema criminoso e que envolvia repasses de parte dos valores da extorsão ao Partido dos Trabalhadores. O fato lhe teria sido relatado por Gilberto Carlvalho e por Miriam Belchior. O destinatário dos valores devidos ao Partido dos Trabalhadores seria José Dirceu de Oliveira e Silva. Levantou suspeitas ainda sobre o possível envolvimento de Sergio Gomes da Silva no homicídio do irmão. Declarou não ter conhecimento do envolvimento de Ronan Maria Pinto no episódio ou de extorsão por ele praticada contra o Partido dos Trabalhadores", disse Moro.
O magistrado demonstrou ainda que, confirmado o relato de Marcos Valério, a conduta de Ronan "é ainda mais grave, pois, além da ousadia na extorsão de na época autoridades da elevada Administração Pública, o fato contribuiu para a obstrução da Justiça e completa apuração dos crimes havidos no âmbito da Prefeitura de Santo André".
Em nota, a assessoria de imprensa de Ronan Maria Pinto diz que ele "sempre esteve à disposição das autoridades de forma a esclarecer com total tranquilidade e isenção as dúvidas e as investigações do âmbito da operação Lava Jato" e que "todas as denúncias que o envolveram ao longo dos anos foram ou estão sendo investigadas e Ronan Maria Pinto vem sendo defendido e absolvido".
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