"Filme dos X-Men vai estrear nessa semana" não é exatamente uma frase inédita. Os mutantes acumulam 9 produções baseadas nos quadrinhos (6 sobre a equipe, 2 focados no herói Wolverine e um no mercenário Deadpool), todos lançados ao longo de um período de 16 anos. Sem contar o último deles, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (19), a soma dos longas já arrecadou 3,8 bilhões de dólares - é a sétima franquia mais lucrativa da história de Hollywood.
O novo da vez é X-Men: Apocalipse. Quando o título foi anunciado, em 2013, a notícia movimentou fóruns de discussão espalhados pela internet. Os fãs não precisavam mais do que uma palavra. "Apocalipse" é o nome de um dos maiores vilões da Marvel, responsável por alguns dos mais importantes arcos envolvendo mutantes nas HQs. Junto com o título foi confirmado o diretor, Bryan Singer - o mesmo cara que já havia cuidado de outros três longas da série, que revelou: o filme se passaria nos anos 1980 e mostraria a adolescência de alguns dos mais populares personagens da série. Mesmo com o potencial, parte dos insatisfeitos com o resultado de Dias de Um Futuro Esquecido (o último filme do grupo) ficou com o pé atrás. Agora, com o longa nos cinemas, dá para afirmar: o filme é recheado de erros, mas quando acerta, acerta bem.
Acertos
1. O elenco
A segunda triologia do grupo de mutantes, iniciada em 2011 com Primeira Classe, sempre teve seu elenco como trunfo. Entre os protagonistas, o vencedor do BAFTA James McAvoy como Professor Xavier, a então indicada - e depois vencedora - do Oscar Jennifer Lawrence vivendo Mística, e a promessa alemã Michael Fassbender na pele do vilão Magneto. Em Apocalipse, esse leque só aumenta: o inimigo que dá nome ao título é interpretado por Oscar Isaac, que se consagrou como uma das melhores atuações de Star Wars: O Depertar da Força, mesmo com uma participação relativamente curta. Também entra no time Sophie Turner, a Sansa Stark deGame of Thrones, interpretando a versão adolescente de Jean Grey.
O grupo de atores consegue ser a principal qualidade do filme. Mais do que um bom roteiro ou uma boa direção, Apocalipse tem ótimas atuações. Isaac, aliás, consegue segurar a onda de interpretar um dos personagens mais marombas da Marvel, sem ter o corpo de um halterofilista. O Apocalipse dos cinemas em momento nenhum entra no combate corpo a corpo. Isaac consegue deixar claro, no olhar, que o próprio vilão sabe que ele não precisaria disso.
2. A evolução dos personagens
O novo filme acompanha o crescimento dos personagens que já haviam sido mostrados previamente. Um Xavier mais maduro e paciente, uma Mística mais segura de suas posições e habilidades e um Magneto tentando seguir sua vida depois dos acontecimentos retratados nos longas anteriores. Apesar do personagem de Fassbender ter tomado um rumo um pouco mais brusco do que os outros protagonistas, é fácil se localizar na trama e entender as motivações de cada um deles. Isso é importante dentro de uma série: o sentimento de que as coisas não pararam no tempo, e que, durante o intervalo que ficamos sem vê-los, as coisas continuaram acontecendo. É uma ideia que traz vida e ritmo ao longa.
3. A introdução dos novos mutantes
Jean Grey, Ciclope, Noturno e Tempestade são alguns dos mais populares personagens dos X-Men, e a entrada deles na equipe é mostrada de forma fluida e interessante. Singer consegue aproveitar uma das qualidades nos quadrinhos: o descontrole. O fato dos personagens não conseguirem lidar com suas novas habilidades cria algumas das melhores cenas do longa, e deixa tudo muito mais empolgante. Assim, como todos os outros filmes do X-Men,Apocalipse trata, de alguma forma, sobre juventude; e o novo capítulo da série é um dos longas que consegue abordar isso maneira mais direta.
4. As consequências aos civis
Super-heróis acabam resultando em mortes. Tanto Batman vs Supermanquanto Capitão América: Guerra Civil têm esse fator como ponto crucial na trama. Apocalipse não aborda isso diretamente, mas prepara o terreno para o assunto de forma muito mais orgânica que os filmes da Marvel e da DC.
É raro em um filme de heróis ver os civis sendo mortos ou sofrendo grandes destruições. Em Vingadores: Era de Ultron, por exemplo, há um esforço gigantesco de roteiro para mostrar que as pessoas estão sendohttp://super.abril.com.br/cultura/quais-os-acertos-e-quais-os-erros-de-x-men-apocalipse salvas antes de Sokovia ser destruída. Apocalipse, por outro lado, mostra civis sofrendo a todo momento. Eles muitas vezes não tinham nada a ver com o que estava acontecendo - só tiveram azar de estar no lugar errado na hora errada. A escolha, apesar de cruel, dá um quê de verdade para o longa.
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