Em Mumbai, na Índia, a atriz e engenheira Komal Jha brincava com um lenço de cabelo e comia seu lanche da tarde - assistida por 14 mil pessoas do mundo inteiro. Ao mesmo tempo, adolescentes brincavam numa sala de aula no Congo que era transmitida para 70 espectadores. Na Nigéria, a viagem de ônibus de um rapaz em silêncio foi vista por 31 pessoas - o cara tinha mais espectadores do que likes na sua foto de perfil no Facebook.
Na era do Netflix e do Youtube, temos acesso ao conteúdo que quisermos, na hora que quisermos - só não dá para zapear. O Facebook lançou um mapa que traz de volta o prazer de mudar de canal várias vezes, sem ter que escolher nada para assistir. Só que os canais passaram a ser a vida diária de estranhos em todos os cantos do planeta.
A rede social começou a testar a transmissão de vídeos ao vivo em dezembro de 2015. Agora, o Facebook lançou o Live Map: um mapa que te permite zapear pelas transmissões do mundo inteiro. Como na televisão, os canais são uma grande mistura de jornalismo e subcelebridades? só que na Índia, na China e nos Emirados Árabes, tudo com apenas um clique.
O Live Map é um mapa-múndi cheio de pontos azuis, cada um representando um vídeo ao vivo. Vídeo em destaque são selecionados pelo Facebook e exibidos em uma barra à esquerda.
Até o lançamento do mapa, os usuários só ficavam sabendo dos vídeos live feitos por páginas que eles seguiam ou curtiam. Agora, os vídeos ficam abertos a uma audiência muito maior.
Komal Jha - a atriz que chegou às 14 mil visualizações enquanto comia seu lanchinho - foi o destaque da manhã durante todos os 18 minutos da sua transmissão. Para servir de comparação, a ABC News, que falava sobre o desaparecimento do avião da Egyptair, tinha por volta de 7 mil visualizações. Isso já pode ser um indício de que, na televisão das redes sociais, vídeos pessoais são muito mais atraentes que a mídia tradicional.
A ferramenta já está pegando no Brasil. Um tutorial de maquiagem era o live brasileiro mais visto, com 250 espectadores espalhados tanto aqui quanto nos Estados Unidos, e em países árabes e africanos. Mas tem sempre aquelas pérolas. Lives na academia parecem estar na moda. Tem personal trainer que dá a própria aula por vídeo, enquanto outros fortões só flexionam os músculos para os fãs em frente da câmera.
Cultos evangélicos e plantões policiais também estão entre os lives mais populares, mas a média de espectadores não passa dos 20. E para quem pensa que o Acre não existe, o estado estreou o uso da ferramenta para comemorar o dia da Defensoria Pública.
O Live Map é mais uma iniciativa do Facebook para tentar vencer o Youtube e o Periscope, as duas outras plataformas de transmissão ao vivo, com o prazer adicional de você não precisar saber exatamente o que está procurando. Basta passear com o mouse pelos pontos azuis para encontrar as bizarrices da internet - seja no Rio Grande do Sul ou na China.
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