Mais de 9 mil trabalhadores paralisaram a produção por 24 horas na fábrica em São Bernardo
Os trabalhadores da fábrica da Mercedes-Benz decidiram em assembleia realizada na manhã desta sexta-feira (31/03) parar a produção na fábrica de São Bernardo por 24 horas em protesto contra as reformas trabalhista e previdenciária, além do projeto de terceirização encaminhados pelo governo federal.
A paralisação que envolve 7.700 funcionários diretos e outros 2 mil prestadores de serviço faz parte do Dia Nacional de Mobilizações organizado por centrais sindicais e movimentos sociais em várias cidades do País. Os atos deste sexta fazem parte de um calendário de mobilizações contra as medidas propostas pelo governo de Michel Temer, que já tem uma greve geral confirmada e convocada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) para o dia 28 de abril.
No ABCD está em organização pelos sindicatos um ato no próximo sábado (08/04) que unirá diversas categorias, entre elas a metalúrgica, bancária e química, em passeata partindo da sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
“É necessário parar o País. Nossa Região sempre foi protagonista e agora, junto com outras categorias e movimentos sociais, esse dia 8 vai ser um dia de luta de todos. Vamos fazer esse ato regional para preparar o dia 28, quando faremos uma greve geral contra a reforma trabalhista, da Previdência e a terceirização”, disse o vice-presidente da entidade, Aroaldo Oliveira da Silva, durante a assembleia na Mercedes.
Os trabalhadores na unidade da Mercedes em São Bernardo aprovaram a paralisação por 24 horas e demonstraram disposição de luta para os próximos atos. / Foto: Edu Guimarães
EXPERIÊNCIA
Um trabalhador na montadora, que preferiu anonimato, relatou a experiência profissional como temporário, terceiro e funcionário direto em empresas metalúrgicas. “Eu já fui de tudo e tenho experiência o suficiente para ser contra essas reformas do governo. Como temporário é pura exploração, porque a gente vira peça descartável, renova o contrato enquanto for conveniente e depois manda embora na maior facilidade porque não tem multa.
Como terceiro, os benefícios não são os mesmos e o salário é bem inferior. Agora eu cheguei onde eu queria, sou contratado direto na Mercedes há seis anos e não vou deixar que tirem isso de mim. Todos devem lutar porque todos serão afetados”, apontou o funcionário na área de montagem.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC organiza a ida de uma caravana de 40 ônibus para o ato marcado para a tarde desta sexta na avenida Paulista.
AS REFORMAS
Na reforma trabalhista, o texto altera as regras do trabalho temporário, que poderá ter duração de 120 dias, podendo ser prorrogado por igual período, além de permitir a prevalência do acordo entre empresas e sindicatos dos trabalhadores sobre a legislação
Na reforma da Previdência, o governo propõe que o trabalhador precisa atingir a idade mínima de 65 anos e pelo menos 25 anos de contribuição para poder se aposentar - neste caso, serão recebidos 76% do valor da aposentadoria. Para receber a aposentadoria integral, o trabalhador precisará contribuir por 49 anos, sendo os 25 anos obrigatórios e 24 anos a mais.
Já o Projeto de Lei 4.302/98, aprovado na semana passada por 231 votos na Câmara dos Deputados, regulamenta a terceirização para ser usada em qualquer ramo de atividade das empresas privadas e de parte do setor público.
fonte: ABC Maior
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