Em assembleia realizada na manhã de ontem, os 364 trabalhadores da Ford que receberam telegrama demissional na semana passada aprovaram a proposta apresentada pela montadora norte-americana após quatro dias de negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O acordo reintegra 80 operários e oferece aos demais 294 mais de uma opção de desligamento.
É válido lembrar que esses funcionários possuem estabilidade garantida até janeiro do ano que vem. “Foi um processo muito difícil e obtivemos resultado que não atende a todos, mas entendemos que foi o possível de se construir. Com muito esforço conseguimos o retorno de 80 trabalhadores”, comentou o coordenador do comitê sindical da Ford José Quixabeira de Anchieta. “A companhia foi irredutível e alegou que haverá mais um corte no volume de produção em setembro.”
Para os 294 operários que não serão readmitidos, a Ford está oferecendo duas alternativas: o pagamento de cinco salários até janeiro, quando termina o período de estabilidade ou a adesão a um PDV (Programa de Demissão Voluntária) que pagará 83% do salário por ano trabalhado, além de um acréscimo de R$ 30 mil. Esta segunda opção, porém, vale apenas aos funcionários que possuem até dez anos de casa. Em relação aos empregados que possuem restrição médica, a empresa irá pagar valor referente a 140% do salário por ano trabalhado, além da quantia de R$ 7.500. “Por exemplo, para quem atuou por até dez anos na empresa e possui salário de R$ 2.000, irá receber montante de R$ 46,6 mil mais as verbas rescisórias”, exemplificou o diretor do sindicato Alexandre Colombo.
Por meio de comunicado à imprensa, a Ford afirmou que “os 80 empregados do grupo em TLO (Suspensão Temporária do Contrato de Trabalho ou lay-off) serão reintegrados na fábrica a partir da semana que vem”. “O efetivo restante será desligado para cumprir o objetivo de administrar o excesso de empregados, decorrente da redução do volume de produção em São Bernardo.” Com os ajustes, a planta somará 3.400 funcionários.
No início do ano, o sindicato considerava a situação da fábrica a mais complexa de sua base de cinco montadoras, pois a empresa passava por crise na planta de automóveis, tanto que implementou modelo em que por dois dias os funcionários produziriam caminhões e, em um, carros.
A maior crítica da entidade é o fato de ser fabricado apenas um modelo de automóvel na região, o New Fiesta, que ainda tem preço de mercado elevado. Questionados sobre rumores de que a unidade pudesse fechar, no entanto, sindicato e empresa negaram. Enquanto isso, em Camaçari (Bahia) o terceiro turno foi retomado neste ano devido às vendas crescentes do Ka.
fonte: Diario do Grande ABC
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