Fábrica Fiat Betim MG
Os operários da indústria ganharam uma força e tanto para enfrentar o trabalho pesado. Para dar mais um passo no processo de automação, algumas empresas começam a equipar seus funcionários com exoesqueletos nas linhas de montagem. A tecnologia está chegando às indústrias brasileiras para aumentar a produtividade e a segurança no chão de fábrica, unindo a destreza humana e a força de um robô.
Os exoesqueletos são estruturas robóticas que são vestidas pelos trabalhadores. As estruturas podem ser acopladas a braços, pernas, coluna e ombros, dependendo do tipo de esforço a ser realizado para uma determinada tarefa. O equipamento funciona como uma espécie de armadura, que aumenta a força do usuário e permite realizar tarefas pesadas, com menos esforço e desgaste físico.
Ao mesmo tempo em que proporcionam mais agilidade na realização de tarefas, os exoesqueletos também reduzem a incidência de lesões nas equipes operacionais e diminuem o número de acidentes de trabalho.
A Fiat, em Betim (MG) é a primeira fábrica da América Latina a importar as estruturas, que vêm da Suíça e dos Estados Unidos e custam US$ 14 mil cada. A solução foi introduzida no final de 2017 e a montadora já está expandindo a tecnologia para outras unidades operacionais fora do Brasil. Indústrias automotivas de outros países também usam o recurso, como a Nissan, no Japão, a Audi, na Alemanha e a Ford, nos Estados Unidos.
Simulação virtual
A Fiat decidiu adotar os exoesqueletos depois de usar um software que simula novas linhas de montagem. Através da simulação virtual, uma equipe pôde perceber que a ergonomia dos funcionários ficaria prejudicada, antes mesmo da linha ser instalada e colocada em funcionamento. A partir dessas informações, foi feito um estudo sobre as possíveis soluções para o problema, até que se chegou ao exoesqueleto.
O uso desse tipo de equipamento é uma das tendências do mercado global de automação industrial. Segundo relatório da BIS Aerospace & Defense, divulgado no fim do ano passado, o mercado global de exoesqueletos deve ganhar escala nos próximos anos. Até 2026, o segmento deve crescer 47,4% ao ano em média, chegando ao patamar de US$ 4,65 bilhões anuais, incluindo aplicações industriais e para o segmento de saúde.
Além da versatilidade, a tecnologia de exoesqueletos para uso industrial permite sinergia com outras soluções, como a Internet das Coisas, permitindo integrar os equipamentos a sistemas de coleta e análise de dados que impulsionam a chamada Indústria 4.0, caracterizada pela digitalização e automação dos processos produtivos.
Indústria 4.0
Segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério da Indústria e Comércio, menos de 2% das indústrias nacionais estão inseridas no conceito da Indústria 4.0, caracterizado pela robotização e digitalização. Mas a expectativa é de que nos próximos 10 anos, 15% delas estejam trabalhando neste patamar de desenvolvimento tecnológico.
Esse movimento vai representar um salto de produtividade para a indústria brasileira. Na Indústria 4.0, dados de máquinas e processos são digitalizados e interconectados, de modo a se formar uma planta cibernética, em que a operação é automática e é possível visualizar seu funcionamento em ambiente virtual, detectando problemas e prevendo soluções.
A digitalização, conexão e análise de dados através de sistemas digitais permitem que informações sejam transformadas em inteligência, melhorando a qualidade na tomada de decisões. Como aconteceu com a Fiat na opção pelos exoesqueletos. O resultado é mais transparência nas ações, menos erros e desperdícios, e ganhos expressivos de tempo e produtividade.
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