São Paulo – Quatro mil lojas de autopeças deverão fechar as portas até dezembro, somente no Estado de São Paulo, por causa da redução na demanda gerada pela pandemia da covid-19. As estimativas são do Sincopeças-SP, Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo, que tem em seus registros cerca de 27 mil empresas varejistas de peças automotivas.
“Cerca de 15% do setor não sobreviverá à crise econômica” disse Francisco de La Tôrre, presidente da entidade e vice-presidente da Fecomércio-SP, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo. “Algumas empresas já não aguentaram os quase três meses sem poder vender e encerraram as atividades, incluindo algumas grandes. Este segmento sofreu muito com a crise nos últimos anos e já não tinha caixa saudável, o que complicou ainda mais o cenário atual”.
Para tentar minimizar o problema, Sincopeças-SP e Fecomércio-SP trabalham junto aos governos federal e estadual para que as empresas acessem linhas de crédito oferecidas para manter fluxo de caixa e os pagamentos em dia. “O governo federal até liberou um valor relevante, mas transferiu o risco para os bancos privados, que estão oferecendo condições inviáveis”.
De La Tôrre espera que o governo federal assuma o risco destes financiamentos por meio do Banco Central, BNDES ou Tesouro – algo que, segundo ele, deverá ser anunciado nas próximas semanas. Outra opção sugerida pelo executivo seria dar a garantia aos bancos privados de que, em caso de inadimplência no pagamento dos financiamentos, a dívida poderia ser assumida por um banco público – mas o governo não sinalizou a favor deste movimento.
A Fecomércio-SP estima que todo o comércio do Estado precisa de R$ 44 bilhões em linhas de crédito, com carência de pelo menos dezoito meses e 24 meses de parcelamento. Até o momento, considerando todos os segmentos do comércio no Estado de São Paulo, apenas 4% das pequenas e médias empresas conseguiram acessar as linhas de crédito que foram lançadas – por isso, as demissões já são uma realidade:
"Tanto nas autopeças quanto em outros segmentos demissões já estão acontecendo. As empresas usaram os sistemas de flexibilização dos contratos de trabalho, que foram oferecidos até onde foi possível".
O segmento de reparação automotiva, representado no Estado de São Paulo pelo Sindirepa e que conta com 14 mil empresas, enfrenta situação parecida com a do varejo de autopeças e aguarda linhas de financiamento que atendam às oficinas. Algumas, segundo o presidente Antonio Fiola, já fecharam as portas pela falta de faturamento e de fluxo de caixa.
“Teve outro problema: os impostos foram cobrados nesse período. O governo não aliviou e ajudou a piorar a situação das empresas".
Fiola disse não ter conhecimento de oficinas que tiveram acesso a financiamentos. O setor de reparação demanda linhas que tragam capital de giro para 30 a 60 dias, com pelo menos um ano de carência.
Foto: LuqueStock / Freepik.
fonte: Autodata
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