Partido usava a plataforma para envio automatizado de mensagens. Partido alega interesse político.
O Partido dos Trabalhadores teve nove de suas contas no aplicativo WhastApp desativadas nas duas últimas semanas por envio automatizado de mensagens, em um processo que envolveu denúncias de spam político. A plataforma proíbe o uso para divulgar spams e robôs. Somente quatro contas foram restabelecidas.
O envio de spam não é proibido pela lei brasileira, mas pelas regras do WhatsApp, que desativa quem “enviar mensagens em massa ou automatizadas que violam nossos termos de serviço” —2 milhões de contas são banidas por mês em todo mundo.
De acordo com Gleisi Hoffmann, presidente do partido, a punição aconteceu por causa do apoio do partido ao PL da censura, também chamado de PL da Fake News, que é duramente criticado pela empresa em alguns pontos.
O PT também teve contas no Facebook bloqueadas. Hoffmann acusa a plataforma de “ter lado” e “não ser transparente”. Segundo a presidente do PT, “o bloqueio desses canais ocorreu justamente dias depois que iniciamos o abaixo-assinado pelo impeachment [do presidente Jair Bolsonaro], com muitos apoiadores e entidades.”
Hoffmann reconhece que contratou empresa especializada em disparos em massa há pelo menos quatro meses. A empresa LEADWhats é de Curitiba e de acordo com Hoffmann, os envios têm como objetivo distribuir conteúdos para a base de filiados.
A reportagem esclarece que o WhatsApp disse que avalia processar a LEADWhats:
“Continuaremos a banir contas usadas para enviar mensagens em massa ou automatizadas e avaliaremos mais profundamente as nossas opções legais contra empresas que oferecem esses serviços, como fizemos no passado no Brasil.”
Fernando Haddad, ex-candidato a presidência, foi multado pelo Tribunal Superior Eleitoral, por impulsionar notícias contra Bolsonaro na internet, em março de 2019.
Nota oficial do PT
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, denunciou nesta segunda-feira (6), o bloqueio do canal de transmissão mantido pela legenda junto ao WhatsApp, empresa pertencente ao Facebook, para distribuição de notícias e conteúdos de interesse da sigla. O PT anunciou que está estudando as medidas judiciais cabíveis para reverter a decisão ou obter alguma explicação para o episódio. Gleisi anunciou que está criando um serviço oficial de informações do PT junto ao aplicativo Telegram.
A administradora do WhatsApp no Brasil, administrada pelo Facebook, determinou, em 26 de junho, o bloqueio dos canais que a legenda mantinha oficialmente na empresa – o Zap do PT – sem apresentar quaisquer razões para o bloqueio. “É muito estranho que a suspensão seja promovida sem qualquer explicação dada pela empresa, nem oficialmente, nem extra-oficialmente”, diz Gleisi. “Não há razão para isso. Todos os conteúdos distribuídos pelo PT no Zap eram relativos a material divulgado no site do partido”.
Gleisi cobra do Facebook no Brasil, e da matriz, nos Estados Unidos, que seja dada uma explicação oficial para a medida. A parlamentar denuncia que o bloqueio foi feito unilateralmente sem qualquer aviso ou explicação, de forma intempestiva. “O Zap do PT foi criado para divulgação de informações do PT aos seus filiados, constituindo comunicação legítima e voluntariamente consentida pelos usuários”, lembra Gleisi. A deputada encaminhou carta ao presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, para que a empresa se manifeste publicamente.
O lançamento deste canal foi divulgado publicamente, inclusive por meio de outros canais oficiais de WhatsApp. “Cumprimos de boa fé as normativas do aplicativo, tanto em relação ao conteúdo quanto ao acesso aos usuários”, aponta a deputada e presidenta do PT. “Não fomos informados das razões do bloqueio, sejam de ordem técnica ou referentes às normativas de uso do aplicativo”.
Segundo a Secretaria de Comunicação do PT, a legenda ficou impedida de se defender diante de qualquer alegação eventualmente feita contra o canal. Ou até mesmo corrigir falhas ainda desconhecidas. O bloqueio do ‘Zap do PT’ ocorre no momento em que o Congresso Nacional estuda uma nova legislação para regulamentar e estabelecer normas de conduta às empresas por conta das fake news.
Gleisi chama atenção para o fato de o bloqueio ter ocorrido também no momento em que o PT havia lançado uma campanha de coleta de assinaturas pelo impeachment de Bolsonaro. “O site da Frente Fora Bolsonaro vinha sendo objeto de uma campanha do partido nas redes sociais e nas plataformas de compartilhamento de conteúdo com o WhatsApp. E, curiosamente, o bloqueio ocorre logo depois da campanha internacional #StopBolsonaro”, lembra a parlamentar.
“A falta de resposta oficial ao nosso comunicado de 26 de junho denota falta de transparência na relação do WhatsApp e do Facebook com seus clientes e o bloqueio em si caracteriza prejuízo de nossos direitos como usuários do aplicativo”, critica Gleisi. “É grave o que está acontecendo. Quero denunciar publicamente o bloqueio arbitrário e a falta de transparência do Facebook”.
*Com informações da UOL e do PT
fonte: Estudos Nacionais.com
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