São Paulo – Negociações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC com a Volkswagen chegaram a um PDV, programa de demissão voluntária, na unidade Anchieta, em São Bernardo do Campo, SP. A ideia é oferecer o pagamento de 35 a 45 salários, variável de acordo com o tempo de trabalho na empresa, além das verbas rescisórias. Funcionários da área administrativa não são elegíveis ao PDV e, para os que ficarem, o reajuste salarial a partir do ano que vem até 2025, período em que terão estabilidade, será 4,5 pontos porcentuais menor.
As razões que motivaram essa negociação em busca de PDV são claras: diante da crise de fornecimento de semicondutores a Volkswagen viu baixar sua produção na unidade de 1,3 mil veículos/dia para 380 unidades/dia, ou seja, um terço do total. E, como consequência, volume excedente de mão de obra foi sendo formado a partir dos 450 colaboradores que atuavam no terceiro turno, que deve permanecer suspenso pelo menos até o fim de 2023, e pelos 1,9 mil que estão em lay off, somando 2 mil 350. O efetivo da unidade é de 7,9 mil profissionais, sendo 3,5 mil no chão de fábrica.
O coordenador do CSE, Comitê Sindical na Volkswagen, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho, exemplificou dizendo que, se na data base da categoria, em março do ano que vem, o INPC tiver acumulado 10%, na prática a correção salarial será de 5,5%. Destes 4,5 pontos já estava previsto pelo acordo coletivo vigente a diminuição de 1,5 ponto e, agora, somou-se a isso outros 3 pontos: “Os trabalhadores tradicionalmente recolhiam 3% do salário nominal para o pagamento do convênio médico. Agora a empresa não exercerá mais essa cobrança e reduzirá o mesmo porcentual no reajuste”.
Segundo o sindicalista nunca havia sido feito acordo do tipo, com esse novo cálculo de correção até 2025, mas foi o necessário para a preservação dos empregos: “O que está por trás disso é a manutenção dos postos de trabalho. A Volkswagen nos pediu ajuda para resolver a questão do excedente e chegamos a essa fórmula. Essa é a importância de se discutir acordo de longo prazo para garantir o emprego”.
O pacote do PDV, que será aberto no início do ano que vem, ainda sem data definida, também foi melhorado, pois anteriormente previa o pagamento de 25 a 35 salários, A proposta foi aprovada em assembleia na terça-feira, 14.
Nogueira da Silva avaliou que a situação é inédita e incerta, pois todos ficam reféns do fornecimento de semicondutores: “Quanto mais componentes, quando mais tecnologia embarcada, maior a dificuldade para finalizar a produção. E isso ocorre com Nivus, Virtus e Polo. Já a Saveiro é menos atingida”.
Para ele existe a expectativa de que de abril a maio o segundo turno seja retomado, se houver melhora no cenário. E, com isso, os profissionais em lay off voltam aos seus turnos. Já o terceiro turno, retomado em 2017 com o início da produção do Virtus, ele acredita que deva ficar suspenso até o fim de 2023, pelo menos: “O terceiro turno finalizava a produção dos turnos diários, o que vai ser absorvido pelos que ficarem”.
Os empregados da produção da planta Anchieta terão férias coletivas de 22 de dezembro até 4 de janeiro e, os do administrativo, de 20 de dezembro a 7 de janeiro.
Foto: Adonis Guerra/Divulgação
Comentários