Após trabalhar na KGB, o atual presidente russo começou na política como vice-prefeito de sua cidade natal. No entanto, foi em Moscou, já no entorno de Boris Iéltsin, que sua carreira deslanchou, assumindo o cargo de primeiro-ministro em 1999 e depois como candidato ao Kremlin. Embora Iéltsin seja visto como um dos padrinhos de Putin, não é possível dizer que exista uma continuidade dos governos na política externa. Enquanto o mandato de Boris Iéltsin foi marcado por uma reaproximação com o Ocidente, especialmente com os Estados Unidos, Vladimir Putin segue questionando a unipolaridade norte-americana, assim como o avanço da Otan. E foi justamente a posição contrária à entrada da Ucrânia na aliança militar que levou ao início das sanções e, posteriormente, ao que Putin chama de “operação militar especial” no país vizinho, que já dura seis dias.
Valdir da Silva Bezerra explica que esse argumento para a invasão da Ucrânia é muito associado a Hitler por ambos falarem sobre a defesa da população. “Acaba trazendo um certo paralelo em relação ao que Putin e a política externa russa tem alegado: ‘existe uma população russa em outros Estados, mas enxergamos que essas populações estão tendo esses direitos mitigados pelo governo anfitrião e nós iremos proteger os seus direitos'”, explica Bezerra. “O mundo já conhece esse tipo de discurso e os resultados disso”, completou.
Ao ser questionado se o perfil de Putin poderia influenciar os russos, o mestre em relações internacionais menciona que a percepção é que a população não apoia a guerra. “Não projetaria a possibilidade de novos pensamentos como de Putin nos russos em geral. Seria um exagero. Quem tem menos de 35 anos, sobretudo, não tem essa visão tão antagônica da América, não tem essa visão tão antagônica dos Estados Unidos. Existe uma aproximação com a cultura americana e não um distanciamento como se quer fazer pensar”, concluiu. No poder há mais de duas décadas, Putin poderá continuar no poder até 2036.
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