O que são bombas termobáricas?
De acordo com o dicionário Priberam, o significado da palavra termobárico é descrito como:
“Que produz uma onda de explosão poderosa e prolongada através do uso de um combustível que reage com o ar atmosférico”
Dicionário Priberam
A palavra é a junção de dois termos derivados do grego thermobarikos (θερμοβαρικός), de thermos (θερμός) “quente” e baros (βάρος) “pesado”.
O seu uso é amplo, na forma de dispositivos de vários tamanhos, com ogivas portáteis, lançadas por mísseis balísticos ou aeronaves. As que supostamente estão sendo usadas na Ucrânia pela Rússia tem grande possibilidade de ser propelido pelo sistema móvel de curto alcance de mísseis balísticos 9K720 Iskander, recentemente incorporados ao vasto arsenal de mísseis russos e compatível com as ogivas termobáricas.
A Rússia desenvolveu a chamada FOAB (Father of All Bombs) ou “Pai de Todas as Bombas”, nome popular para a ATIP (Aviation Thermobaric Bomb of Increased Power), que pode ser traduzida como “Bomba Termobárica de Aviação de Potência Aumentada“. Era uma tecnologia similar a americana GBU-43/B MOAB (Massive Ordnance Air Blast), que posteriormente ficou informalmente conhecida como Mother of All Bombs ou “Mãe de Todas as Bombas”, um trocadilho com o acrônimo MOAB. A arma americana foi projetada e produzida em meados do início dos anos 2000 e usada contra insurgentes do Estado Islâmico em cavernas no Afeganistão em 2017. Já a versão russa conhecida como “FOAB” por alegadamente ter um poder de destruição quatro vezes superior a americana foi testada em 2007 e usada a primeira vez em combate na Síria em 2017 (coincidência?).
Apesar de sua tonelagem superior, cerca de 9.800kg, o rendimento da explosão da MOAB equivale a cerca de 11 toneladas de TNT contra 44 toneladas de TNT da FOAB que possui estimados 7.000 kg, porém os dados são contestados pelos americanos. Considerada a bomba convencional ou não nuclear mais poderosa do mundo, os especialistas dizem que seu efeito é comparável ao dos armamentos atômicos. Na prática qualquer arma que use calor e pressão pode ser considerada uma arma termobárica.
Como elas funcionam?
O princípio de funcionamento das bombas termobáricas é aparentemente simples. Após sua detonação ela consome o ar atmosférico e geram temperatura na ordem dos 3.000 ⁰C com ondas de choque letais que se propagam a uma velocidade de 3,2 km por segundo e com duração significamente maior. Em armas de construção convencional geralmente tem em sua composição dois agentes, um combustível e um oxidante, pré-misturados na proporção 25/75 por cento, respectivamente. Entretanto as armas termobáricas são quase totalmente compostas de elemento combustível que normalmente se usa pó de alumínio concentrado, com o ar ambiente como agente oxidante. Esse agente é dispersado no local por uma primeira carga formando uma “nuvem” que se mistura na atmosfera que em seguida é inflamada e detonada por uma segunda carga. Isso a torna terrivelmente eficaz mesmo em estruturas fortificadas, devido a capacidade do elemento fluir por volta e por entre o alvo.
Como foi dito a onda de choque subsequente é altamente letal e de grande duração. A “explosão do ar” gerada pela arma, tem efeitos potencialmente devastadores nos seres humanos. No raio de alcance muito próximo a explosão uma pessoa pode literalmente ser desintegrada. Já aquelas que por ventura estão dentro do raio de alcance, porém mais afastadas do epicentro poderão sofrer concussões e lesões como rompimento do tecido pulmonar devido à pressão, queimaduras devido a inalação do ar em altíssima temperatura, rompimento de tímpano e outros órgãos internos. Em ambientes confinados a pressão pode chegar a 29 vezes a pressão atmosférica (atm) normal.
TROCANO, a bomba brasileira
Por iniciativa da FAB (Força Aérea Brasileira), através de seu EMAER (Estado Maior da Aeronáutica) e da DIRMAB (Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico) e levada a cabo pelo IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço – Instituto de Aeronáutica e Espaço), o Brasil iniciou o projeto de uma “bomba de sopro” que foi batizada de Projeto TROCANO. Os estudos tiveram início em 2004 e segundo fontes especializadas. Trata-se de um “sistema de defesa que poderia ser utilizado para interdição de grandes áreas e para abertura de clareiras que possibilitassem o pouso de aeronaves de asas rotativas em área de mata fechada.”
Porém o artefato usa o mesmo princípio de funcionamento das outras bombas termobáricas em atividade. Apelidada de “Mãe de todas as bombas brasileiras” ou “MOAB brasileiro” a TROCANO contém 9.000 kg de tritonal, uma mistura composta a base de 80% de TNT e 20% de pó de alumínio, 18% mais poderoso que o TNT puro. Seu raio de destruição chega a 1km, lançada através de paletes posicionados no compartimento de carga de aviões de transporte como o modelo C-130 Hércules, em queda são acionados paraquedas para desacelerar a trajetória que é determinada pela sua aerodinâmica. Apesar de testada e aprovada como uma arma funcional, relatórios oficiais do Ministério da Defesa o projeto foi dado como encerrado em 2011.
Documento do Ministério da Defesa citando o projeto: Ministério da Defesa-PDF (Pág 13)
fonte: Hoje no Mundo Militar
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