Ex-governador paulista jurou que ficou à vontade na cerimônia embalada pelo hino que exalta os movimentos de esquerda pelo mundo
Aos poucos, Geraldo Alckmin começa a migrar do azul tucano ao vermelho socialista. Depois de exaltar o novo aliado como ‘o maior líder popular do país’ em um evento com sindicalistas, o ex-governador de São Paulo se rendeu ao hino da Internacional Socialista.
Na última quinta-feira, Alckmin compareceu ao Congresso Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), em Brasília. Ao lado de Lula e do presidente da sigla, Carlos Siqueira, ficou de pé para escutar o hino dos movimentos socialistas e comunistas, escrito em 1871. Entre outras coisas, a letra conclama os trabalhadores a tomarem o poder e dividirem a riqueza.
“Bem unidos façamos, nessa luta final, uma terra sem amos, a internacional” e “logo verá que as nossas balas são para nossos generais” são dois dos trechos mais conhecidos.
Ao contrário de outros dirigentes partidários presentes, Alckmin não cantou a Internacional Comunista, mas sorriu durante a execução do hino. Questionado por jornalistas depois do evento, o ex-governador paulista disse que se sentiu à vontade com a situação.
Chapa Alckmin-Lula
Filiado ao PSB desde 23 de março, Geraldo Alckmin deve ter a condição de candidato a vice-presidente na chapa de Lula confirmada em 7 de maio.
Lula e Alckmin foram adversários na eleição presidencial de 2006, então com o ex-governador paulista representando o PSDB. Na época, em lados opostos, os concorrentes trocaram duras críticas, que já vêm sendo recuperadas por rivais do pleito deste ano para expor a surpresa a respeito da parceria.
Em artigo publicado na Edição 106 da Revista Oeste, o jornalista Augusto Nunes analisa a trajetória do ex-tucano e o que está em jogo nessa aliança política.
Leia um trecho:
“No Brasil, eleitores que escolhem o presidente por apreço ao vice são tão raros quanto a ararinha-azul. Se alguém se tornou eleitor de Lula porque Alckmin trocou de time, ganha uma viagem a Cuba (com escala na Venezuela). Mas o chefão do PT não propôs o acordo de olho no eleitorado que Alckmin não tem. O que Lula busca com a aliança é transmitir um recado: quem tem um vice com tal perfil não vai enveredar por descaminhos esquerdistas. “A esperteza, quando é muita, fica grande e come o dono”, advertia Tancredo Neves. A conversão de Alckmin pareceu tão espontânea quanto seria a adesão de José Dirceu à candidatura de Jair Bolsonaro. Por se achar traído por João Doria, o agora socialista brasileiro traiu milhões de eleitores. Para candidatar-se a vice, jogou na lata de lixo a biografia e a vergonha.”
fonte: Revista Oeste
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