O estudante Douglas Rodrigues morava no Jaçanã, bairro de São Paulo eternizado por versos de Adoniran Barbosa. Tinha 17 anos. À noite, cursava o 3º ano do ensino médio. Durante o dia, trabalhava numa lanchonete em Pinheiros, na Zona Oeste da capital paulista. Acordava às 4h30. “Trabalhava, voltava para casa, tirava uma sonequinha e ia estudar”, diz sua mãe, Rossana de Sousa. Na segunda-feira, dia 28 de outubro, o bairro de Douglas estava em pé de guerra. Centenas de pessoas tomavam as ruas do Jaçanã para protestar contra a estúpida ação policial que, no dia anterior, tirara sua vida. Os protestos se tornaram violentos e incluíram ataques a veículos e ao comércio na região. A Rodovia Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte, foi fechada, e o vandalismo se espalhou. Ônibus e caminhões foram incendiados e lojas saqueadas. A primeira conclusão óbvia, diante das cenas de batalha campal num pacato bairro de classe média de São Paulo, é que Douglas não deveria ter morrido. Segundo