O Fiat Mobi foi mal no teste de segurança do Latin NCAP divulgado nesta terça-feira (01) e conquistou só uma estrela na proteção a adultos. A segurança de crianças ficou com duas estrelas. Segundo o órgão, o desempenho do modelo na simulação de teste dianteiro foi razoável, mas a estrutura do carro se mostrou "inapropriada para suportar impacto lateral". O Mobi ofereceu proteção "pobre" para o peito do motorista em acidentes laterais e "débil" e "marginal em outras regiões do corpo. Apenas a cabeça e partes das pernas tiveram proteção considerada "boa" nos testes.
Para classificar a segurança a adultos, o órgão atribui pontos que podem chegar ao máximo de 34, porém o Mobi conquistou apenas 19,20 pontos. Já a segurança de crianças pode chegar a 49 pontos, mas no caso do compacto foram apenas 26,98 pontos. "O impacto lateral é o grande problema do carro porque há alta penetração do pilar B. Como mostram as imagens, a estrutura tem alta penetração e é instável e inapropriada para suportar impacto lateral", diz Alejandro Furas, secretário-geral e diretor técnico do Latin NCAP.
A insegurança durante o teste lateral foi comparada à do Chevrolet Onix, que foi reprovado com zero estrela para adulto no início do ano. "O grande problema foi o impacto lateral com grande penetração e uma deformação importante do pilar B, similar ao que vimos no modelo Onix", afirma Furas. Além disso, a porta traseira do carro se abriu durante o impacto, expondo os passageiros a mais riscos.
Apesar do mau desempenho geral, a estrutura do Mobi se mostrou estável no teste de colisão dianteira. "Os airbags do motorista e do acompanhante dão boa proteção à cabeça e peito. Infelizmente, para as crianças encontramos a ausência padrão dos Isofix. As cadeirinhas têm que ser colocadas com cinto e não tem cinto de três pontos para todas as posições", explica Furas.
O Latin NCAP também divulgou o resultado do teste com os modelos Kia Rio sedã, que é fabricado no México e cotado para o Brasil, e a minivan Chevrolet N300, produzida na China e não comercializada no nosso país. Como o Kia Rio não é comercializado no nosso mercado, a unidade testada era equipada apenas com um airbag, já que a legislação dos países onde é vendido não exige duas bolsas de série. O sedã conquistou duas estrelas para adultos e outras duas para crianças. Já a minivan N300 foi testada na versão sem airbags e foi reprovada: zero estrelas para adulto e uma para criança.
Outros carros avaliados
O último carro vendido no Brasil e avaliado pelo Latin NCAP foi o Renault Captur com quatro airbags, que conquistou quatro estrelas na proteção a adultos e outras três para a segurança de crianças. Já o Chevrolet Onix foi reprovado no teste de colisão lateral e conquistou nota ZERO na segurança de adultos. A estrutura do veículo mais vendido do país foi considerada instável. Por conta disso, a instituição de defesa do consumidor Proteste pediu que o modelo pare de ser vendido no país. A Chevrolet, porém, afirma que o carro atende às regras de homologação do país.
O primeiro carro vendido no Brasil testado esse ano foi o Toyota SW4, que passou por uma auditoria para verificar se o SUV seria capaz de manter a nota máxima de segurança conquistada por sua versão picape, a Hilux. Segundo o órgão, o SW4 também conquistou cinco estrelas na proteção a adultos e para crianças.
Em seguida, foi a vez da Ford Ranger, que chegou em nova geração ao país, conquistar três estrelas na proteção a adultos e quatro a crianças. Em junho, o Latin NCAP testou o Kia Picantoe o Peugeot 208 - os dois decepcionaram. Enquanto o Picanto foi tão mal a ponto de não receber estrelas na proteção a adultos e apenas uma para crianças, o 208 perdeu estrelas em relação ao teste anterior. Isso porque entraram em vigor novos padrões de teste de colisão, mais rígidos. Além disso, o órgão detectou que a Peugeot vende no Brasil o 208 sem barras de proteção nas portas, item que faz parte do carro na Europa. Assim, o hatch agora tem apenas duas estrelas na proteção a adultos e três para crianças.
Por fim, foi a vez de o veterano Fiat Palio ir mal nos testes de colisão do Latin NCAP. O modelo, que frequentemente figura entre os carros mais vendidos do país, conquistou só uma estrela na proteção a adultos e outras três para crianças nesta última avaliação.
Normas de segurança da ONU
O Latin NCAP aproveita os resultados decepcionantes para apontar maneiras de elevar a segurança dos carros vendidos no Brasil. Adotar oficialmente as normas das Nações Unidas para a segurança veicular é uma das medidas que deveriam ser tomadas. Além disso, segundo o órgão, "os fabricantes devem parar imediatamente o lobby contra das normativas propostas pelos governos, acompanhando as recomendações das Nações Unidas".
O decepcionante resultado do Renault Kwid indiano no crash test feito pelo Global NCAP foi lembrado pelo instituto como exemplo de carro fabricado com plataformas novas, mas adaptadas em economias emergentes, "removendo partes estruturais básicas de regurança.
Mesmo com airbag para motorista, o Kwid não recebeu estrelas na proteção a adultos e apenas duas no quesito segurança de crianças. O modelo testado não contava com airbag para o passageiros e freios ABS. Em resposta ao Global NCAP, a Renault afirmou que vai aprimorar o carro para que novos testes sejam feitos. A versão vendida por aqui terá, além dos airbags dianteiros, bolsas laterais desde a versão de entrada, assim como sistema Isofix e reforços na estrutura, com aços de alta resistência.
Metodologia
O Latin NCAP realiza os crash tests de veículos cedidos por montadoras ou adquiridos a partir do patrocínio de instituições que apoiam o programa. A colisão frontal, por exemplo, é realizada a 64 km/h contra uma barreira deformável descentralizada, que atinge 40% da parte dianteira do veículo. Após o impacto, sensores medem os efeitos do choque sobre os manequins de tamanho adulto (que ocupam os bancos dianteiros) e outros dois que simulam a presença de uma criança de três anos e outra de um ano e seis meses nos assentos traseiros.
Em 2014, o Latin NCAP aumentou a exigência de avaliação para os ocupantes crianças. Agora, é utilizada uma nova tecnologia de dummie infantil para representar crianças de três anos e de 18 meses. Além disso, o programa agora também leva em consideração a facilidade de instalação dos equipamentos de retenção infantil. Para o órgão, a adoção dos sistemas de ancoragem isofix é peça-chave para reduzir a probabilidade de uma instalação incorreta e, geralmente, melhora o desempenho dinâmico do veículos.
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