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São Paulo e Califórnia, secas iguais, resultados diferentes

PÉS NO CHÃO Jerry Brown, governador da Califórnia, e Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, com um fazendeiro, sobre o solo rachado. Eles tiveram coragem para encarar a seca (Foto: Abre Wally Skalij /Los Angeles Times/AP)


O ano era 2014. Com menos chuvas durante o verão desde 2011, o Estado enfrentava a pior seca de sua história. Alguns reservatórios de água tinham apenas 10% da capacidade. Era também ano eleitoral, pouco convidativo a más notícias. O governador, eleito em 2010, buscava a reeleição. A ameaça de faltar água poderia ameaçar seu amplo favoritismo nas urnas. Essa história vale para São Paulo, Estado mais rico e populoso do Brasil, com PIB de R$ 1,4 trilhão e 44 milhões de habitantes. Mas estamos falando da Califórnia, Estado mais rico e populoso dos Estados Unidos, com PIB de R$ 6 trilhões e 38 milhões de habitantes. Diferentes no clima, na geografia e nos padrões de consumo, há um ano São Paulo e Califórnia estavam diante de uma crise hídrica em ano eleitoral. O que as autoridades brasileiras fizeram, e as consequências disso, pode ser percebido ao abrir-se a torneira. Enquanto isso, na Califórnia... Como diria o cantor Lulu Santos, “na Califórnia é diferente, irmão”.
Em janeiro de 2014, o governador Jerry Brown decretou estado de emergência e pediu ao público para reduzir o consumo de água em 20%. “Não podemos fazer chover, mas podemos nos preparar para as terríveis consequências da seca, incluindo a redução dramática de água para agricultores e comunidades e aumento dos incêndios nas áreas rural e urbana”, disse. “Declaro estado de emergência e convoco todos os cidadãos a conservar água de todas as formas possíveis.” No início do ano, Brown nem era oficialmente o candidato do partido Democrata. Em vez de minimizar a crise hídrica, reconheceu e tomou providências. Obras públicas com alto consumo de água foram interrompidas. Obras para aumentar a oferta de água foram adiantadas.

O governo federal foi chamado a ajudar a Califórnia. Barack Obama não estava em campanha (foi reeleito em 2012) e era colega de partido do governador que pedia socorro, diferentemente de sua colega brasileira, Dilma Rousseff. Ainda assim, em ano de eleição no Congresso americano, poderia querer passar longe de problemas. Preferiu enfrentar a crise. Em fevereiro, Brown e Obama foram à cidade de Fresno, onde a agricultura sofria pela falta de água. Sobre um solo rachado pela seca, o presidente ofereceu US$ 183 milhões para programas de alívio à seca e pediu ao Congresso a criação de um fundo para tornar o país mais resistente a mudanças do clima. “Se os políticos estão organizados de tal forma que todo mundo briga com todo mundo e quer para si tudo que conseguir, não conseguiremos progredir muito”, disse Obama.
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Em julho, a semanas da eleição, Brown aprovou um pacote de leis impopulares. Proibiu molhar calçadas, usar mangueira sem gatilho para lavar carros ou manter um chafariz com água corrente. O fornecimento foi limitado para grandes consumidores urbanos, como escolas, hotéis e campos de golfe. Os municípios foram autorizados a estabelecer um limite de consumo – e multar, em até R$ 1.500 por dia, quem passasse da conta. No primeiro mês, a prefeitura de Santa Cruz multou 1.635 consumidores. Em vez de recolher o valor das punições – mais de R$ 1 milhão –, Santa Cruz propôs uma pena alternativa: perdoar a multa dos consumidores que assistissem a uma aula de economia de água, com duas horas de lições e uma prova. O jornal San Francisco Gate conta a história de um casal que foi a Santa Cruz passar férias em sua casa de veraneio e acabou numa rehab hídrica, para escapar de uma multa de R$ 5.400, provocada por uma válvula de banheiro quebrada. “Ficamos assustados”, disse o morador.

O Estado de Hollywood entende o poder dos artistas. A Califórnia fez uma permuta com a cantora Lady Gaga. Ela queria gravar o clipe da música “G.U.Y” na piscina do Castelo Hearst, ponto turístico da Califórnia. Em troca, doou dinheiro para consertar vazamentos da piscina e gravou uma propaganda para o site de economia de água do governo. “Tive a honra de gravar um videoclipe na Califórnia. Enquanto eu estava lá, aprendi sobre a necessidade de poupar água, durante a atual seca”, diz Lady Gaga, enquanto na tela aparecem imagens do solo rachado. “Faça sua parte para poupar água em casa.” Brown mandou cartas de agradecimento aos artistas que se uniram à causa. E pagou, com dinheiro de sua candidatura, anúncios de televisão em que ele não agradecia os votos. Apenas pedia economia de água.
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Além de multas e exemplos, a Califórnia orientou seus moradores com informação. O site do governo tem uma página chamada “Seca”, com notícias sobre as iniciativas para combater a falta de água e fotos que ilustram a escassez, como as de uma represa antes e agora. O governo federal apoia o U.S. Drought Monitor, site da Universidade de Nebraska, com um mapa do país colorido numa escala que vai do azul-claro ao vermelho-escuro, conforme a severidade da seca. Placares eletrônicos à beira das estradas, normalmente usados para informar congestionamentos, lembram aos motoristas que o Estado vive uma seca. Vasos sanitários com menor consumo de água recebem um selo de eficiência hídrica, semelhante ao selo Procel dos eletrodomésticos brasileiros. A Califórnia paga US$ 100 a quem comprar produtos com o selo. Jerry Brown foi reeleito com larga margem de votos, a exemplo de seu colega de São Paulo.
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A mobilização californiana sugere que o Estado está à beira de um colapso. Um artigo publicado em julho por Jay Famiglietti, cientista de recursos hídricos do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa no Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), mostra a percepção por lá.  “Imagine um filme de catástrofe no qual 22 milhões de pessoas ficam sabendo que têm apenas 12 a 18 meses de água. A menos que os californianos se organizem, acabaremos escrevendo esse roteiro.” Famiglietti chama de catástrofe um prazo entre 360 e 540 dias. Principal reservatório de São Paulo, o Sistema Cantareira atualmente tem água para cerca de 50 dias. “Vocês têm apenas dois meses de água? Uau!”, disse a ÉPOCA Peter Brostrom, chefe de Uso Eficiente do departamento de recursos hídricos da Califórnia. “Mesmo com multas, incentivos e informações, o público precisa de tempo para se adaptar. Ninguém reforma a casa e muda de hábitos de um dia para o outro.”
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Em São Paulo, o senso de urgência parece ter sido outro. Só em janeiro começou a ser aplicada multa para quem gasta demais. Ainda não há informações sobre um possível rodízio de abastecimento. ÉPOCA conversou com um alto dirigente da Sabesp, a companhia hídrica do Estado de São Paulo. Sob a condição de permanecer no anonimato, ele apontou fatores que poderiam ter trazido um alívio. Um deles seria a cobrança de multas. Houve uma tentativa de que a medida fosse levada adiante no começo do segundo semestre. “Mas surgiu uma resistência do governador Geraldo Alckmin. Ele só autorizou em dezembro as multas para os gastões”, afirma o dirigente. Ainda de acordo com ele, outro problema – que se estende a todo o Estado – foi a falta de campanhas de economia de água conduzidas por superintendentes regionais da empresa. “Foi um erro, porque são eles que conhecem as comunidades e sabem como lidar com elas.” O veto a campanhas desse tipo, segundo o dirigente, partiu de assessores do governador Geraldo Alckmin.

Na Califórnia é diferente, irmão.
 

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