A direção da indústria de autopeças Karmann Ghia, de São Bernardo, fechou ontem acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para pagar, de forma parcelada, entre sete e 17 meses, as verbas rescisórias, incluindo multa, férias atrasadas e depósitos de FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), aos 137 demitidos pela empresa desde o início do ano.
Ao todo, os valores a serem pagos a esses trabalhadores somam R$ 4,7 milhões, e a companhia se compromete a pagar R$ 277 mil por mês, garantindo o equivalente a 80% do salário bruto do pessoal dispensado durante esse período. O prazo da quitação vai variar de acordo com a dívida da fabricante com cada ex-funcionário: os que têm mais tempo de casa, e salários mais altos, portanto, podem demorar mais para ter a o pagamento total da rescisão. A empresa também garantiu a continuidade da cobertura do convênio médico durante o prazo de pagamento das parcelas.Segundo o presidente do sindicato, Rafael Marques, foi o que se conseguiu obter para atender os demitidos e preservar a saúde financeira da empresa, a fim de que sejam mantidos os postos dos funcionários que seguem empregados.
De acordo com a entidade, a Karmann se comprometeu ainda a colocar máquinas como garantia, como confissão de dívida, no caso de não honrar com esse acordo e, se houver atrasos, a pagar multa de até 50% do valor da parcela.
Os funcionários paralisaram a atividade ontem pela manhã, após ato na porta da fábrica, às 6h. Outra assembleia, no início da tarde, após reunião da direção da empresa com o sindicato, aprovou o parcelamento das rescisões e definiu pelo retorno ao trabalho.
Ana Paula Rodrigues, diretora financeira da companhia, assinalou que o acertado ficou a contento de ambas as partes e que, por causa da entrada de pedidos de autopeças, serão revertidas demissões de 20 desses 137 que foram cortados. A definição dos nomes dos readmitidos deve ocorrer até a semana que vem. Ela acrescentou que o adiantamento do pagamento de fevereiro, que seria pago dia 15, será depositado hoje.
Ainda segundo o sindicato, a prioridade da negociação com a Karmann Ghia foi o pagamento dos demitidos e o acerto das verbas atrasadas de todos os empregados. Depois, em um segundo momento, quando o faturamento aumentar, deve-se discutir dívidas referentes a depósitos de FGTS não realizados aos empregados que não foram cortados.
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