A Mercedes-Benz espera que o mercado reaja até agosto do ano que vem, para que não haja a necessidade de cortar pessoal. Isso porque, mesmo com a adoção do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), que reduziu em 20% a jornada e os salários – metade da redução salarial é coberta com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) –, o custo de ter 2.000 pessoas excedentes ainda é maior do que a economia gerada por esse programa, segundo o presidente da companhia no Brasil, Philipp Schiemer. Hoje, na unidade de São Bernardo, existem cerca de 10 mil funcionários.
A Mercedes-Benz mantém plano de investir 500 milhões de euros (equivalentes hoje a R$ 2,18 bilhões) no período de 2014 a 2018 no País, em renovação do portfólio e na modernização das instalações. Preparar-se para quando o mercado voltar a ficar favorável, fazendo o dever de casa, ou seja, tornando os produtos mais atraentes aos clientes e os processos mais eficientes, é o foco da companhia, acrescenta o executivo.Ontem, a montadora anunciou série de lançamentos de caminhões (novos modelos Acelo, Atego, Actros) produzidos em São Bernardo, com a meta de voltar à liderança do mercado, perdida há alguns anos para a MAN. Neste ano, avançou um ponto percentual em participação de mercado em relação a 2014, quando estava com 26% de fatia nas vendas totais do segmento. Para Schiemer, no entanto, a intenção é avançar gradualmente, preservando as margens de lucro e esperando a reação da economia, que levaria à necessidade de fazer novos ajustes no quadro de funcionários.
Apesar da melhora relativa, o executivo assinala ainda que a situação de toda a indústria de caminhões no País é difícil, já que se espera queda de 45% nas vendas em 2015 ante 2014. “Isso é decepcionante”, relata. A companhia, neste ano até setembro, registra retração de 42,9% em vendas em relação ao mesmo período do ano passado.
Schiemer não se arrisca a falar em projeções para 2016. “Hoje, mais do que nunca, a gente precisa de um boa bola de cristal. Tudo depende da estabilidade da economia. Neste ano houve aumento forte do Finame – das taxas de juros da linha de financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) –, muitos choques tiveram de ser absorvidos. Se a gente tiver a estabilidade, o crescimento é quase natural. A gente acredita que a situação vai se normalizar no ano que vem, já que as pessoas já terão absorvido que os juros estão mais caros, mas é preciso previsibilidade”, diz.
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