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A carta ao Brasil dos hipócritas que devastaram a própria floresta


 A área reflorestada no Brasil, segundo dados do IBGE, é de cerca de 10 milhões de hectares. Ou o equivalente a 100 mil km². Eu inicio citando este dado apenas para termos um comparativo, pois estas áreas de vegetação não nativa por aqui, equivalem a praticamente a área total de florestas da Alemanha, país com pouco mais de 350 mil km² e que preserva, atualmente, 30% de sua vegetação (segundo dados da ONU e considerando todo o reflorestamento também realizado por lá nas últimas décadas). O objetivo, é apresentar mais um capítulo da hipocrisia de algumas nações europeias, que nesta terça-feira (15) apresentaram uma carta chamando a atenção para a “necessidade do Brasil proteger suas florestas e o meio ambiente” – e só toquei neste assunto agora, pois fiz questão de pesquisar os dados aqui publicados.

O documento, de caráter oficial, denominado “carta aberta” foi assinado pela própria Alemanha, além de Reino Unido, França, Itália, Dinamarca, Noruega, Holanda e Bélgica e traz a preocupação com as queimadas na Amazônia e no Pantanal. Ressalto que, obviamente, todos nós ficamos preocupados quando há algo que parece fora de controle, principalmente relacionado ao meio ambiente e à preservação da natureza, mas vou tocar neste ponto mais adiante, ainda que “sem passar a mão na cabeça” de ninguém, de forma objetiva e sensata.

Antes, vou concluir a acusação de hipocrisia que faço aos que enviaram a carta ao General Mourão, nosso vice-presidente e líder do chamado Conselho da Amazônia, órgão criado para acompanhar tudo relacionado à região, incluindo, obviamente, a preservação da mesma. Estas oito nações parecem ter apagado da memória que estão em um continente que conseguiu devastar 97% de toda a sua mata original. Vou repetir: a devastação na Europa foi tanta, que sobraram apenas 3% de florestas, pântanos, bosques e áreas verdes para contar a história. Foram séculos de desmatamentos, queimadas, exploração sem controle da terra, disputas territoriais e guerras sem fim (incluindo duas mundiais, com milhões de homens assassinados) que levaram a quase destruição total da fauna e flora nativas.

Se analisarmos ainda a atual situação individual destes países, após décadas de esforços e muitos bilhões investidos na recuperação de áreas de vegetação, a Noruega possui cerca de 38% de florestas preservadas (menos de 10% nativas). Em seguida, temos a França com 30% de seu território preservado com áreas verdes, porcentagem similar à de Itália e Alemanha. A Bélgica tem cerca de 25% de preservação ecológica, e, no final da fila vem o Reino Unido, com 12%, e a Holanda (sede do Greenpeace), com cerca de 11%.

Analisando os números, podemos concluir que após tanta dedicação para recuperar um pouco do que foi “queimado” sem qualquer cerimônia, a Europa possui hoje 1,8 milhão de florestas, ou o equivalente a 1/3 de toda a mata nativa no Brasil, que conta com cerca de 5,4 milhões de Km² (60% do nosso território).

Como eu afirmei acima, a preocupação com a preservação da Amazônia e agora também com o Pantanal, que sofre com o avanço do fogo, é legítima. Precisamos dialogar com o governo e garantir que o avanço do desmatamento cesse definitivamente. E para tanto temos que considerar que apesar de possuirmos um território preservado tão imenso, os demais 40% de terras disponíveis para o desenvolvimento do agronegócio são mais do que suficientes, levando em conta que a tecnologia no setor (a mais avançada do mundo) tem elevado a produção (de grãos, carne, leite e toda a sorte de produtos alimentícios) a níveis estratosféricos, entretanto com a utilização de áreas produtivas cada vez menores.

Temos que levar em conta ainda o fato de que o próprio agronegócio se preocupa com a manutenção de áreas de proteção ambiental, não apenas para cumprir as leis que regem este setor (uma das mais rígidas do mundo), como também para a preservação da imagem do país no exterior (essencial para fechar novos negócios) e até para o crescimento de uma outra lucrativa indústria, a do turismo ecológico.

Ainda sobre as queimadas, todo ano é a mesma história. Vem a época de seca, entre o início de junho e o final de setembro, e o Brasil sofre as consequências. Parte delas, temos que reconhecer é sim ação do homem, mas o governo tem combatido este tipo de crime e demonstrado na prática, com transparência e dados (como nas Operações Verde Brasil, comandadas pelo exército brasileiro, já em sua segunda fase).

Mourão, aliás, respondeu aos que avalizaram a missiva, esclarecendo as ações do governo para combater o desmatamento e convidando os embaixadores destes e de outros países interessados a visitarem nossas florestas, em data a ser marcada no mês de outubro.

O vice-presidente ainda deixou claro que não combatemos apenas grileiros e criminosos comuns, mas também os que estão infiltrados nos próprios órgãos governamentais, que recebem salários pagos com o dinheiro público e deveriam proteger o meio ambiente, mas que agem exclusivamente a serviço dos últimos governos, que abusaram da prática da aparelhagem nas últimas décadas. E não podemos esquecer da influência das ONGs espalhadas por toda a nossa floresta, travestidas de protetoras mas, de fato, a serviço dos interesses estrangeiros. Ou não está claro que os países europeus estão interessadíssimos na “internacionalização” da riqueza de nossa biodiversidade?

Sabemos que o fogo no Brasil é comum em época de seca, e basta uma faísca sobre uma folha seca e a labareda surge naturalmente, levada pelo vento sem a umidade essencial para evitar a proliferação. O fenômeno acontece em escala razoável na Amazônia (onde há a ação do homem, como citado acima), em escala elevada no Cerrado (onde a seca é intensa e longa e, apesar da ação humana, maior parte do fogo é um fenômeno natural, essencial até para a germinação de certos tipos de vegetação típica) e ocorre esporadicamente no Pantanal. Sobre este último bioma, a preocupação é enorme com as últimas notícias, mas temos que levar em conta que a região sofre com uma das maiores secas de sua história e falta até mesmo água para combater o problema, dado o nível baixíssimo dos rios e áreas alagadas.

Destaco, por fim, o alerta feito pelos países europeus no documento: Vou transcrever alguns trechos:

“Na Europa, existe um legítimo desejo de que os alimentos à disposição sejam produzidos de forma justa, ambientalmente segura e sustentável" …

"Fornecedores, comerciantes e investidores estão respondendo, incorporando esse desejo em suas próprias estratégias corporativas." …

"No entanto, já que os esforços europeus buscam formar cadeias de produção livres de desmatamento, a atual tendência de desmatamento no Brasil está está tornando cada vez mais difícil para que empresas e investidores mantenham seus critérios de sustentabilidade."

Em resumo, eles só topam investir e comprar em países livres de desmatamento … Vamos repetir … “eles só querem comprar de países livres de desmatamento”.

Sugiro então que comprem da China, com 11% de sua área nativa preservada, ou dos Estados Unidos, com pouco mais de 20% de preservação das florestas. Por outro lado, podem ser ainda mais politicamente corretos e escolher um entre os 25 países que estão à frente do Brasil no ranking de áreas preservadas, em relação ao território total.

A República do Palau, por exemplo, tem mais de 85% de florestas preservadas. Mas trata-se de uma ilha com 459 km². Mas a atividade principal, depois do turismo é a pesca.

Se os europeus quiserem radicalizar, podem ainda realizar negócios exclusivamente com o líder do ranking mundial de preservação, o Suriname. O país, nosso vizinho de fronteira ao norte, tem uma área total quase 165 mil km² (um pouco maior do que o Ceará), com incríveis 94% de florestas nativas preservadas. Ali, o “negócio” com os europeus fica ainda mais fácil, pois a língua oficial é o neerlandês, de origem germânica (introduzida pelos holandeses, que colonizaram a região e a mantiveram anexada até 1975).

Para tal parceria de negócios agrícolas, a única barreira a ser vencida é a de produzir e colher milhões de toneladas anuais de todo o tipo de grãos, frutas, legumes e verduras provenientes da terra, essenciais para a alimentação dos 750 milhões de europeus. Mas, claro, sem desmatar um centímetro sequer da floresta surinamesa. Quem se habilita?

Mário Abrahão. Jornalista, trabalha com produção de textos, rádio e televisão desde 1996. Pós-graduando em Ciência Política e em Gestão de Comunicação e Mídias Digitais, foi repórter setorista, em Brasília, desde junho de 2011 até o final de 2019. Reside agora em Jundiaí-SP, onde se especializa e prepara novos projetos de comunicação, com foco na política da região.

fonte: Jornal da Cidade

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