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Ameaça do PCC: Às vésperas da Copa do Mundo e das eleições de 2014, líderes presos no interior paulista deu a ordem, se preparem, sequestro de turistas e ações de terrorismo no próximo ano

PRONTIDÃO Policial treina ação contra terrorismo no metrô de São Paulo. O PCC ameaça fazer ataques na Copa  (Foto: Avener Prado/Folhapress)   Em 20 anos de existência, o que era uma simples facção criminosa dominante em dois presídios de São Paulo (Casa de Custódia de Taubaté e Casa de Detenção de São Paulo) agigantou-se. Hoje domina prisões não apenas no Brasil. Tem ramificações no Paraguai e na Bolívia. Seu objetivo é expandir o controle sobre o tráfico de drogas e armamentos para atender à demanda nacional, apoiada por milícias, policiais e agentes públicos corruptos. É o que revela a maior investigação já feita pelo Ministério Público paulista sobre a organização, com base principalmente em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Agora, essa mesma facção, que se autodenomina Primeiro Comando da Capital, ou PCC, ameaça novamente o Estado e a sociedade às vésperas da Copa do Mundo e das eleições de 2014. Segundo os promotores, os líderes presos no interior paulista têm enviado ordens a seus asseclas nas ruas para que comecem a planejar o sequestro de turistas e ações de terrorismo no próximo ano.

O objetivo dos bandidos é acuar o Estado. Para isso, usa medo e pânico generalizados, a exemplo do que ocorreu em 2006, quando São Paulo, a maior cidade do Brasil, ficou praticamente paralisada por três dias. De acordo com o Ministério Público (MP), o PCC está presente em 23 Estados do país. A facção comanda 90% dos presídios de São Paulo e fatura R$ 120 milhões por ano. Sua principal atividade é o tráfico de drogas. As escutas feitas pelo Ministério Público revelam as falhas no modelo de repressão ao crime organizado do governo paulista, a cargo do PSDB desde 1995. Se foi eficiente na redução dos homicídios nesse período, o governo mostrou-se incapaz de debelar a maior organização criminosa em atividade no Estado. Pior: pode ter facilitado sua expansão. ÉPOCA conversou com autoridades envolvidas nas investigações para saber como os presídios do Estado se tornaram propícios para a atuação da cúpula do PCC e por que os serviços de inteligência falham tanto. ÉPOCA também teve acesso a medidas prometidas pelo governo paulista para garantir a segurança na Copa e nas eleições de 2014.
Bandidos organizados  (Foto: ÉPOCA)
Em 2010, incapaz de impedir a entrada de telefones celulares nos presídios e evitar outras formas de comunicação dos detentos com o mundo exterior, as autoridades paulistas decidiram monitorar as conversas entre os líderes e seus “soldados” do lado de fora. Uma central telefônica foi montada pela Polícia Militar em Presidente Prudente, região oeste do Estado, onde ficam presídios importantes. Segundo o governo, os pedidos de interceptação eram feitos pelo Ministério Público e autorizados pela Justiça. Essas escutas (feitas durante três anos) compõem a investigação do MP. Segundo relatos colhidos por ÉPOCA, algumas delas foram feitas por policiais à revelia da Justiça. Há ainda suspeitas de que o combate à entrada de celulares nas prisões tenha sido reduzido, como parte de uma estratégia da Secretaria da Segurança Pública, então comandada por Antônio Ferreira Pinto, para facilitar as escutas. A Secretaria nega.

Os líderes do crime organizado, mesmo sabendo do risco de grampo, comandavam negócios a partir dos presídios. No ano passado, grampos flagraram os bandidos negociando a compra de armamento e drogas. Eles se valiam de códigos, gírias e informações falsas para burlar o trabalho de repressão da polícia. Nas palavras de um promotor, “na prática, a estratégia do grampo transformou a penitenciária num lugar tranquilo e seguro para os chefes do crime trabalharem e não conseguiu desmantelar a quadrilha nas ruas”. As escutas também são apontadas como o estopim da guerra travada no ano passado entre PMs e bandidos, que terminou com 106 policiais mortos, vítimas das ações do grupo. A ordem para os assassinatos partiu de dentro dos presídios, diz a investigação do MP. As apurações trazem ainda fortes indícios da participação de policiais militares e civis em negócios com o PCC. Segundo a Secretaria da Segurança, 18 policiais (seis civis e 12 militares) estão sob investigação das Corregedorias das corporações.

As escutas também registraram ameaças contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí, o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que ‘nóis’ decretou ele (governador), então, hoje em dia, secretário de Segurança Pública, secretário de Administração, comandante dos vermes(PM), estão todos contra ‘nóis’.” A frase aparece numa conversa de 2011, entre o preso Luís Henrique Fernandes, o LH, com dois outros integrantes da facção, Rodrigo Felício e Fabiano Alves de Sousa. O secretário da Segurança paulista, Fernando Grella Vieira, afirma que não foram encontrados outros indícios de algum plano contra o governador(leia a entrevista de Grella).
>> Fernando Grella Vieira: "Não haverá negociação com o crime organizado"

Segundo autoridades ouvidas por ÉPOCA, o descontentamento do PCC com Alckmin tem origem principalmente na criação do Regime Disciplinar Diferenciado, o RDD, que coloca o preso em cela individual 22 horas por dia, praticamente sem contato externo. O RDD passou a vigorar em 2003, na segunda gestão de Alckmin no Estado. É justamente para o RDD, com base na mais recente investigação, que o MP e o governo querem enviar líderes do PCC, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção.
 
LEMBRANÇA DA GUERRA Ônibus atingido por ataque na Vila Madalena e local da morte de um PM, em 2006. O governo quer evitar uma nova onda  de atentados do PCC (Foto: Paulo Liebert/AE, Rogério Cassimiro/Folhapress e Mario Angelo/Folhapress)
A denúncia do MP à Justiça, assinada por 23 promotores, pede que seja decretada a prisão preventiva de 112 acusados, flagrados nas conversas encomendando drogas e armamento pesado e ordenando assassinatos. A Justiça de Presidente Prudente disse que seria necessário analisar melhor as acusações e negou o pedido. A Vara das Execuções Criminais também indeferiu o pedido de liminar para internar a cúpula da facção no RDD da Penitenciária de Segurança Máxima de Presidente Bernardes. O governo do Estado recorreu ao Tribunal de Justiça. Após a divulgação da megaoperação do MP, revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo, o PCC reagiu. Ameaçou realizar atentados durante a Copa do Mundo, caso seus líderes sejam colocados em RDD e as prisões solicitadas pelo MP sejam decretadas. De dentro das celas, os líderes do PCC comandam mais de 11 mil pessoas em todo o país. Segundo promotores, esse poder é facilitado pelo verdadeiro rodízio que acabou se estabelecendo nas penitenciárias de São Paulo. “A PM prende muito, e a Justiça solta muito”, diz um promotor. “Quem sai da prisão tem missões específicas determinadas pelos líderes lá dentro. Como esses criminosos sabem que acabarão presos de novo, eles cumprem as ordens.”

A Secretaria da Segurança Pública diz ter adotado várias medidas para garantir a ordem no próximo ano. Entre elas, uma maior integração das polícias Civil e Militar (reuniões semanais das cúpulas); integração das bases de dados das duas corporações; maior monitoramento com câmeras de vídeo; e a criação de 2.800 cargos na Polícia Civil. O governo promete instalar até o final do ano 1.000 câmeras de vídeo na cidade de São Paulo, num sistema dotado de processos de alerta – semelhante ao usado pela polícia em Nova York, Estados Unidos. A Secretaria pretende desenvolver um sistema de inteligência que permite o cruzamento de informações da PM e da Civil, capaz de relacionar pessoas, locais, objetivos, dias e horários. Além dos avanços tecnológicos, o governo planeja aumentar o número de policiais nas ruas, numa parceria do Estado com a Polícia Federal. O governo paulista ainda prometeu, na semana passada, acelerar a instalação de bloqueadores do sinal de celulares em presídios – promessa feita pela primeira vez há quase uma década. Nos últimos anos, o crime organizado cresceu e se sofisticou. A capacidade do Estado de combatê-lo não pode ficar atrás. 

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