Pular para o conteúdo principal

Qual é a de Lula?



Noite de sexta-feira em Osasco, tradicional reduto do Partido dos Trabalhadores na Grande São Paulo. O mestre de cerimônias de uma festa organizada pelo PT se esforça para animar a militância, cerca de 1.000 pessoas reunidas na quadra poliesportiva de um clube da cidade. O público, no entanto, está apático. Apenas uma minoria uniformizada se entusiasma com as referências ao prefei­to da cidade, Jorge Lapas (PT), e ao pré-can­didato ao governo de São Paulo pelo partido,Alexandre Padilha. Até que o mestre de cerimônias diz: “Vamos receber o maior presidente da história do Brasil... O presidenteLula!”. A militância explode, e Luiz Inácio Lula da Silva entra no palco. O mestre de cerimônias o saúda como “a maior paixão, a mais antiga paixão do PT”. O até então discreto Alexandre Padilha acaba ovacionado, ao ser definido, pelo apresentador, como “a nova paixão do PT, o amigo do Lula”. E Dilma? Nos discursos de Lula e Padilha, Dilma é mencionada apenas de passagem.Lula falou de Dilma com mais ênfase na terça-feira passada, quando deu uma entrevista a blogueiros. Sua fala esteve distante do tom passional que predominou no encontro de Osasco. Ao falar sobre o governo, afirmou: “Poderíamos estar melhor, e a Dilma terá de dizer isso na campanha: como é que a gente vai melhorar a economia brasileira”. Foi o suficiente para desencadear, no país, mais uma onda de “volta, Lula!” – o movimento que pretende levá-lo a disputar as eleições de outubro. Com declarações como a que deu na entrevista, Lula estimula a aclamação a seu nome dentro do PT, em vez de apoiar Dilma? Eis a maior dúvida que paira sobre o cenário eleitoral deste ano.De acordo com petistas graduados, o jogo é mais sutil. Um dos principais dirigentes do PT diz que o que Lula quer é apenas descolar sua imagem dos erros que Dilma vem cometendo na área da economia: “O maior ativo do PT é a imagem de Lula, e o partido fará tudo para preservá-la, nem que para isso seja preciso diferenciá-lo e afastá-lo da Dilma”. E quando esse “ativo” será usado? “Todos no PT querem a volta do Lula”, diz outro integrante da cúpula do partido. “A diferença é que alguns querem em 2018, e outros querem agora.”
Para entender a situação atual dentro do PT, é preciso recuperar o histórico da relação entre Lula e Dilma, um casamento político que vem se desgastando ao longo dos últimos tempos. Horas antes de chegar a Osasco na sexta-feira, Lula e Dilma se reuniram a sós num hotel de São Paulo. Fazia tempo que algo desse tipo não acontecia. Os dois estavam afastados após Lula ter acertado com Dilma uma mudança nos rumos da política econômica ainda em 2013, algo que ela não levou adiante. A maior preocupação de Lula com o governo atual – um dos principais temas da conversa de sexta-feira – é a pressão inflacionária. Os deputados e outros assessores petistas do governo avaliam que alguma medida deverá ser tomada pelo Planalto. E não pode demorar muito. “Se a inflação der outro soluço pra cima, Lula vai voltar a pedir mudança na equipe econômica”, diz um deputado do PT com acesso ao palácio. Nos bastidores, Lula se articula com economistas ligados ao partido para sugerir medidas ou mesmo substituições de ministros.
Lula já fez isso antes. Em junho do ano passado, no auge das manifestações de rua contra os governos, Lula aconselhou Dilma a substituir Guido Mantega pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Em novembro, durante um jantar em São Paulo, ele foi mais enfático e sugeriu também a ida de Miriam Belchior, titular do Planejamento, para a Casa Civil. Para o lugar dela, Lula queria Paulo Bernardo, ministro das Comunicações. Com esse arranjo, a dupla Meirelles-Ber­nardo daria mais credibilidade à área econômica do governo. Nada foi feito. Dilma manteve Mantega e Miriam onde eles estavam. Foi a partir daí que a  relação entre ambos começou a azedar. Em conversas reservadas, Lula passou a usar metáforas futebolísticas para se referir a Dilma. Em todas, ela era comparada a técnicos retranqueiros e a jogadores pernas de pau.
Lula também tem críticas a Dilma fora da esfera econômica. Aos interlocutores do mundo esportivo, ele se queixa da distância que Dilma manteve dos negócios relativos à Copa do Mundo. Aos envolvidos na construção da candidatura Padilha, Lula reclamou das dificuldades impostas por Dilma ao agronegócio paulista – de onde ele tentava tirar, sem sucesso, um vice para Padilha em São Paulo. Os empresários desfiaram um rosário de queixas em relação a Dilma, e o nome dos sonhos do PT para o posto de vice, o usineiro Maurílio Biagi Filho, tornou-se inviável. Mais um problema que, na contabilidade de Lula, foi para a conta de Dilma.
Lula também criticou a atitude de Dilma no caso da Petrobras. Ele conversou com vários interlocutores sobre a nota que o Planalto emitiu, em março, afirmando que Dilma recebeu “informações incompletas” de um parecer “técnica e juridicamente falho” no caso da compra da refinaria Pasadena. Lula interpretou a atitude como uma tentativa de atingir um aliado dele, José Sérgio Gabrielli, ex-pre­sidente da Petrobras. A manobra acabou jogando gasolina na fogueira política de Brasília e ajudou a criar uma CPI. Em conversas com amigos, Lula lembrou quanto a CPI dos Correios custou caro ao PT. Entre outros problemas, desagradou ao aliado Roberto Jefferson – e, para se vingar, ele trouxe à tona o mensalão.
São tantas as queixas em conversas que – é inevitável – o “volta, Lula” acaba partindo de pessoas próximas a ele próprio. A mulher de Lula, Marisa Letícia, é a principal incentivadora da ideia. Ela tem o apoio dos filhos, especialmente de Fábio Luis, e dos amigos dos Lulas da Silva na “República de São Bernardo do Campo”, onde a família mora. Neste ano, essa pressão passou a vir também dos empresários próximos a Lula, com quem ele tem conversado para angariar apoio a Padilha ou para pedir engajamento na campanha pela Copa do Mundo. Os deputados da turma de Lula também se sentem encorajados a sugerir sua volta. Um dos maiores defensores da tese era o deputado André Vargas (PT-PR), alvo de processo aberto no Conselho de Ética da Câmara. É improvável que sua renúncia, na semana passada, enfraqueça o movimento “volta, Lula” na bancada. Com Cândido Vaccarezza (PT-SP) e José Mentor (PT-SP), Vargas participava de reuniões semanais em casas de colegas para criticar a presidente Dilma. Vaccarezza e Mentor estão queimados com Dilma, porque, nos bastidores, não param de falar mal de Guido Mantega.
O “volta, Lula” parecia inócuo até recentemente, quando a avaliação da gestão Dilma nas sondagens feitas por institutos era boa. No final do ano passado, quando jogou fora o arranjo montado por Lula para a reforma ministerial, Dilma gozava de 41% de aprovação. O Planalto dava como certo que esse percentual cresceria ou, na pior hipótese, se cristalizaria. Não foi o que aconteceu. A mais recente pesquisa Datafolha, publicada no dia 6, mostrou que a aprovação do governo Dilma recuou para 36%. A mesma pesquisa revelou a desconfiança dos brasileiros em relação à economia e o temor da volta da inflação.
A partir de agora, essas pesquisas ditarão os rumos da relação entre Lula, Dilma e o PT. Os dirigentes petistas esticarão até junho a corda do “volta, Lula”. Até lá, tentarão construir uma narrativa que – considerando a hipótese de Dilma despencar nas pesquisas, e seus adversários eleitorais saírem do estado de inanição em que se encontram – permita ao partido apresentar Lula como o “novo”. Tarefa difícil – mas que, para os petistas, pode ser a salvação na iminência de uma catástrofe.
Até lá, Lula seguirá repetindo o que disse na última semana: “Não sou candidato. Minha candidata é a Dilma”. E todos seguirão sem acreditar.
Cenas de um casamento (Foto: Ricardo Stuckert/AFP, Dida Sampaio/ Estadão Conteúdo, Ueslei Marcelino/Reuters e Ricardo Stuckert)

Comentários

ᘉOTÍᑕIᗩS ᗰᗩIS ᐯISTᗩS

Agricultura familiar conectada

  #Agrishow2022euaqui - A revolução tecnológica demorou a chegar, mas finalmente começou a transformar a vida do pequeno agricultor familiar brasileiro. Com o surgimento das foodtechs, aliado ao aumento da confiança na compra on-line de alimentos e na maior busca por comidas saudáveis por parte do consumidor, o produtor de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos começa a operar em um novo modelo de negócio: deixa de depender dos intermediários — do mercadinho do bairro aos hipermercados ­— e passa a se conectar diretamente ao consumidor final via e-commerce. Os benefícios são muitos, entre eles uma remuneração mais justa, fruto do acesso direto a um mercado que, segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), movimentou R$ 5,8 bilhões em 2021, 30% a mais do que o ano anterior, e que não para de crescer. DIRETO DA LAVOURA A LivUp é uma das foodtechs que está tornando essa aproximação possível. Fundada em 2016, a startup iniciou a trajetória comercializa

ELAS

  Swanepoel, sempre ela! A modelo Candice Swanepoel sempre é motivo de post por aqui. Primeiro, porque é uma das mulheres mais lindas do mundo. Depois, porque faz os melhores ensaios da Victoria’s Secret. Depois de agradar a todos no desfile da nova coleção, ela mostrou toda sua perícia fotográfica posando de lingerie e biquíni. Tags:  biquini ,  Candice Swanepoel ,  ensaio sensual ,  lingerie ,  victoria's secret Sem comentários » 29/11/2011   às 20h02   |  gatas Lady Gaga é muito gostosa, sim, senhor. A prova: novas fotos nuas em revista americana A estrela pop Lady Gaga é conhecida pela extravagância na hora de se vestir e pelos incontáveis sucessos nas paradas do mundo todo. Agora, a cantora ítalo-americana também será lembrada por suas curvas. A revista Vanity Fair fez um ensaio para lá de ousado em que Mother Monster (como Gaga é carinhosamente chamada pelos fãs) mostra suas curvas em ângulos privilegiados. A primeira foto é

Confira quais são os principais lançamentos do Salão de Pequim 2024

  Com as montadoras chinesas crescendo fortemente no Brasil e no mundo, a edição 2024 do Salão do Automóvel de Pequim irá apresentar novidades que vão impactar não apenas o mercado chinês, como também revelar modelos que devem ganhar os principais mercados globais nos próximos anos Este ano nós do  Motor1.com Brasil  também está lá, mostrando os principais lançamentos que serão realizados na China. Além de novidades que ainda podem chegar ao Brasil, o que vemos aqui também chegará à Europa em breve. Isso sem contar as novidades da  BYD  para o nosso mercado. Audi Q6 e-tron O novo SUV elétrico da Audi se tornará Q6L e-tron. A variante com distância entre eixos longa do já revelado Q6 e-tron fará sua estreia no Salão do Automóvel de Pequim. O novo modelo, projetado especificamente para o mercado doméstico de acordo com os gostos dos motoristas chineses, será produzido na fábrica da Audi FAW NEV em Changchun, juntamente com o Q6 e-tron e o A6 e-tron. Reestilização do BMW i4 BMW i4 restyli

Governo Lula propõe ‘imposto do pecado’ e taxação deve atingir cigarro, bebidas e até veículos

  Um pacotão de novos impostos deve pesar no bolso do contribuinte brasileiro. O governo  Lula  apresentou uma proposta de reforma tributária que inclui a criação do chamado ‘imposto do pecado’. O texto conta com aval dos Estados. Se concretizada, essa taxação passará a ser aplicada sobre produtos como cigarros, bebidas alcoólicas, bebidas todas como açucaradas, veículos enquadradas como poluentes, e também na extração de minério de ferro, petróleo e gás natural. O projeto visa a tributar esses bens e serviços com uma alíquota mais elevada em comparação com outros itens da  economia . A proposta, no entanto, aponta que a definição das alíquotas deve ser estabelecida posteriormente por lei ordinária. Além disso, ainda não está claro se a introdução do imposto do pecado resultará em um aumento da carga tributária em relação ao sistema atual, no qual esses produtos já são taxados com alíquotas mais elevadas. Atualmente, segundo o Sindicato Nacional da Indústria das Cervejas (Sindicerv), c

Sai a lista anual de bilionários da Forbes 2024; veja os 10 mais ricos do mundo

  1. Bernard Arnault (França) CRÉDITO, GETTY IMAGES Patrimônio líquido:  US$ 233 bilhões (R$ 1,18 trilhão) Pelo segundo ano consecutivo, Arnault é a pessoa mais rica do mundo. Sua fortuna cresceu 10% em 2023 graças a mais um ano de faturamento recorde para seu conglomerado de luxo, o LVMH, dono de Louis Vuitton, Christian Dior e Sephora. 2. Elon Musk (EUA) CRÉDITO, GETTY IMAGES Patrimônio líquido:  US$ 195 bilhões (R$ 987 bilhões) Como o ranking muda constantemente, Musk ganhou e perdeu diversas vezes o título de "mais rico do mundo", à medida que mudou a valorização das suas empresas, a SpaceX, a Tesla e a rede social X (antigo Twitter). 3. Jeff Bezos (EUA) CRÉDITO, GETTY IMAGES Patrimônio líquido:  US$ 194 bilhões (R$ 982 bilhões) Bezos ficou mais rico este ano graças ao excelente desempenho da Amazon no mercado de ações. 4. Mark Zuckerberg (EUA) CRÉDITO, GETTY IMAGES Patrimônio líquido:  US$ 177 bilhões (R$ 895 bilhões) O presidente da Meta enfrenta altos e baixos. Depois

BYD: 2ª geração da bateria Blade chega em 2024 com alcance de 1.000 km

A BYD, gigante chinesa de tecnologia e líder global em carros elétricos e híbridos plug-in, anuncia a vinda da segunda geração da bateria Blade, com lançamento previsto para agosto de 2024. A nova tecnologia promete ser um grande passo com avanços em autonomia, desempenho e custo.  A revelação foi feita recentemente pelo próprio CEO da BYD, Wang Chuanfu, que falou sobre a novidade pela primeira vez em uma reunião de comunicação de resultados financeiros sobre a BYD estar atualmente desenvolvendo um sistema de bateria Blade de segunda geração. A BYD, gigante chinesa de tecnologia e líder global em carros elétricos e híbridos plug-in, anuncia a vinda da segunda geração da bateria Blade, com lançamento previsto para agosto de 2024. A nova tecnologia promete ser um grande passo com avanços em autonomia, desempenho e custo.   A revelação foi feita recentemente pelo próprio CEO da BYD, Wang Chuanfu, que falou sobre a novidade pela primeira vez em uma reunião de comunicação de resultados fina

Imagem do ditador Nicolás Maduro aparece 13 vezes em cédula de votação

O ditador Nicolás Maduro aparece 13 vezes na cédula de votação das eleições venezuelanas marcadas para 28 de julho. A imagem do ditador também aparece bem-posicionada na cédula, ocupa todo o topo e quase toda a coluna esquerda do documento. A cédula é emitida pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pelo regime do ditador. No canal estatal de televisão, o ditador comentou as críticas que sofreu após divulgação do documento. “ Temos 13 fotos legalmente, como ocorreu em outras eleições, porque temos 13 movimentos políticos, todos muito poderosos, da esquerda, do marxismo-leninismo, do comunismo, do cristianismo, dos movimentos sociais, do ecologismo, que apoiam unitariamente a candidatura ”. Informações: Diario do Poder/ https://diariodopoder.com.br/exteriores/imagem-do-ditador-nicolas-maduro-aparece-13-vezes-em-cedula-de-votacao

Setores citam prejuízo e repudiam judicialização da desoneração

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu monocraticamente pontos da lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento de municípios e de diversos setores produtivos até 2027. Na avaliação do magistrado, a norma não observou o que dispõe a Constituição quanto ao impacto orçamentário e financeiro. O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu pontos da lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento de municípios e de diversos setores produtivos até 2027. Na avaliação do magistrado, a norma não observou o que dispõe a Constituição quanto ao impacto orçamentário e financeiro.  O governo está forçando a barra sobre um tema que já foi decidido pelo Congresso. O governo não aceita a decisão do Poder Legislativo. O governo não mostrou disponibilidade no ano passado para debater esse tema. Retirou a urgência nesse ano. Uma semana depois de retirar a urgência, entra no STF. O diálogo sempre vai existir, o governo é que não mostra disposição