RIO — Não nesta vida. Depois de mais de uma década separados e trocando farpas, os integrantes originais do Guns N’ Roses batizaram de “Not in this lifetime... tour” sua reunião, de tão improvável. Depois de muita especulação e muitas negativas, Axl Rose (vocais), Slash (guitarra) e Duff McKagan (baixo) retomaram em 2016 o grupo que fundaram em Los Angeles em meados dos anos 1980. Naquele momento, os três pareciam estar bem com suas vidas: Axl tocava sua versão do Guns, com músicos competentes e um bom disco lançado (“Chinese democracy”, de 2008); Slash, depois de muitas tentativas, emplacou sua banda solo, ao lado do vocalista Myles Kennedy (que cantou no Rock in Rio ontem com o Alter Bridge), e vinha gravando e excursionando sem parar; Duff publicou uma boa biografia (“It’s so easy”, lançada no Brasil pela Rocco), tocava em projetos diversos (inclusive o Guns de Axl, eventualmente) e trabalhava como jornalista. O primeiro show aconteceu no dia 1º de abril (claro) de 2016, no lendário Troubadour, em Los Angeles, e desde então já foram mais de 120 datas pelo mundo, inclusive o Brasil, em novembro do ano passado. Os três não tocavam juntos desde julho de 1993, em Buenos Aires.
O trio fundador do G N’R está acompanhado por músicos que integravam a banda “solo” de Axl: Dizzy Reed (teclados, remanescente da velha formação), Frank Ferrer (bateria) e Richard Fortus (guitarra), além de uma novidade, a tecladista Melissa Reese — o músico que ocupava o cargo antes dela, Chris Pitman, teria dado com a língua nos dentes no Twitter sobre a volta da banda e, por isso, recebido o bilhete azul.
“O festival Coachella (na Califórnia) me procurou querendo a banda original, e eu autorizei minha equipe a contactar Slash e começar uma conversa”, disse Axl ao “Fantástico” no ano passado, em uma das únicas entrevistas concedidas pelo Guns nos últimos dois anos.
De volta ao Rock in Rio, do qual foram uma das principais atrações em 1991, no Maracanã, Axl, Slash, Duff e cia. têm feito shows de mais de 30 músicas, concentrados nos discos “Appetite for destruction” (1987) e “Use your illusion” I e II (1991), mas com covers como “Black hole sun”, do Soundgarden, em homenagem a Chris Cornell, cantor da banda de Seattle, que cometeu suicídio em maio deste ano; “Whole lotta Rosie”, do AC/DC (Axl substituiu o cantor Brian Johnson, do grupo australiano, em uma turnê em 2016); e “The seeker”, do The Who. Como a veneranda banda britânica se apresenta antes do Guns, é possível que essa fique de fora.
A escalação do Guns N’ Roses em último lugar nesta noite — a princípio, os horários oficiais estão mantidos, com o Who às 22h35m e o GN’R à 0h25m, mas é grande a chance de estouro do cronômetro — causou revolta entre alguns fãs mais radicais do grupo inglês, que fez seu primeiro show em solo brasileiro em mais de 50 anos de carreira na quinta-feira, em São Paulo. O presidente do Rock in Rio, Roberto Medina, respondeu de maneira prática:
— O The Who, embora tenha cachê de headliner, não vende os cem mil ingressos de uma noite de Rock in Rio — explicou o publicitário. — Então, escalamos o Guns N’ Roses, que é muito popular no Brasil, para o dia 23. É uma noite que não se paga, mas um momento histórico do festival.
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