São Paulo - Desde que o presidente da Ucrânia foi deposto e a Rússia ocupou a Crimeia no começo do ano, muita coisa já aconteceu na região - incluindo novas eleições e a derrubada de um avião.A briga entre rebeldes e forças nacionais continua a todo vapor no leste do país, enquanto Estados Unidos e Europa vivem uma batalha de sanções com a Rússia.
Veja o que o país de Vladimir Putin ainda tem na manga para afetar o Ocidente:
1. Deflação
Na sua última rodada de medidas, a Rússia proibiu por um ano a importação de alimentos de Estados Unidos, Canadá, Austrália e de toda a União Europeia.
No ano passado, os russos foram os segundos maiores compradores de produtos agrícolas europeus, o equivalente a 10% do total exportado ou US$ 15,8 bilhões.
Agora, todo esse volume ficou subitamente disponível para o mercado interno, um excesso de oferta que derruba os preços. Os primeiros prejudicados são, naturalmente, os produtores - e a União Europeia já anunciou medidas de apoio no valor de 125 milhões de euros.
Os consumidores não devem reclamar de encontrar tomates mais baratos no supermercado, mas a notícia é ruim para uma economia que já está em deflação, como mostram os últimos númerosdo mês de julho.
Globalmente, os preços de alimentos já estão no menor nível dos últimos seis meses. O que ajuda países de inflação alta como o Brasil é péssimo para economias estagnadas como a europeia: se os preços não sobem pelo menos um pouco, a dívida não perde valor relativo e os consumidores não tem incentivo para consumir hoje ao invés de no futuro.
O risco é que o continente entre num buraco negro deflacionário difícil de reverter, a exemplo do que ocorreu no Japão, o que gera expectativas de que o Banco Central Europeu vai lançar uma nova rodada de estímulos, já que juros negativos não resolveram o problema.
2. Paládio
O paládio é um metal prateado utilizado, entre outras coisas, em próteses dentárias, jóias e catalisadores de poluição de automóveis. 40% da sua produção vem da Rússia.
Em abril, o temor de interrrupção no abastecimento do país e uma greve de mineiros na África do Sul, o segundo maior produtor, empurrou o preço do produto para a maior alta em 3 anos.
Agora, ele já está no maior valor desde o ano 2000. O medo é que a Rússia limite ou interrompa o fornecimento para o Ocidente, o que tornaria mais cara e difícil a vida das empresas automobilísticas, entre outras.
Putin parece estar focado em indústrias politicamente sensíveis dos seus rivais. De acordo com o jornal Vodemosti, ele está considerando banir também a importação de automóveis americanos e europeus.
Assim como no caso dos alimentos, a medida pode acabar se revelando um tiro no pé. A economia da Rússia já está sofrendo, e deixar carros e alimentos mais caros e menos disponíveis traz ecos da escassez soviética e atrapalha a vida dos consumidores russos - que são, em grande parte, a plateia para quem Putin está jogando.
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