Há 40 anos a General Motors inaugurava em Indaiatuba (SP) o Campo de Provas da Cruz Alta, hoje um complexo com 16 pistas de testes totalizando 42 quilômetros. A área total do terreno, uma fazenda adquirida em 1972, é de 2.785 hectares, equivalentes a 160 mil campos de futebol. A comemoração ocorreu um dia antes de a CEO mundial da companhia anunciar investimento de R$ 6,5 bilhões para o Brasil (veja aqui).
A GM começou a tirar proveito de sua aquisição antes mesmo de estourar o champanhe: “O primeiro carro testado aqui foi o Chevette, lançado em 1973. Ele rodava na pista de durabilidade acelerada, uma longa reta ainda de terra batida”, afirma o diretor de performance, segurança e operação do campo de provas e laboratórios, Luciano Santos.
Hoje, a estrutura desenvolve modelos não apenas para o mercado interno como também para venda e produção em países vizinhos e de outros mercados distantes. “A S10 produzida na Tailândia, a Spin fabricada na Indonésia e o Cobalt feito no Usbequistão foram desenvolvidos aqui”, recorda Santos. “Atualmente, a GM gasta por ano cerca de US$ 10 milhões para manter o campo e atualizar os equipamentos.”
Além das pistas, cinco laboratórios analisam emissões, durabilidade, segurança, ruído, vibrações, itens elétricos e eletrônicos e desenvolvem sistemas de refrigeração, ventilação e aquecimento. Um destaque do campo é a chamada “reta infinita”, na verdade uma grande pista circular com 4,3 quilômetros inaugurada em 1990.
As instalações também fazem testes de impacto frontais, laterais, traseiros e ensaios com capotagem. Uma família de dummies sentada à espera do próximo teste forma uma imagem triste, apesar das roupas coloridas. “Um destes pode chegar a US$ 500 mil. Os menores simulam crianças de um ano e meio, três e seis anos”, afirma o gerente do laboratório, Daniel Rishter. Os testes também incluem a utilização de um robô semelhante ao usado em linhas de montagem, mas em vez fazer pontos de solda ele bate na carroceria em diferentes áreas com esferas ou cabeças, simulando o impacto de pedestres contra a carroceria ou de passageiros dentro do carro.
Durante a visita, a GM realizou o crash test de um Cruze sedã a 56 km/h conta uma barreira, simulando colisão frontal em 40% da dianteira, situação semelhante à que ocorre em ultrapassagens em pistas simples de mão dupla. ERA UMA VEZ UMA FAZENDA
Quando comprada em 1972, a propriedade se chamava Fazenda da Cruz Alta. Ali havia cultivo de café, milho, laranja, algodão, plantio de feijão e criação de gado. Com o dinheiro da venda, o antigo proprietário teria construído um condomínio com o nome Cruz Alta. E a torre na entrada do campo de provas foi feita em forma de cruz.
“A escolha do local ocorreu por condições climáticas, já que Indaiatuba tem temperaturas elevadas e pouca chuva. A relativa proximidade com São Caetano do Sul (cerca de 120 km) também ajudou (...) Antes os testes eram feitos basicamente em trechos do litoral paulista e nas redondezas de São Paulo, São Mateus”, recorda Santos. No campo, para evitar espionagem, especialmente da imprensa especializada, uma equipe faz rondas 24 horas por dia e os carros utilizam camuflagens.
Em 24 de maio de 2005, um tornado passou por Indaiatuba e danificou boa parte das instalações do campo: “Ele destruiu telhados e molhou equipamentos dos laboratórios de segurança veicular, estrutural, ruído e vibração. Estávamos fazendo a certificação da última geração do Vectra. O mais marcante foi o empenho da equipe para fazer tudo voltar a funcionar e terminar a certificação do carro, lançado naquele ano”, diz o gerente do campo de provas.
Carros cobertos ou disfarçados como este Agile fazem parte da paisagem. A S10 com caçamba para trabalho pesado está em desenvolvimento para a Tailândia. Ilustrações mostram estudo do ruído que passa do cofre do motor para a cabine pela coluna de direção. Câmara semianecoica com dinamômetro faz análises até de veículos 4x4.
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