Um novo estudo da Academia Americana de Pediatria recomenda que as aulas comecem mais tarde, para que as crianças durmam mais. Privação de sono traz prejuízos para o corpo e para a mente.
Quando eu era pequeno, estudava pela manhã. Antes das sete horas, já estava na frente do colégio, devidamente penteado, munido de livros e lancheira – e morrendo de sono. Tive dificuldades para acordar cedo a vida toda,e elas apenas se agravaram com o passar dos anos. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), o problema não estava em mim: o sistema escolar é que errava. Ir para a escola antes das 8:30 faz mal. É o que diz um novo comunicado divulgado pela Academia nesta segunda-feira (25). No texto, os especialistas recomendam que as aulas comecem mais tarde que o usual para as crianças entre 10 e 18 anos. A privação de sono nessa fase da vida, segundo eles, traz prejuízos para o desempenho acadêmico dos alunos e faz mal à saúde física e mental. Aulas que começam mais tarde, por outro lado, se ajustam melhor ao relógio biológico dos estudantes.
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As noites mal dormidas preocupam os especialistas: “Nós enfrentamos uma epidemia de privação do sono”, afirma a neurologista Rosana Alves, membro da Associação Brasileira do Sono (ABS). Segundo ela, as pessoas de todas as idades dormem pouco e dormem mal. O problema é mais grave entre os adolescentes. São eles que mais carecem de sono – em torno de 9 horas por noite. Não dormem por diferentes razões. Alguns hábitos sociais contribuem para isso: lição de casa, atividades extracurtriculares, programas de televisão e o bate-papo com os amigos no whatsapp mantêm os adolescentes acordados até mais tarde. Os hábitos dos pais também atrapalham o sono dos filhos: “Os pais chegam mais tarde do trabalho em casa, e querem conviver com os filhos. Isso é saudável, mas faz o adolescente ir para a cama mais tarde”, diz Rosana.
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>>Uma descarga elétrica basta para que você comece a controlar seus sonhos
Há também razões biológicas. A adolescência é marcada por uma mudança nos hábitos noturnos. Um mecanismo biológico, conhecido como Atraso da Fase do Sono, torna a pessoa propensa a ir para a cama em torno de duas horas mais tarde do que tinha por hábito quando mais jovem. Quando a pessoa envelhece, e deixa as espinhas para trás, o relógico biológico torna a mudar. Ir para a cama cedo se torna algo novamente atraente. “Esse atraso costuma durar algo em torno de três anos” diz Rosana. “E você tem uma combinação perigosa se a pessoa tem de acordar cedo no dia seguinte.”
>>A quase impossível ( e hilária) tarefa de pôr duas crianças para dormir
Segundo ela, as escolas não contribuem para evitar esse problema. No mundo inteiro, as crianças passaram a entrar mais cedo na aula nas últimas três décadas. A tendência acompanhou as necessidades profissionais dos pais: “Os pais querem deixar os filhos na aula antes de ir para o trabalho. É mais cômodo e permite que pais e filhos convivam mais”, diz a neurologista. De acordo com a AAP, esse é um erro reversível: “Privação crônica de sono em crianças e adolescentes é um dos problemas de saúde pública mais comuns - e mais fáceis de corrigir – nos EUA hoje”, disse a pediatra Judith Owens, a especialista líder entre aqueles que assinaram o comunicado da AAP. Basta mudar o horário da aula.
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As noites mal dormidas preocupam os especialistas: “Nós enfrentamos uma epidemia de privação do sono”, afirma a neurologista Rosana Alves, membro da Associação Brasileira do Sono (ABS). Segundo ela, as pessoas de todas as idades dormem pouco e dormem mal. O problema é mais grave entre os adolescentes. São eles que mais carecem de sono – em torno de 9 horas por noite. Não dormem por diferentes razões. Alguns hábitos sociais contribuem para isso: lição de casa, atividades extracurtriculares, programas de televisão e o bate-papo com os amigos no whatsapp mantêm os adolescentes acordados até mais tarde. Os hábitos dos pais também atrapalham o sono dos filhos: “Os pais chegam mais tarde do trabalho em casa, e querem conviver com os filhos. Isso é saudável, mas faz o adolescente ir para a cama mais tarde”, diz Rosana.
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Há também razões biológicas. A adolescência é marcada por uma mudança nos hábitos noturnos. Um mecanismo biológico, conhecido como Atraso da Fase do Sono, torna a pessoa propensa a ir para a cama em torno de duas horas mais tarde do que tinha por hábito quando mais jovem. Quando a pessoa envelhece, e deixa as espinhas para trás, o relógico biológico torna a mudar. Ir para a cama cedo se torna algo novamente atraente. “Esse atraso costuma durar algo em torno de três anos” diz Rosana. “E você tem uma combinação perigosa se a pessoa tem de acordar cedo no dia seguinte.”
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Segundo ela, as escolas não contribuem para evitar esse problema. No mundo inteiro, as crianças passaram a entrar mais cedo na aula nas últimas três décadas. A tendência acompanhou as necessidades profissionais dos pais: “Os pais querem deixar os filhos na aula antes de ir para o trabalho. É mais cômodo e permite que pais e filhos convivam mais”, diz a neurologista. De acordo com a AAP, esse é um erro reversível: “Privação crônica de sono em crianças e adolescentes é um dos problemas de saúde pública mais comuns - e mais fáceis de corrigir – nos EUA hoje”, disse a pediatra Judith Owens, a especialista líder entre aqueles que assinaram o comunicado da AAP. Basta mudar o horário da aula.
Ignorar o relógio biológico e obrigar o adolescente a acordar cedo traz efeitos negativos: nos EUA, onde a pessoa pode dirigir a partir dos 16 anos, a privação de sono aumenta a ocorrência de acidentes no trânsito. Ela também faz cair as notas, aumenta os riscos de depressão e de obesidade. Uma pesquisa conduzida pela Fundação Nacional do Sono, uma instituição americana, concluiu que 59% dos estudantes entre a sexta e oitava séries, e 87% dos alunos do ensino médio americanos dormem menos do que o período recomendado, de 8 a 9,5 horas por noite. “O prejuízo maior acontece na atenção, nos mecanismos de memória e de aprendizado. Algumas crianças ficam mais agitadas também”, afirma Rosana.
Mas, se mandar as crianças para escola mais tarde não for opção, não há jeito: “A rotina precisa ser mais regrada, ao menos durante a semana, e os filhos tem de ir para a cama mais cedo”, diz Rosana. Não que essa seja uma tarefa simples. Dormindo bem, as crianças terão mais energia para chiar.
Mas, se mandar as crianças para escola mais tarde não for opção, não há jeito: “A rotina precisa ser mais regrada, ao menos durante a semana, e os filhos tem de ir para a cama mais cedo”, diz Rosana. Não que essa seja uma tarefa simples. Dormindo bem, as crianças terão mais energia para chiar.
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