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Beyoncé, a rainha negra

Beyonce durante apresentação no  Super Bowl 50 Halftime Show no Estádio de Levi (Foto:  Ezra Shaw/Getty Images)

Beyonce durante sua apresentação no Super Bowl 50
(Foto: Ezra Shaw/Getty Images)


Queen Bey, como a cantora é conhecida, cantou no intervalo do Super Bowl sua nova música, em que defende os negros vítima de violência policial. Alguns querem boicotá-la por isso


What happened at the New Wi’llins (Orleans)?” A voz enuncia, em uma frase, do que se tratará dali para frente. A voz, forte e rasgada, não é de Beyoncé. É de Messy Mya, um artista negro, gay e controverso de Nova Orleans, assassinado em 2010. Beyoncé abdicou de abrir seu clipe mais politizado para, já nas primeiras palavras, imprimir sua mensagem. O que aconteceu em Nova Orleans? Todos sabem. Uma tragédia natural, o furacão Katrina, convertida em tragédia social e racial - os negros do sul dos Estados Unidos foram abandonados à própria sorte e à destruição. Mas Beyoncé insiste na pergunta, com a voz alheia, enquanto sua imagem estatuesca de deusa pop está fincada no teto de uma viatura policial que afunda nas águas da tragédia. O clipe de “Formation”, lançado no dia 6 de fevereiro, é um manifesto político e racial da rainha Beyoncé - Queen Bey, como ela é chamada pelos fãs. Quando ela escolheu essa música para a performance do intervalo do Super Bowl (a finalíssima do campeonato de futebol americano), no domingo, seu manifesto se propulsionou para 112 milhões de telespectadores. E dividiu a audiência entre quem a aplaude e quem a quer boicotar. Poder é isso.



Os versos de Formation (assista abaixo) são uma ode à negritude de Beyoncé, a sua ancestralidade sulista. Ela fala do pai do Alabama, da mãe de Lousiana e desenha que, quando se mistura um Negro com um Crioulo, o resultado é uma “Texas Bamma”: Beyoncé nasceu em Houston, no Texas. A cantora debocha da tentativa de se impor a estética branca aos negros e do ridículo de um abaixo-assinado que pedia que ela domasse os cachos afro da filha Blue Ivy (a menina faz uma ponta no clipe): “Eu gosto do cabelo da minha bebê afro / Eu gosto do meu nariz de negra com as narinas dos Jackson Five”. Beyoncé esnoba, citando suas roupas de marca, seus milhões de dólares. A musa diz que carrega molho de pimenta na bolsa, um costume dos negros do sul, e diz que isso é “swag”, estiloso. A batida da música é seca, sombria. Beyoncé renuncia aos agudos que a celebrizaram. O tom é grave. A coreografia é mais ombros do que quadris, mais força do que sexo.
Até aqui, poderia se tratar apenas de uma música de exaltação. Não é. Com os quase cinco minutos de clipe, Beyoncé deixa mais claro aonde quer chegar com Formation. Mixados com os símbolos do orgulho negro estão os símbolos da vergonha do histórico racismo americano. Beyoncé veste os trajes das amas brancas dos tempos de escravidão. Beyoncé se refere aos brancos como “albino alligators” (jacarés albinos). Beyoncé exibe um garotinho negro dançando com graça diante de um pelotão de policiais brancos. Beyoncé estende uma capa de jornal com o rosto de Martin Luther King. Beyoncé estampa uma parede com a pichação “Stop shooting us!”, numa alusão ao movimento “Black lives matter”, que combate a violência policial contra negros nos Estados Unidos. A rapper transexual Big Freedia também empresta sua voz vigorosa só para lembrar dos negros que não são heterossexuais. A própria data de lançamento do clipe - um dia depois do aniversário de Trayvor Martin, o garoto negro que foi assassinado na Flórida em 2012 basicamente por usar um capuz - não foi aleatória. Beyoncé cobriu, com o clipe, todos os pontos sensíveis à discussão racial nos Estados Unidos - discussão que, nem de longe, foi encerrada com a eleição de Barack Obama ou com os protestos de Ferguson.
 
Beyonce durante gravação de clipe clipe da nova música denuncia a forma como a população negra de Nova Orleans sofreu com as consequências do furacão Katrina (Foto: Reprodução)
Não bastava para ela. No domingo, quando o país parou para assistir à 50ª edição do Super Bowl, a final do futebol americano entre Denvers Bronco e Carolina Panthers, o país também assistiu a Beyoncé e suas dançarinas vestidas de boinas pretas, em referência aos Panteras Negras, grupo revolucionário de luta por direitos civis da década de 1960. O show de Beyoncé sucedeu o insosso Coldplay e o ultrapop Bruno Mars. A cantora trajava uma jaqueta em homenagem a Michael Jackson. “You just might be a black Bill Gates in the making” foi o verso eleito para abrir a performance: “Você talvez seja um Bill Gates negro em formação”. Como qualquer polêmica dos tempos atuais, essa extravasou imediatamente para as redes sociais. Aqueles que consideraram oportuna a manifestação política de Beyoncé se confrontaram com os que acharam estapafúrdia a ocasião escolhida pela cantora para tomar uma posição. A hashtag “BoycottBeyoncé”ganhou força, juntamente com a que pedia boicote a Pepsi, patrocinadora do Super Bowl. O ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani foi a TV chamar a performance de “ataque a policiais” e de “ultrajante”. Um protesto contra a apresentação de Queen Bey e a favor dos policiais está agendado para o dia 16 de fevereiro em frente à sede da NFL, a CBF do futebol americano. Um protesto a favor da cantora também, no mesmo horário e local.

Nenhuma mega estrela do pop americano deve ser subestimada.Beyoncé não é ingênua. Calculou bem o impacto do lançamento do clipe e a celeuma que sua apresentação no domingo causariam. A rainha não é ativista, é artista - além de ser casada com o midas da black music, Jay Z. Não é coincidência que, simultaneamente, Beyoncé tenha anunciado sua próxima turnê,The Formation Tour, com ingressos que vão de US$ 45 a US$ 1,2 mil, e tenha colocado à venda em seu site camisetas com trechos da música. O momento escolhido pela cantora para fazer sua mais forte manifestação política não foi randômico. Ela já é uma celebridade mais do que consolidada. Aos 34 anos, Beyoncé começou com o grupo Destiny’s Child e, em 2003, partiu para uma trajetória solo. Ganhou duas dezenas de prêmios Grammy e reconhecimento como uma artista que não é meramente rebolativa. Beyoncé pode se expor. Sabe dos ganhos e das perdas.

Também não é totalmente inédita para Beyoncé essa introjeção em assuntos mais politizados. Foi ela quem cantou “At last” na cerimônia de posse de Barack Obama, em 2013 - seu apoio ao presidente americano já insuflou rumores de que eles teriam um caso. Naquele mesmo ano, Beyoncé e Jay Z compareceram a um protesto pela morte de Trayvor Martin. Um ano mais tarde, na premiação da MTV americana, ela fez uma apresentação com o telão exibindo a palavra “Feminista” de fundo - a internet ensandeceu, como agora. “Quem é ela, que rebola e tem letras de submissão aos homens, para falar em feminismo” versus “O que ela faz é celebrar o poder das mulheres em suas músicas”. Beyoncé decidiu se recolher temporariamente. Há quem diga que, sob anonimato, a cantora e seu marido pagaram a fiança de manifestantes pró-negros presos em protestos recentes. Agora, Beyoncé voltou. Acabou por criar um hino moderno para o movimento negro americano, com a visão de uma mulher que usa seu status de überstar para sintetizar uma alegoria anti-racismo. Criou também um hit desses que têm todos os elementos para tocar sem parar nos fones pelo mundo. Formation e Beyoncé não serão parados por uma hashtag.
Assista 

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