A GM (General Motors) quer cortar R$ 700 do atual piso salarial pago na fábrica de São José dos Campos como parte do plano de reestruturação da montadora. A meta é reduzir custos e evitar o fechamento do complexo industrial, inaugurado em 1959.
Entre as 28 propostas entregues ao Sindicato dos Metalúrgicos para negociação, estão a redução do piso salarial de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil, a terceirização em toda a fábrica e o aumento da jornada de 40 para 44 horas semanais.
Também entraram o fim da estabilidade para lesionados, que impactaria diretamente 1,3 mil trabalhadores de São José, e redução de benefícios como adicional noturno e PLR (Participação nos Lucros e Resultados).
Outras exigências são de implantar o banco de horas (permite pagar hora extra com folgas), encerrar o transporte fretado e adotar medidas aprovadas na Reforma Trabalhista, como a jornada intermitente.
O sindicato já se posicionou contrário à proposta, classificada como uma "carga muito pesada e de sacrifício para os trabalhadores", como avaliou o vice-presidente Renato Almeida. Procurada por OVALE, a GM não comentoi.
Nesta quarta-feira, em Guarulhos, GM e sindicato fizeram a primeira rodada de negociação após a entrega da pauta. Na terça, as partes haviam se reunido em dois momentos em São José, um deles com a participação das prefeituras de São José e São Caetano do Sul.
A GM vincula a aprovação das propostas à possibilidade de chegada de novos investimentos para a fábrica de São José, que corre o risco de ser fechada sem novos projetos. Para Almeida, a negociação será difícil e deve tomar aproximadamente 20 dias.
Sindicato cobra investimento e novo carro para fábrica de São José
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José quer vincular a negociação das propostas da General Motors a investimentos para a fábrica da cidade, que corre o risco de ter a operação encerrada sem um novo carro. Após a reunião da terça-feira, o prefeito de São José, Felicio Ramuth (PSDB), disse que essa possibilidade é real: "Com diálogo e boas negociações conseguiremos reverter esse quadro".
"Queremos saber se há expectativa de gerar emprego. Não sabemos nada sobre o porte do investimento, nem de carro", disse Renato Almeida, vice-presidente do sindicato.
Confira a íntegra das propostas, de acordo com o Sindicato:
* Negociação de Participação nos Resultados com revisão de regras
de aplicação, prevalência de proporcionalidade, transição para
aplicação de equivalência salarial e inclusão de produtividade.
* Participação nos Resultados por três anos, sendo "zero" no
primeiro ano, 50% no segundo ano e 100% no terceiro ano.
* Nova grade salarial para toda a unidade de São José dos Campos,
para horistas e mensalistas, progressão salarial com congelamento para
o ano de 2019 e nova tabela salarial, inclusive para cargos
especializados.
* Formalização do acordo coletivo de longo prazo, 2 anos,
renováveis por mais 2 anos.
* Negociação de valor fixo em substituição ao aumento salarial
para empregados horistas e meritocracia para mensalistas (0% no 1º ano,
60% no 2º e 100% no 3º)
* Implementação do trabalho intermitente, por acordo individual e
coletivo;
* Terceirização de atividades meio e fim;
* Jornada de trabalho de 44 horas semanais para contratações novas;
* Piso salarial de R$ 1.600;
* Redução do adicional noturno para o percentual previsto em lei;
* Supressão de pagamento de hora extra com adicional diferenciado -
limites de 29/275 horas;
* Redução do período de complementação do auxílio
previdenciário para 60 dias, limitado a um evento no ano;
* Introdução de cláusula no acordo coletivo de trabalho, regulando
a possibilidade de suspensão do contrato de trabalho - Layoff
* Revisão, inclusão, exclusão e adequação das cláusulas sociais;
* Exclusão da cláusula de Garantia de Emprego ao Empregado
Acidentado;
* Cláusula regrando a adoção de termo de quitação anual de
obrigações trabalhistas (nova);
* Acordo específico de flexibilidade da jornada de trabalho, por meio
de Banco de Horas;
* Rescisão no curso do afastamento, para empregados com tempo para
aposentadoria (nova);
* Desconsideração de horas extraordinárias (nova);
* Trabalho em regime de tempo parcial (nova);
* Jornada Especial de Trabalho 12x36 (nova);
* Ajuste na cláusula de férias com parcelamento previsto na lei;
* Inaplicabilidade de isonomia salarial acima dos 48 meses para grade
nova (nova);
* Suspensão das contribuições da GMB por 12 meses da Previ;
* Alteração do plano médico;
* Renovação dos acordos de flexibilidade existentes;
* Manter acordo de manutenção - escala - sem pagamento de folgas;
* Fim do subsídio do transporte ou inclusão de linhas regulares.
fonte: O Vale
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