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Especial dia dos Professores: Michelle tinha que interromper aulas por causa de tiroteios na Maré, me fizeram desistir

A pegagoga Michelle Henriques Ramos no Conjunto de Favelas da Maré (Foto: Alexandre Durão/G1)

A pedagoga Michelle Henriques Ramos no Conjunto de Favelas da Maré (Foto: Alexandre Durão/G1)

As calçadas estão tomadas de mercadorias, que vão de peixes a réplicas de roupas de marca. Todos caminham no meio da rua. Um morador brinca: "Não se preocupe com os carros, o problema aqui são as motos". Uma garota de não mais que 10 anos pilota uma delas, vestida com a camisa do colégio. Em um skate, também no meio da rua, um deficiente físico improvisa uma cadeira de rodas e usa uma luva de gari para impulsioná-lo protegendo as mãos. Era neste ambiente, no Conjunto de Favelas da Maré, Zona Norte do Rio, onde a pedagoga Michelle Henriques Ramos, de 32 anos, dava aulas. Por causa dos tiroteios que interrompiam as aulas e das frustrações do dia a dia, deixou a função.Mas não eram só os confrontos entre policiais e traficantes que interferiam no trabalho — provocando a situação delicada de ter que explicar para crianças pequenas o que é o enfrentamento armado, e o porquê dele ocorrer. O sistema de progressão automática de educação do município colocava alunos de diferentes níveis de aprendizado na mesma sala. Na prática, havia "turmas dentro das turmas". Meninos que nem sequer eram alfabetizados tentando elaborar uma frase complexa. Foi quando Michelle, que sempre atuou na rede pública, percebeu que queria trabalhar na outra ponta da educação. Cansada de colocar a vida em risco e de ser vítima da formulação de políticas públicas, decidiu ela própria elaborá-las.
Confira a seguir a trajetória de Michelle, uma das entrevistadas para o especial do G1 sobre o Dia dos Professores.
G1 - Por que decidiu lecionar?
Michelle Henriques Ramos - Sempre quis dar aulas, ser professora. Fiz faculdade e depois concurso para a Prefeitura do Rio. Como já tinha feito um projeto na Maré, por causa do trabalho com o Jaílson de Souza [do Observatório de Favelas, que faz pesquisa sobre ações públicas em favelas e fenômenos urbanos], acabei escolhendo uma escola aqui. Dava aula da educação infantil até o quarto ano, de todas as matérias. No ensino básico, a turma tem uma professora em todas as disciplinas, exceto arte e educação física.

G1 - Tinha de conciliar mais de um emprego?
Michelle Henriques Ramos - Enquanto dava aulas, eu trabalhava no Observatório de Favelas. Eu era técnica em um projeto e agora sou coordenadora de um projeto com crianças e adolescentes. Em um deles, os alunos aprendem a tirar fotos. Mas precisamos pedir autorização para o Exército para fotografar. Não de uma maneira formal, mas precisamos pedir autorização para tirar foto na rua.
G1 - Sabemos que os professores da rede pública têm salário baixo, infraestrutura deficitária etc. O que te motivava?
Michelle Henriques Ramos - A motivação eram os alunos, gostava muito do carinho e do afeto deles. Da relação que construí. Sair não foi um momento fácil.
G1 - Qual foi o momento em que você falou: "Não dá mais"?
Michelle Henriques Ramos - Vinha de um processo de desgaste meu em relação a todas estas questões. Veio o período eleitoral, e eu continuava não vendo mudanças, as propostas continuavam sendo as mesmas. Aí teve o falecimento da minha mãe, uma questão pessoal, e concluí que estava me desgastando demais. A questão salarial realmente não compensa.
Atuava em uma escola que era considerada área de risco. Esta escola tinha bastante problema em questões de violência e tinha toda a questão política, que a prefeitura implantava dentro da escola. A quantidade de alunos por aula era muito grande, por exemplo. Era difícil. Havia turmas com 40 pessoas. Alguns, por causa da progressão automática, não eram nem alfabetizados. Era uma turma mesclada. Um grupo que não era alfabetizado estudando com outro grupo que já era. Havia também o problema da meritocracia: por estar em uma área de constante confronto com a polícia, a escola nunca era beneficiada com a gratificação porque o índice [resultado em provas públicas de avaliação] era baixo. A gente trabalha com vidas antes de trabalhar com educação.
A pedagoga Michelle Henriques Ramos no Conjunto de Favelas da Maré (Foto: Alexandre Durão/G1)
G1 - Como a meritocracia se torna um problema?
Michelle Henriques Ramos - Comparando essa escola com uma da Zona Sul é lógico que a da Zona Sul tem mais condições de trabalho e ganha benefício, bônus. Esta escola não tem toda esta infra-estrutura. Isso desanima bastante, porque não tem muito o que fazer. Isso [a violência] atrapalha a concentração e o desempenho dos alunos. É um jogo em que você fica imobilizado.
G1 - Como é o trabalho hoje no Observatório de Favelas?
Michelle Henriques Ramos - O Observatório de Favelas é uma instituição que trabalha com a formulação de políticas. Hoje, é muito mais positiva do que na outra ponta. Percebi que, para mim, o melhor caminho seria a formulação de políticas. Percebi que seria uma contribuição maior.
G1 - Já foi vítima de agressão, de violência ou de ofensas na sala de aula?
Michelle Henriques Ramos - Não. O que existia eram situações em que a gente ficava com os alunos no corredor, evitando algum tipo de risco nos momentos de confronto [troca de tiros na Maré]. Minha relação com os alunos era muito boa, só havia problemas normais de adolescente e criança, que são facilmente resolvidos. Mas os problemas sérios de violência [fora da escola] tiravam a concentração dos alunos. Já aconteceu de não conseguir sair da escola, ficar presa durante algumas horas. Ou a escola nem abria. Em nenhum momento deixei de dar aula por causa dos alunos ou porque não gostava. Parei tanto pela política que era colocada quanto pela questão da violência.
G1 - Você pensa em um dia voltar?
Michelle Henriques Ramos - Não descarto voltar a dar aula, gosto muito da profissão. Não consigo me ver fora dessa área.

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