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Representantes de corpos avantajados, a cultura das ‘popozudas’

O rapper Drake e a cantora Nicki Minaj no clipe de 'Anaconda'

 Rapper Drake e a cantora Nicki Minaj no clipe de 'Anaconda' - Divulgação/VEJA

Representantes de corpos avantajados como Jennifer Lopez, Nicki Minaj e Kim Kardashian põem em evidência, nos Estados Unidos, uma antiga paixão brasileira. O culto ao derrière já movimenta o mercado da música, das academias de ginástica e é, claro, o da cirurgia plástica

O que as apresentações do último Video Music Awards (VMA), a premiação da MTV americana, os clipes de Anaconda e Booty, de Nicki Minaj e Jennifer Lopez, e o figurino de Miley Cyrus, que vem se apresentando com o que pode ser descrito como um fraldão sexy sobre os quadris, têm em comum? Uma mudança de gosto – e de comportamento – do público americano. O chamado “popozão”, paixão antiga do brasileiro, conquistou espaço no país obcecado pelos seios e pela magreza. Foi tanta poupança, como diria Didi Mocó, no VMA deste ano que a associação de pais que acompanha a programação da TV americana chiou, apesar de a festa da MTV ter sido puro recato em comparação com a do ano passado, aquela em que Miley surtou, pôs a língua para fora e dançou o twerk – palavra aliás derivada da nova mania americana, a de mexer as cadeiras. “Festa machista”, esbravejaram. Reclamações à parte, em uma coisa os pais têm razão: era derrière para todo lado, uma explosão que reflete um movimento não só da indústria fonográfica, dominada em seu segmento jovem pelo hip hop, estilo capaz de fazer mais de 10 bilhões de dólares por ano só nos Estados Unidos. Na terra de Beyoncé, o culto ao "booty" movimenta também as telas de TV e cinema, o mercado das academias de ginástica, e é, claro, o da cirurgia plástica.
A cantora Miley Cyrus
A cantora Miley Cyrus - Reprodução/Instagram
Há ainda mudanças linguísticas, como a incorporação de twerk ao vocabulário oficial. O termo, que representa um rebolado feito pelos negros nos EUA, foi aceito pelo tradicional Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa. Até o selfie, outro termo recente do dicionário britânico, ganhou uma variação, o “belfie”, que contempla o popozão. Belfie nada mais é que o “selfie do traseiro”. Como toda novidade linguística, essas espelham transformações na sociedade americana, que, ao lado da cultura do hip hop, vem incorporando traços de uma crescente comunidade latina.
A cantora Jennifer Lopez
A cantora Jennifer Lopez  - Getty Images/VEJA

“O novo padrão de beleza é uma mistura da beleza das negras e latinas, com corpos mais arredondados e lábios grossos, mas com padrões ocidentais, como cabelos lisos e loiros, e pernas e narizes finos, que são elementos da mulher branca”, diz Denise Bernuzzi de Sant’Anna, professora de História da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) e autora do livro História da Beleza no Brasil, que será lançado em outubro pela editora Contexto. A descrição, como se vê, representa um padrão de beleza novo.
A cantora Beyoncé no VMA 2014
A cantora Beyoncé no VMA 2014 - Getty Images/VEJA
Quem assistiu de camarote ao começo dessa mudança — e aproveitou para lucrar — foi o personal trainer Leandro Carvalho. Há vinte anos nos Estados Unidos, o mineiro tem um programa especial só para aumentar, modelar e fortalecer os glúteos. “A explosão latina, que evidenciou Jennifer Lopez, e depois o hip hop e o R&B, que deram destaque a artistas como Beyoncé, fizeram com que o corpo com curvas se tornasse moda por aqui”, diz Carvalho. Ele se especializou ainda mais na região ao conhecer, há dez anos, a modelo Alessandra Ambrósio. Ela o contratou para esculpir a parte de trás do corpo, com uma ressalva: as pernas deveriam permanecer finas para que continuasse a ser aceita nas passarelas.  Hoje, o personal treina uma longa lista de celebridades, composta por modelos brasileiras como Isabel Goulart e atrizes americanas como Blake Lively (Gossip Girl). Carvalho abriu sua própria academia em Nova York e lançou, em 2008, a série de DVDs Brazil Butt Lift, em que ensina exercícios, boa parte para os glúteos. Em seis anos, a série vendeu mais de 1 milhão de cópias e conquistou outras celebridades para a clientela do mineiro, como a atriz americana Kate Hudson (Quase Famosos).
A cantora Jennifer Lopez
A cantora Jennifer Lopez  - Getty Images/VEJA

Plásticas – As aspirantes a popozuda sem disposição para malhar podem lançar mão da gluteoplastia, cirurgia plástica feita com o implante de próteses de silicone nos músculos das nádegas, ou com enxerto de gordura na região. O procedimento foi adotado por algumas mulheres-fruta brasileiras e por suas congêneres americanas Nicki Minaj, natural de Trinidad e Tobago mas radicada nos EUA, e Kim Kardashian – que negam, apesar da evidente mutação corpórea sofrida ao longo dos anos.

A técnica da prótese, criada em 1980, se aprimorou nos últimos anos pelas mãos de médicos brasileiros e, por isso, ganhou lá fora o apelido carinhoso de Brazilian butt lift. Por aqui, a procura pela gluteoplastia deu um salto impressionante entre 2012 e 2013, quando cresceu 547%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas. Nos Estados Unidos, o crescimento foi de 17% no mesmo período, número menor, mas ainda mais significativo para um país que até pouco tempo não realizava nem valorizava este tipo de operação.

A cantora Iggy Azalea
 cantora Iggy Azalea - Getty Images/VEJA

“Os números aumentaram porque a cirurgia, que antes apresentava muitos riscos, se tornou mais confiável e com resultados mais consistentes. No Brasil, a demanda também está relacionada ao retorno do culto às nádegas, que por um tempo perdeu força no país”, diz José Horácio Aboudib, professor e chefe de cirurgia plástica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Segundo Aboudib, as próteses de glúteos possuem um limite de tamanho, ao contrário das feitas para os seios. O máximo permitido para cada nádega é de 500 ml. Porém, muitas pacientes acabam complementando o tamanho com o enxerto de gordura, que é ilimitado, após a inserção da prótese.

Feminismo ou mulher-objeto? – Se antes dançarinas como Carla Perez e Scheila Carvalho eram classificadas apenas como mulher-objeto, Valesca Popozuda, a funkeira do beijinho no ombro, chega a ser incensada como símbolo do feminismo — há até, para o bem do humor, quem a titule de “grande pensadora contemporânea”. Outra semelhança entre as “divas” do Brasil e dos EUA, o discurso de Valesca é o mesmo de Beyoncé, uma das pessoas mais influentes do mundo, de acordo com a revista Time. Com seu pop marcado pelo hip hop e seu figurino que não deve em nada aos do grupo baiano É o Tchan, Beyoncé manda recado em canções como All the Single Ladies. Pode ser exagero. Pode ser marketing. Mas ela rebola como quem é dona do próprio nariz. E de algo mais, é claro. E, quando quer retocar sua imagem no Photoshop, é a perna, e não o popozão que ela diminui.

“É difícil enxergarmos que uma mulher que rebola de shortinho pode ser um símbolo do feminismo”, diz Mirian Goldenberg, professora de antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e autora do livro O Corpo como Capital (Estação das Letras e Cores). A antropóloga relembra a reflexão do sociólogo francês Pierre Bourdieu, no livro A Dominação Masculina (Bertrand), que diz que, na lógica masculina, os homens devem ser fortes, viris, com tórax e braços grandes, enquanto as mulheres deveriam ser discretas e magras. “Essas mulheres voluptuosas podem estar reagindo a isso de forma inconsciente. Com seus corpos avantajados, elas rejeitam esse conceito de invisibilidade social. Não são transparentes nem frágeis.”

Filosofia à parte, o fato é que os americanos estão se rendendo ao booty – tema e título do clipe em que Jennifer Lopez e Iggy Azalea parecem, as duas, a loira e a morena do Tchan. Carla Perez agora pode, ao lado de Valesca Popozuda, dar o seu beijinho no ombro da América.


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