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Especial dia dos Professores: Salário faz professor do DF desistir da carreira para se tornar auditor fiscal

Mario de Pinho Filho diz que o baixo salário foi desestímulo para prosseguir na carreira (Foto: G1)

Mario de Pinho Filho, de 43 anos, se considera "professor de coração", mas abandonou a profissão decepcionado com a falta de estrutura na rede pública de ensino. Ele começou a carreira em 1991, ensinando para alunos da 1ª à 4ª série em uma escola de Santa Maria, no Distrito Federal. Depois, passou a lecionar matemática para jovens. Após 12 anos de trabalho, deixou as salas de aula.Formado em matemática, com pós-graduação em direito tributário, o atual auditor da Receita Federal não esconde: foi o baixo salário da categoria que o fez mudar de caminho. Ele acumulava o cargo de professor de escola pública e agente penitenciário na Polícia Civil desde que se casou, em 1999, mas, quatro anos depois, teve de optar por somente um emprego. Ele diz ter enfrentado obstáculos nas três escolas públicas do DF em que trabalhou — a de Santa Maria e outras duas no Gama. Pinho Filho critica a “estrutura precária” dos centros de ensino, que, segundo ele, torna o trabalho “desestimulante”.
Mesmo assim, Mario Pinho Filho tem o sonho de voltar a dar aula, ainda como professor de matemática. “Um sentimento reiterado”, segundo o auditor. “É um desejo de realização pessoal. Talvez num futuro não muito distante eu consiga fazer isso.” Ele diz que o único obstáculo para realizar esse anseio é a falta de tempo, devido ao dia a dia na Receita Federal. Confira mais uma entrevista do especial do G1do Dia dos Professores.
G1 - Por que decidiu lecionar?
Mario de Pinho Filho - Eu acho que a profissão é muito digna, importante para a sociedade. Foi desde a adolescência que eu fui conhecendo a importância da profissão e fui me envolvendo. Aí acabei optando por esse tipo de trabalho.
G1 - Teve de conciliar mais de um emprego?
Mario de Pinho Filho - Numa determinada época, sim. Em 1999, fiz concurso para a Polícia Civil do DF e aí, quando entrei na corporação, em setembro daquele ano, conciliei meu trabalho de agente penitenciário com a atividade de professor. Dava um trabalho absurdo. Conciliei até 2003. Posteriormente, abri mão do cargo do cargo de professor.
G1 - Como era a estrutura dos locais onde trabalhou?
Mario de Pinho Filho - 
Todas as escolas por onde passei tinham estruturas bem precárias. Uma delas está até hoje caindo aos pedaços. Deveria ser demolida e construída de novo. Era muito desestimulante trabalhar. Um ambiente agradável beneficia tanto o aluno quanto professor. Apesar disso, nas três escolas, encontrei uma vontade muito grande das pessoas em fazer com que a coisa funcionasse, mas sempre esbarrávamos em dificuldades. Falta de pessoal, falta de material como papel, giz ou carteiras, mas também problemas na estrutura das escolas.
G1 - Era gratificante trabalhar como professor?
Mario de Pinho Filho - 
Era gratificante, mas muito cansativo e estressante. A carga horária era muito alta. Em certo momento, virou corriqueiro levar trabalho para casa. Certamente, as dificuldades [de hoje] são parecidas [com as da minha época]. Alguma coisa evoluiu, mas não o suficiente. Desde o tempo em que saí, a evolução não foi suficiente para tornar a escola agradável, um espaço de transformação.
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Arte professor do DF (Foto: Editoria de arte/G1)
G1 - Sabemos que os professores da rede pública têm salário baixo, infraestrutura deficitária etc. O que exatamente o desmotivou?
Mario de Pinho Filho - Sempre tive impressão de que a profissão era muito importante. Contribuir com a formação da pessoa é algo dignificante, gratificante. Porém, a educação hoje está muito no discurso das pessoas que empregam a estrutura do Estado. Ouve-se muito falar na necessidade de investir na educação para que seja coisa melhor, para que se consiga fazer da educação instrumento de transformação. Mas isso fica muito no discurso. O investimento na estrutura, pelo poder público, é algo, que pelo menos na época em que estive, não era visto. Tenho muitos colegas que optaram por deixar a profissão, que não é valorizada mesmo.
G1 - Qual foi o momento em que disse: "Não dá mais"?
Mario de Pinho Filho - Às vezes a gente tem um sonho, mas chega um momento que temos de abrir mão. Em 1999, eu casei. Aí tive de optar por somente um emprego, por força da própria administração pública do DF, que concluiu que os dois cargos não eram compatíveis. Fiz opção exclusivamente em função do salário. À época, o salário de agente era mais do que o dobro do que eu ganhava como professor. Se não fosse o salário, jamais teria desistido da minha vocação. Jamais teria ido para a Polícia Civil, muito menos virado auditor fiscal. A minha vocação era continuar no magistério.
G1 - Já foi vítima de agressão ou de ofensas na sala de aula?
Mario de Pinho Filho - Nunca fui. Fui vítima de agressão quando fui aluno, estudante da rede pública.
G1 - Pensa um dia em voltar?
Mario de Pinho Filho - É um sentimento reiterado na vida a vontade de um dia ter condições de retornar à sala de aula. Talvez num futuro não muito distante consiga fazer isso. É um desejo de realização pessoal. Até hoje não consegui colocar em prática. Como auditor fiscal da Receita há dez anos, posso até lecionar, mas é que o tempo não tem contribuído. O trabalho é bastante pesado. Gostaria de voltar como professor de matemática.
G1 - Qual é a mensagem que o senhor gostaria de deixar neste Dia dos Professores?
Mario de Pinho Filho - A principal é que aqueles que se dedicam à profissão são verdadeiros heróis brasileiros. Não é fácil, com tudo o que a gente passa, todas as dificuldades que se impõem, permanecer lutando para fazer educação de qualidade no Brasil, enquanto não se dá a devida importância para esse tipo de profissão.

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