Chapada dos Guimarães, MT – A Fiat está expandindo seu portfólio com a Titano, sua primeira picape média, que chega ao mercado nos próximos dias com a missão de colocar algumas dúvidas na cabeça do consumidor. Qual o principal atributo para escolher uma picape: A tradição da marca? Sua capacidade para o trabalho? Ou o preço?
A Titano chega oferecendo uma condição interessante para a terceira questão, o preço. São três versões: Endurente por R$ 220 mil, Volcano por R$ 240 mil e Ranch por R$ 260 mil. Trata-se do portfólio com preço sugerido mais em conta do segmento, o que pode atrair neste primeiro momento os interessados numa relação em que o custo de aquisição é o mais importante.
A Fiat pretende atender desde os consumidores que precisam de uma caçamba grande e pouca sofisticação numa picape voltada essencialmente para o trabalho com a versão Endurance, dotada de transmissão manual e interior bem simples. Até o empresário que não abre mão do câmbio automático e de recursos como uma central de infoentretenimento com tela sensível ao toque, rodas de liga e sensores e câmaras para auxílio no estacionamento, itens presentes nas versões Volcano e Ranch.
Todas as versões têm acionamento para tração 4×4 e 4×4 reduzida e utilizam o mesmo motor 2.2 turbodiesel de 180 cv de potência, com torque de 400 Nm, o mesmo utilizado na van Ducato e importado da França.
As três opções também têm de série alguns itens de segurança ativa como controle de tração, assistente de partida em rampa e assistente de descida. A Fiat informa que a Titano tem a maior caçamba da categoria, com capacidade de 1 mil 314 litros. A capacidade de carga é de 1 mil 20 kg. E sua capacidade de reboque é de 3,5 toneladas, também o maior da categoria, o que daria para puxar uma outra Titano ou até uma lancha daquelas enormes e luxuosas.
Quanto à segunda questão, que é a sua capacidade para o trabalho, as configurações acima respondem parte da dúvida que certamente consumidores terão ao adentrar numa concessionária Fiat para ver a Titano. O maior desafio, no entanto, será responder à questão sobre a tradição da marca neste segmento. Mesmo a Fiat tendo a picape compacta mais vendida do País, a Strada, e uma intermediária que inaugurou este segmento tornando-se o fenômeno de vendas que é a Toro, dentre as picapes médias a marca italiana se posiciona como uma novata.
Segundo Herlander Zola, vice-presidente sênior de operações comerciais da Stellantis no Brasil e de veículos comerciais leves para América do Sul, o objetivo da Titano é complementar o portfólio da marca mais vendida no País e “consolidar a liderança em picapes, conquistando um novo território, a das médias”. A Fiat diz que tem 43% de participação em picapes.
O objetivo inicial das concessionárias com a Titano é de negociar de oitocentos a 1 mil unidades ao mês com o “mix de produtos flutuando em 20% na Endurance, 30% na Volcano e 50% na Ranch, topo de linha”, de acordo com Zola.
O desafio é grande pelo ineditismo da marca neste segmento e, por isto, a expectativa inicial é de que metade das vendas seja da versão mais equipada e luxuosa. Mas, considerando o preço e, também, a vocação para o trabalho característicos dos produtos da Fiat, além da capilaridade no território nacional com 520 concessionárias, Zola acredita que “os objetivos iniciais serão atingidos, porque a equação de preços e do produto atendem muito mais às necessidades de quem utiliza picape como uma ferramenta de trabalho”.
Projeto KP1 global
A Stellantis, que reúne uma série de marcas e parcerias globais, escolheu a plataforma KP1, de origem chinesa e anteriormente atribuída a um projeto de picape média da Peugeot, a Landtrek, para desenvolver a primeira picape desta categoria da marca Fiat. A partir de agora a plataforma KP1 passa a ter todo o seu desenvolvimento liderado pela engenharia brasileira, que demonstrou sua capacidade rodando mais de 2 milhões de quilômetros para conceber a Titano.
Ou seja: todo novo produto da Stellantis que utilize como base a plataforma KP1 terá seu desenvolvimento liderado pela equipe de 4 mil engenheiros do Tech Center brasileiro. Especula-se que na Argentina a Titano possa surgir em breve com o badge da Peugeot. Seria, então, a Landtrek, tão especulada nos últimos anos. Há também uma versão chinesa da marca Changhan, associada à Stellantis, que utiliza a plataforma KP1, mas não está claro se a partir de agora o Brasil liderará os próximos desenvolvimentos desse produto naquele país.
Segundo Paulo Bruno, do Tech Center da Stellantis no Brasil, houve um trabalho minucioso da engenharia nacional para aprimorar o conjunto suspensão e chassis da plataforma KP1: “Tivemos o foco na suspensão dianteira, com novas molas para melhorar o conforto e o desempenho off-road, na suspensão traseira, que utiliza feixe de molas, mais robusto, e no conjunto do chassis para atender as exigências do consumidor brasileiro”.
Nota-se pelo design, com uma grade dianteira inédita, o conjunto ótico misturando elementos como os faróis e as luzes diurnas de led, o cromado na tampa do capô e o emblema Titano na traseira, que tudo isto foi elaborado levando em conta as preferências de tendências do mercado nacional. O interior igualmente possui soluções demandadas pelos clientes destes produtos, como os dezessete porta-objetos e o bom espaço para ocupantes.
A Titano é produzida no Uruguai pela Nordex e possui 50% de conteúdo nacional, o que a credencia a ser exportada para o Brasil e para a Argentina sem recolher qualquer alíquota porque se enquadra ao regime do Mercosul.
Neste momento, contudo, a rede não está abastecida porque os primeiros lotes estão parados na alfândega esperando a liberação do Ibama. O órgão precisa emitir a autorização de liberação de todos os veículos que causam alguma emissão de CO2, mas seus funcionários estão em greve. A expectativa é que assim que houver a liberação as primeiras unidades sejam faturadas. A Fiat acredita que até o fim deste mês esta operação ganhe tração.
Informações: Autodata/https://www.autodata.com.br/noticias/2024/03/14/fiat-entra-nas-picapes-medias-com-a-titano/69285/
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