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FIQUE POR DENTRO: A história da Al-Qaeda Sinônimo de terror, a organização de Osama Bin Laden, se revelou ao mundo em 11 de setembro de 2001. Mas foi na década de 1970 que ela deu seus primeiros passos, combatendo os soviéticos com o apoio do Ocidente


Tudo começou no Afeganistão. Em 1979, quatro dias antes do ano novo, tropas soviéticas invadiram o país vizinho e deram início a um longo conflito que duraria dez anos. No começo, a população resistiu bravamente, mas a luta era desproporcional.

O mundo ainda vivia a Guerra Fria e os países ocidentais, sob a liderança dos Estados Unidos, junto com os Estados árabes, apoiaram os mudjahidins, um exército de afegãos maltrapilhos agrupados em uma aliança de sete partidos. Armas foram enviadas em profusão e conselheiros militares, disponibilizados para colaborar com a resistência. A ajuda atingiu a cifra de 600 milhões de dólares por ano. Todo esse mar de recursos era controlado pelo exército paquistanês.

Pouco a pouco se formou uma corrente humanitária e financeira entre os países muçulmanos. Os militantes da organização Irmãos Muçulmanos - grupo egípcio fundado em 1928, considerado a semente do fundamentalismo islâmico - infiltraram essa rede, enviando voluntários. Assim, desembarcaram verdadeiras avalanches de combatentes que os afegãos chamaram de wahhabis, pela proximidade com a corrente wahhabita da Arábia Saudita - que defende, entre outros princípios, a aplicação charia, a lei islâmica, pelo Estado. Eles vinham dos países do Golfo, do Magreb e da Palestina. Criou-se uma rede internacionalista, o que nem sempre agradava aos líderes da resistência afegã, dentre os quais o comandante Ahmed Chah Massud.

Com o passar do tempo, uma visão de um fundamentalismo vigoroso, sectário e hostil ao progresso se impôs. A região transformou-se em laboratório militar e político. O objetivo final seria impor a charia nos países vizinhos, as repúblicas muçulmanas da Ásia Central, em seguida nos países do Golfo e finalmente no Magreb.A retaguarda desse movimento estava o Paquistão. Em Peshawar, principalmente, os militantes faziam contatos à sombra de organizações caritativas como a Islam Aid ou a International Islamic Relief Organisation. Em 1988, perto do fim da invasão do Afeganistão, os combatentes árabes passaram a dispor de campos de treinamento, sobretudo em zonas tribais paquistanesas, sob a proteção do serviço secreto. E os mudjahidin conseguiram estabelecer o controle aéreo, graças aos mísseis Stinger, cedidos pela CIA em 1986, que praticamente bloqueavam por completo as operações da aviação soviética.

E eis que em um daqueles campos de treinamento apareceu um dignitário cego, de origem egípcia, Abdul Rahman. O que disse ele aos combatentes ali presentes? “Vocês têm o direito de executar outros muçulmanos, em nome da jihad. Foi o que nós fizemos no Egito, em 1981, assassinando Anuar el Sadat [presidente do Egito]”. Acabava de ser eliminado um tabu: a guerra santa podia conceber que irmãos da mesma religião fossem mortos.

Assim se formou a Al Qaeda (“A Base”): dentro da lógica do sacrifício, considerado digno de glória na medida em que servia para salvar o Islã. Nesse contexto, um militante wahhabita se destacou mais do que os outros. Trata-se de Osama Bin Laden, cidadão saudita que havia rompido com o governo de seu país por considerá-lo desrespeitoso ao Islã. Por seu carisma, veemência e bens acumulados – vinha de clã milionário que fez fortuna com a construção civil – ele conseguiu reunir diferentes organizações e passou a contar com a retaguarda armada do Paquistão. Lá, o general Hamid Gul, chefe do serviço secreto, mobilizou estudantes islâmicos, talibãs formados nas madrasa, as escolas de ensino do Corão nas zonas tribais. Uma impressionante rede financeira envolvendo comerciantes paquistaneses, os mulás, financiou o início dessa jihad.

Quando os integrantes do movimento islâmico nacionalista Talibã tomaram o poder em Cabul, em 1996, os wahhabitas viram seu sonho realizado. Todo o Afeganistão se tornaria seu campo de treino, exceção feita ao vale do Panchir, governada pelo comandante Ahmed Chah Massud, e a província do Badakhshan. O emirado islâmico afegão era especialmente maleável, em função da inexistência de uma estrutura estatal, o que convinha aos adeptos de Bin Laden.

A Al Qaeda criou então uma espécie de “cartilha” islâmica para o país e para as outras áreas de guerrilha. De seus feudos – os campos de Jalalabad e de Kandahar, além das zonas tribais –, Bin Laden e seu braço direito, o egípcio Ayman al-Zawahiri, médico de formação, financiaram o movimento talibã. Por ocasião das ofensivas lançadas contra o comandante Massud, as duas forças se uniram. Mas mesmo em simbiose parcial, os dois movimentos mantiveram suas próprias identidades. O dos talibãs pregava a pureza total na política, em especial com a instauração de um código de virtudes, controlado pelo Ministério do Vício e da Virtude. A Al Qaeda se preocupava com a dominação de uma parte ou da totalidade do país, a fim de continuar a jihad em outros cenários de operação, principalmente na Caxemira e na Ásia Central. Por vezes, os dois radicalismos coincidiam. Mas também se opunham. O regime do talebã mantinha uma certa lógica de preservar relações estáveis com a comunidade internacional, embora somente três países tenham reconhecido seu governo - o Paquistão, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. Já a tática de Bin Laden era ir até as últimas conseqüências. O movimento não tinha uma unicidade, pelo contrário: era baseado em cisões internas e em compartimentalizações estanques, à imagem da guerrilha dosmudjahidin durante a guerra contra os soviéticos. A Al Qaeda funcionava como uma rede, utilizando com freqüência células adormecidas. Bin Laden e seus correligionários utilizavam meios de comunicação identificáveis, como o telefone por satélite.

Os atentados contra as embaixadas americanas de Dar es-Salam, na Tanzânia, e de Nairóbi, no Quênia, em 1998, foram o marco de uma mudança: os Estados Unidos, que atribuíam à Al Qaeda essas ações, bombardearam os campos de treino dos combatentes árabes, nas zonas tribais. À sombra do regime talibã e segura do respaldo paquistanês, a organização passou a assumir um perfil mais clandestino. Bin Laden escolheu alguns esconderijos, entre os quais uma casa próxima do aeroporto de Kandahar, nos arredores de Jalalabad. Os militantes continuavam a afluir. Muitos deles – vários milhares – foram para a Argélia, Indonésia, Paquistão, querendo dar sua contribuição. Alguns engrossariam as fileiras da Gamaa Islamiya, no Egito. Os grupos, embora obedientes, eram autônomos e tinham pouca relação direta com o epicentro da organização. Aliando essa estrutura a um excelente nível técnico dos militantes, em especial em relação ao manuseio de explosivos, a Al Qaeda tornou-se uma poderosa competência estratégica.

Dois acontecimentos colaborariam para aumentar seu prestígio. Em ambos, a comunidade internacional demonstrou sua impotência diante desses militantes. O primeiro diz respeito à destruição das imagens dos Budas de Bamyan, em março de 2001. Aquele foi um momento crucial, que ilustrou a predominância dos internacionalistas sobre a parcela moderada do movimento talibã. Depois de hesitar, o regime dos turbantes negros deu seu aval à destruição das estátuas, esculpidas entre os séculos V e VII e consideradas patrimônio da humanidade. Até mesmo a comunidade muçulmana condenou a decisão e o movimento talibã ficou mais isolado. Justamente isso que a Al Qaeda queria: o Afeganistão precisava ser separado do mundo, para poder continuar sendo um gigantesco campo de treinamento.

O segundo acontecimento, evidentemente, foi o 11 de setembro de 2001. Os atentados de Nova Iorque e Washington marcaram a grandeza e a decadência da Al Qaeda. A organização mostrou sua força, sua combatividade e sua engenhosidade. O mundo ocidental descobria, com terror, o quanto é desprotegido. Antes dos atentados, só dois agentes da CIA entendiam patchu, a língua falada nas zonas tribais paquistanesas e afegãs. Foi então declarada a guerra contra o terrorismo global. Mais tarde, Washington ajustou o foco e admitiu, em 2006, visar somente o terrorismo islâmico. Seguiram-se os atentados de 11 de março de 2004 em Madri e de julho de 2005 em Londres, escolhidos para serem “mostrados” pelo próprio inimigo – a mídia do mundo ocidental – e pelos meios de propaganda da organização – DVD, internet, ameaças etc.

Mas, evidentemente suas redes de militantes sofreram infiltrações. Os serviços ocidentais de informação ganharam competência, em especial em termos de lingüística e contatos. Compreenderam, finalmente, que estavam diante de uma guerra de longa duração, irregular, de fraca intensidade, mas capaz de desestabilizar bruscamente vários países por meio de atentados, da infiltração e de células inoperantes.

Hoje assistimos a uma radicalização e, ao mesmo tempo, a uma modernização da organização terrorista. Apesar de alguns líderes terem sido presos, entre eles Khaled Cheikh Mohammed, que está na base americana de Guantánamo, em Cuba, o movimento tem recorrido a técnicas mais modernas, entre elas a internet.

Na verdade, a Al Qaeda se beneficiou de um paradoxo: foi transformada em obsessão fantasmagórica pelo Ocidente, que ao demonizá-la contribui para “defini-la”. A invasão do Iraque, em março de 2003, só veio reforçá-la. Em primeiro lugar, surgiram movimentos autônomos, entre os quais o de Abu Mussab al Zarqaui, com seu exército islâmico no Iraque, que jurou obediência à organização. Um grupo tão radical que Al Zawahiri, braço direito de Bin Laden, preferiu se distanciar, para não se responsabilizado pelo prejuízo de possíveis massacres civis. Em segundo lugar, o enfraquecimento das forças americanas no Iraque permitiu que fosse relançada a guerrilha no Afeganistão – onde os Estados Unidos também mantêm tropas –, em efeito dominó. Por último, a habilidade e o discurso dúbio do regime iraniano contribuem para ampliar o poder da Al Qaeda: o país de governo xiita apóia diferentes movimentos de resistência, inclusive sunitas. No Paquistão, a Al Qaeda conta com a fraqueza do poder, sitiado entre sua aliança com Washington, desde o 11 de setembro, e o jogo dos contra-poderes islamistas, notadamente no interior do serviço secreto paquistanês, do qual duas células continuam independentes, a da Caxemira e a do Afeganistão. Assim, o Paquistão continua a servir de terreno de retaguarda para as operações em território afegão, para desgosto de seu presidente, Pervez Musharraf.

A conclusão é que seis anos depois dos atentados nos Estados Unidos, a comunidade internacional ainda não encontrou os meios de lutar contra os exércitos clandestinos da organização criminosa.

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