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Como filme no cinema, Os Dez Mandamentos é um desastre absoluto



Quando criança, eu costumava assistir a filmes da coleção de Super 8 de um amigo. Eram títulos incríveis, como Guerra nas EstrelasTubarão e Superman – O Filme. Cada filme, porém, era editado para se encaixar em 16 minutos, tempo máximo de projeção no formato. Claro que coerência narrativa, desenvolvimento de personagens e entendimento geral da trama iam para o espaço, sobrando uma coleção de melhores momentos, como um trailer estendido de algo que, em sua concepção original, poderia ser uma experiência completa. Assistir a Os Dez Mandamentos no cinema remeteu imediatamente ao projetor de Super 8. Com suas quase 300 horas criadas para um folhetim televisivo editadas em duas horas de cinema, o épico bíblico é um suspiro do que poderia ter sido com planejamento, respeito e visão.
Como cinema, porém, Os Dez Mandamentos é um desastre absoluto.
É preciso, claro, dar um passo para trás e esquecer toda a engrenagem em torno da qual o projeto foi construído. Sendo primariamente mais um produto bíblico da Rede Record, que por sua vez pertence à Igreja Universal, Os Dez Mandamentosestreou na TV e foi um sucesso. Merecido, diga-se. Apesar de uma certa pobreza visual e da inadequação de elenco e cenários (a trama se passa num Egito Antigo onde todos são caucasianos e usam rímel), a história de Moisés e sua luta para libertar o povo hebreu da escravidão no Egito ganhou, na telinha, maior projeção e valores de produção que, apesar de longe da perfeição, quebraram um cenário dominado pelas novelas produzidas em série e sem muita novidade pela Globo. Fez barulho, deu audiência e, apesar da barriga quando a trama foi espichada para tentar manter seus números no alto, criou um novo núcleo de dramaturgia na Record – mesmo que a fonte das histórias seja, com o tempo, limitada.
Mas cinema é um animal diferente. Um filme precisa de personagens bem definidos, uma âncora que conduza a plateia pela trama. Claro que, em Os Dez Mandamentos, esta figura é Moisés (interpretado com esforço por Guilherme Winter). Mas a versão para cinema em nenhum momento se preocupa em desenvolver sua jornada, sua descoberta que, apesar de viver no luxo do palácio, ele é filho de escravos e tem um destino a cumprir. Em poucos minutos seu passado é revelado a ele, sua família é redescoberta e, de imediato, ele abraça sua missão divina. Os realizadores obviamente contam com a familiaridade do público com a história – recontada centenas de vezes em todas as mídias – para preencher as lacunas. Mas um filme precisa funcionar como entidade hermética, e a falta de cuidado com seu protagonista é apenas a ponta do iceberg dos problemas.
A montagem segue histérica de ponta a ponta, com nenhuma cena tendo chance de respirar antes de mais um corte abrupto. As sequências das pragas do Egito são um bom exemplo. Não vemos a tragédia do povo opressor causada pela força divina: o que sobra em Os Dez Mandamentos é Moisés avisando o faraó Ramsés (Sérgio Marone, alternando voz aveludada e gritos de fúria… e só) de cada praga, retornando segundos depois para falar da seguinte. É como um videogame em que o chefe da fase anuncia seu ataque. Ramsés, por sinal, é outra vítima da edição picotada. Ele passa de melhor-amigo-quase-irmão de Moisés a déspota sangrento e intolerante sem o filme dar nenhum contexto do gatilho para as mudanças.
Personagens aparentemente de peso surgem e desaparecem com uma frase, nacos inteiros da jornada do protagonista viram pó. Para dar algum sentido, Os Dez Mandamentos sofre com uma narração incômoda. A trilha, que poderia ajudar a compor a narrativa, é barulhenta e inadequada. Deus, que felizmente é retratado como a divindade furiosa e vingativa do Velho Testamento, conversa com seu profeta com a voz do Cid Moreira em uma opmpa que causa constrangimento. E Moisés, em vez de conversar com qualquer outro personagem, parece proferir um discurso sempre que move os lábios, como se estivesse em constante pregação.
A história do êxodo bíblico é um dos contos mais belos que existe, uma saga de tragédia e triunfo, de violência e fé. O cinema já retratou a mesma história de forma definitiva em 1956, quando Cecil B. DeMille fez o seu Os Dez Mandamentos, com Charlton Heston, Yul Brynner e cenas de tamanha beleza que parecem uma pintura – por sinal, é sintomático a abertura do Mar Vermelho de um filme que completa seis décadas ser mais crível do que uma produção ainda cheirando a tinta. Príncipe do Egito, animação de 1998, conseguiu traduzir a mesma história em um formato “para toda a família'' coerente do começo ao fim. Até uma escorregada do mestre Ridley Scott, Êxodo: Deuses e Reis, de 2014, emprestou reverência, realismo e, acima de tudo, uma visão clara da saga que estava retratando.
Todos são filmes superiores, por léguas, à versão da Record. O público parece concordar. Apesar de alardear bilhetes esgotados e uma estreia napoleônica, eu assisti ao filme em um dos mais movimentados shoppings de São Paulo na noite da sexta-feira, em pleno fim de semana de estreia. Com folga, já que não havia nem um terço de lotação. Ao fim da projeção, um único entusiasta tentou puxar aplausos, mas logo se recolheu timidamente. É o provável destino de um projeto apressado que joga fora a oportunidade de recontar, com nossa visão de pátria devota (não importa sua crença), uma bela história.

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